– Isolado politicamente no plano internacional, o presidente Jair Bolsonaro finalmente se curvou ao colega argentino Alberto Fernández após um ano de sua posse.
Nesta segunda-feira (30), Bolsonaro teve sua primeira conversa bilateral com o peronista Fernández. O encontro foi por videoconferência e durou mais de uma hora.
Bolsonaro e Fernández bateram boca em vários momentos, antes, durante e depois da vitória do presidente argentino. Ele bateu nas urnas Mauricio Macri, que era apoiado abertamente pelo presidente brasileiro.
“A única diferença que temos é no futebol”, disse Alberto Fernández, minimizando o histórico de confrontos políticos e ideológicos com Jair Bolsonaro.
Segundo o jornal argentino Clarín, Bolsonaro não ofereceu condolências a Fernández pela morte de Diego Maradona na quarta-feira (25) passada.
O presidente argentino afirmou que Brasil e Argentina “são irmãos, mais do que semelhantes” e disse que espera em “pouco tempo” apertar a mão de Bolsonaro.
A reunião de hoje se deu, dia 30 de novembro, motivada pela comemoração dos 35 anos do acordo assinado entre Raúl Alfonsín e José Sarney, que lançou as bases do Mercosul.
A ideia original do embaixador argentino em Brasília, Daniel Scioli, era reuni-los em Foz de Iguaçu, onde os ex-presidentes assinaram justamente a chamada Declaração do Iguaçu. Nesta segunda-feira houve uma espécie de cerimônia virtual em memória desse acordo, para a qual Sarney, 90, foi convidado hoje.
Bolsonaro disse que “o que é bom para o Brasil é bom para a Argentina” e que os brasileiros estão abertos para juntos serem “mais fortes”.
A Argentina assume a presidência do Mercosul no dia 16 de dezembro e sua ideia é conseguir a incorporação da Bolívia como membro titular do bloco.
Bolsonaro e Fernández nunca se falaram, nem mesmo ao telefone, e têm pontos de vista conflitantes em quase todas as frentes. Eles só se viram coletivamente em uma cúpula virtual do Mercosul no meio do ano. Mas o envio do ex-vice-presidente Scioli como embaixador em Brasília começou a suavizar as coisas.
A Argentina disputa com a China a condição de principal parceira comercial do Brasil.