Petro enfrenta intento de golpe na Colômbia – Por José Reinaldo Carvalho

O presidente da Colômbia, Gustavo Petro, logo depois de completar dois anos à frente do governo, está enfrentando, desde o mês de setembro, uma batalha contra manobras do Conselho Nacional Eleitoral, que ele define como uma tentativa de golpe de Estado. Do site Resistência Há várias semanas, o presidente de centro-esquerda denuncia que a investigação realizada pelo órgão eleitoral para apurar supostas irregularidades na arrecadação de fundos de campanha é uma ação política que visa a afastá-lo do poder antes de 7 de agosto de 2026, quando seu mandato termina. Petro tem apelado à solidariedade internacional e à mobilização popular para defender seu mandato. De acordo com Petro e seu entorno, a investigação realizada pelo Conselho Nacional Eleitoral faz parte de uma estratégia de guerra jurídica politizada, a mesma usada pela oposição de direita para enfraquecer governos populares na região, uma prática semelhante ao que ocorreu com líderes como Lula, Dilma Rousseff, Cristina Fernández de Kirchner, Evo Morales e líderes da Revolução Cidadã do Equador, Rafael Correa e Jorge Glas. Desde que assumiu em 2022, Petro já denunciou em pelo menos quatro ocasiões diversas vezes tentativas de golpe ou desestabilização de seu governo. Petro é o primeiro presidente de esquerda do país em mais de um século, razão pela qual seu governo tem enfrentado resistência significativa das classes dominantes e dos setores políticos reacionários. A opinião pública encontra-se dividida quanto à natureza da crise. Segundo sondagens, 44,8% dos colombianos acreditam que há setores tentando derrubar Petro, enquanto 39,5% acham que ele está exagerando ao caracterizar a existência de uma tentativa de golpe. Este cenário decorre de uma avaliação momentaneamente negativa de seu governo, apontada em outras pesquisas de opinião pública, segundo as quais 58,3% desaprovam sua gestão, num cenário de baixo crescimento econômico, denúncias de corrupção e poucos resultados das políticas sociais. A investigação do Conselho Nacional Eleitoral por fatos supostamente ocorridos antes da sua investidura presidencial não pode por si mesma resultar na interrupção do seu mandato. O CNE é um órgão administrativo e pode investigar campanhas eleitorais. No entanto, o resultado dessas investigações não pode recair sobre um presidente em exercício, mas apenas sobre o partido político do mandatário e organizadores da campanha. De acordo com o regramento jurídico do país, quem tem o poder de destituir um presidente na Colômbia são a Câmara dos Deputados e o Senado. Mas tudo indica que a ação do Conselho Eleitoral foi preparada por encomenda para criar um ambiente político e ser, uma vez concluídos os resultados, transformada num processo no âmbito do Parlamento, este sim com poderes para em algum grau condenar o presidente. Petro tem obtido a solidariedade de líderes regionais, como Nicolás Maduro (Venezuela), Luiz Inácio Lula da Silva (Brasil) e Luis Arce (Bolívia). Esse apoio de governantes de centro-esquerda sul-americanos lhe dá fôlego para continuar a batalha e completar seu mandato com êxito. E continua buscando reforçar sua identidade progressista apostando no êxito da pacificação do país com as guerrilhas remanescentes, defendendo reformas sociais e, em alguns aspectos reforçando uma política externa combativa, principalmente na questão palestina, ao condenar o genocídio e romper relações com Israel. A ofensiva desestabilizadora conduzida por setores da direita prossegue e ainda está em aberto qual será seu resultado. Mas Petro mostra resiliência e não se cala diante do que considera denúncias inconsistentes, como são também outras campanhas que buscam manchar sua imagem como governante corrupto, que ele contra-ataca afirmando que são parte do lawfare e “golpe suave”, estratégica típica das forças de direita na América Latina. Petro continua acreditando que é capaz de mobilizar o povo e fazer dessa mobilização o fator decisivo em sua defesa. Para isso conta com uma rede difusa de movimentos sociais que não querem o retrocesso antidemocrático e antissocial no país. De acordo com os movimentos populares, essas políticas incomodam as elites dominantes e os partidos conservadores. Petro propõe três reformas para reestruturar o Estado colombiano: no sistema de pensões, na saúde e uma reforma tributária. Aumentar o imposto sobre grandes fortunas e universalizar a saúde e as aposentadorias passaram a ser as principais mudanças que o governo tenta impulsionar no país. * José Reinaldo Carvalho é jornalista, editor do Resistência, membro do Comitê Central e da Comissão Política Nacional do PCdoB, onde coordena a área de Solidariedade e Paz. É presidente do Cebrapaz (Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz).

Vini Jr. lidera corrida pela Bola de Ouro, segundo jornais espanhóis

Atacante do Real Madrid se destaca como principal candidato ao prêmio – O atacante Vinícius Júnior, do Real Madrid, está próximo de um dos maiores marcos de sua carreira, segundo os principais veículos de comunicação esportiva da Espanha. A imprensa espanhola já crava o brasileiro como o vencedor da Bola de Ouro, prestigiada premiação que reconhece o melhor jogador da temporada. O tradicional jornal “Marca” foi o primeiro a divulgar a previsão da vitória de Vini Jr., seguido pelo “Diário AS”, que reforçou as especulações, destacando que o atacante vive um dos momentos mais brilhantes de sua trajetória no futebol europeu, destaca o Metrópoles. A cerimônia de entrega do prêmio, organizada pela revista “France Football”, ocorrerá no dia 28 de outubro, e o favoritismo de Vini Jr. coloca o jogador perto de encerrar um jejum de 17 anos sem brasileiros ganhando a honraria. O último vencedor do Brasil foi Kaká, em 2007, quando jogava pelo Milan. Desde então, o país chegou próximo apenas com Neymar, que conquistou o terceiro lugar em três edições consecutivas (2015, 2016 e 2017), mas acabou sendo superado pela supremacia de Lionel Messi e Cristiano Ronaldo na época. Nesta temporada, Vini Jr. foi decisivo para o sucesso do Real Madrid, acumulando 24 gols e nove assistências em 39 partidas, além de ser nomeado o melhor jogador da Liga dos Campeões. Outros grandes nomes como Haaland e Rodri, do Manchester City, e Jude Bellingham, seu companheiro no Real Madrid, também estão na disputa, mas a imprensa internacional aponta o brasileiro como o principal candidato ao título. Se confirmada a previsão, Vini Jr. se tornará uma nova referência no futebol mundial e trará de volta ao Brasil o troféu tão cobiçado

Ranking britânico lista UFMG entre as 10 melhores universidades da América Latina

Universidade ocupa a 294ª posição mundial em ensino segundo a Times Higher Education Sexta entre as brasileiras e nona na América Latina, a UFMG aparece no grupo 801-1000 das melhores universidades do mundo, segundo a edição 2025 do ranking da Times Higher Education (THE), divulgada na semana passada. O levantamento avaliou 2.092 instituições localizadas em 115 países e territórios. Segundo o professor Dawisson Belém Lopes, diretor do Escritório de Governança de Dados Institucionais da UFMG, trata-se de um ranking dos mais tradicionais – é divulgado desde 2004 – e que adota uma regra de corte bastante restritiva. “Para figurar nessa lista, a instituição precisar contar, no mínimo, com 1 mil artigos publicados na base Scopus nos últimos cinco anos. Estar nele já é uma vitória”, avalia o diretor. A UFMG também aparece na posição 294 entre as universidades que oferecem o melhor ensino do mundo. De acordo com Dawisson, essa posição está relacionada a outra dimensão muito valorizada pela agência britânica: a reputação institucional. “Esse indicador é aferido por meio de votos coletados entre pesquisadores e lideranças universitárias, dentro e fora do país, com peso maior entre os votantes do exterior. Nas últimas três edições do levantamento, o número de menções à UFMG subiu mais de 20 vezes, o que reflete o crescimento da exposição da nossa marca tanto dentro quanto fora do Brasil”, informa o professor. Em algumas áreas, a UFMG teve um desempenho na edição de 2025 que supera a colocação geral. São os casos de Direito (201-250), Educação (251-300), Artes e Humanidades (301-400) e Ciências da Vida (501-600). “Além disso, nas áreas de Ciências do Esporte, Arquitetura e Veterinária, a Universidade está posicionada entre as 25% melhores instituições do mundo”, complementa Dawisson Lopes. Queda na produtividade científica A queda dos níveis de financiamento das universidades brasileiras (fator Recursos para pesquisa) foi captada pelo ranking da THE e resultou na redução generalizada da produtividade científica no Brasil, fenômeno que também já havia sido identificado pelo QS Ranking, divulgado no início deste mês. Essa situação, segundo Dawisson, levou, inclusive, a agência britânica a produzir um documento retratando a situação global. Além do Brasil, universidades dos Estados Unidos, da Rússia, da Itália e da Espanha registraram queda de produtividade em pesquisa. Por outro lado, Índia, China, Turquia e Japão tiveram crescimento. Na visão da reitora Sandra Goulart Almeida, o financiamento das universidades brasileiras impacta todas as áreas das instituições, em especial a pesquisa de ponta que necessita de infraestrutura adequada e modernizada. “Há mais de uma década nossos orçamentos vêm sendo sistematicamente deteriorados. E hoje somos maiores, mais inclusivos e melhores com um orçamento que não acompanha a qualidade e o impacto da nossa Instituição. Necessitamos de financiamento sustentável e crescente, se quisermos que nossas universidades tenham desempenho compatível com as melhores instituições do mundo e ofereça uma educação de qualidade e de referência para a sociedade”, alerta a dirigente. Ranking de impacto e cúpula de universidades Outra classificação organizada pela Times Higher Education, na qual a UFMG se destacou já na sua estreia, é o Impact Rankings (edição 2024), que avalia o desempenho de instituições de ensino superior de todo o mundo em ações relativas aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas. No levantamento, divulgado em junho deste ano, a UFMG figura entre as 25% melhores instituições do mundo e como a melhor universidade brasileira nos ODS 3 (Boa Saúde e Bem-estar) e 10 (Redução de Desigualdades). Além de rankings, a THE também organiza conferências com altos dirigentes da educação superior mundial. Uma delas, programada de 8 a 10 de julho de 2025, terá a UFMG como sede. Trata-se da THE Latin America Universities Summit, reunião de cúpula de universidades latino-americanas. Primeiro a ser realizado no Brasil em formato presencial, o evento tem como tema Universidades como repositórios de conhecimento confiável.

Aluno de 14 anos mata três colegas em sala de aula no interior da Bahia

Episódio aconteceu no Colégio Municipal Dom Pedro I, na cidade de Heliópolis; Atirador também morreu Um estudante matou três colegas nesta sexta-feira (18) em uma escola na zona rural de Heliópolis (BA), a 332 quilômetros de Salvador. O adolescente de 14 anos disparou contra duas meninas e um menino, dentro da sala de aula, e, logo em seguida, tirou a própria vida. O revólver foi apreendido logo após o início dos trabalhos de perícia e remoção das vítimas por parte das polícias Militar, Civil e Técnica, no Colégio Municipal Dom Pedro I O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), lamentou a morte dos quatro jovens em uma rede social. E pontuou que já convocou a Secretaria de Segurança Pública para apurar imediatamente o episódio. O governo decretou luto oficial de três dias na Bahia em edição suplementar do Diário Oficial do Estado (DOE), publicada ontem (18), pelas mortes dos quatro jovens. Também diz ter enviado três psicólogos do Programa de Valorização à Saúde do Professor, da Secretaria de Educação do Estado, para dar assistência à comunidade escolar. “Já estamos prestando o apoio necessário ao município e ao prefeito [José] Mendonça através da estrutura do Governo do Estado”, informou o governador. Ministérios prestam solidariedade Camilo Santana, ministro da Educação, também se manifestou sobre o caso. “Meus sentimentos aos familiares, amigos e comunidade escolar nesse momento de tamanha dor”, declarou. O ministro diz ter entrado em contato com o prefeito de Heliópolis para o envio de uma equipe de especialistas em Psicologia das Emergências e Desastres. Em nota, o Ministério da Justiça e Segurança Pública também lamentou a tragédia e prestou solidariedade aos familiares e amigos das três vítimas: Adriane Vitória Silva Ferreira, Fernanda Souza Gama e Jonatan Gama Santos. O órgão diz já estar em contato com as autoridades locais para prestar apoio e diz que, por meio do Laboratório de Operações Cibernéticas (Ciberlab), irá auxiliar os investigadores na apuração do caso.

Produção mundial de alimentos está em risco devido à crise global da água

A análise ressalta que cerca de 3 bilhões de pessoas vivem atualmente em áreas onde o armazenamento de água está em declínio. Um relatório divulgado nesta quinta-feira (17) pela Comissão Global sobre a Economia da Água (GCEW, na sigla em inglês) alertou que mais da metade da produção mundial de alimentos pode ser comprometida até 2050, caso medidas urgentes contra a crise global de água não sejam tomadas. A análise ressalta que cerca de 3 bilhões de pessoas vivem atualmente em áreas onde o armazenamento de água está em declínio. Intitulado A economia da água: valorizar o ciclo hidrológico como um bem comum global, o estudo revela que essa crise hídrica pode reduzir o Produto Interno Bruto (PIB) em até 8% nos países de alta renda e até 15% nos países de baixa renda, devido às mudanças nos padrões de precipitação, aumento das temperaturas, e falta de acesso à água potável e saneamento. Uso destrutivo da terra e má gestão da água O relatório destaca que o uso destrutivo da terra e a gestão inadequada dos recursos hídricos, somados às mudanças climáticas, estão colocando o ciclo global da água sob uma pressão sem precedentes. O ciclo da água, essencial para a troca de água entre atmosfera, solo e plantas, está sendo desequilibrado pela ação humana, o que compromete tanto o bem-estar da população quanto a economia mundial. Johan Rockström, diretor do Instituto de Potsdam de Pesquisa sobre Impactos Climáticos (PIK), enfatiza que o ciclo da água, antes confiável, já não pode mais ser garantido devido às mudanças no clima e no uso da terra, impactando diretamente as bases da sociedade e da economia global. Um relatório “histórico” Criada pela Holanda em 2022, a GCEW reúne cientistas e economistas renomados e produziu um relatório de 194 páginas que analisa os diversos aspectos da crise da água, além de propor soluções. Classificado como um documento “histórico”, o estudo critica as abordagens atuais, que tratam a água como um recurso natural abundante, sem levar em consideração sua importância econômica e ambiental. A GCEW também defende que a quantidade de água estimada como suficiente pela ONU para uso pessoal e doméstico (entre 50 e 100 litros por dia) foi subestimada. O relatório argumenta que uma vida digna, que inclua nutrição adequada, requer um mínimo de 4.000 litros de água por pessoa diariamente. Água como bem comum global O relatório faz um apelo para que o ciclo da água seja considerado um “bem comum global”, o que exigiria colaboração internacional para proteger os recursos hídricos e repensar a governança da água em diferentes níveis. Segundo Tharman Shanmugaratnam, copresidente da GCEW, o problema só será resolvido com uma visão abrangente que inclua a interconexão da água com mudanças climáticas e biodiversidade, além de inovações e investimentos na área. Revolução nos sistemas alimentares O documento também propõe uma revolução nos sistemas alimentares, com a adoção de técnicas como a microirrigação e a transição de dietas baseadas em alimentos de origem animal para dietas de base vegetal, visando reduzir o uso intensivo de água. Ngozi Okonjo-Iweala, diretora da Organização Mundial do Comércio (OMC) e copresidente da GCEW, ressalta a importância de eliminar subsídios prejudiciais em setores que consomem grandes quantidades de água. Impactos globais O relatório adverte que a crise hídrica afetará primeiramente as populações mais pobres e vulneráveis, com mais de mil crianças menores de cinco anos morrendo diariamente por falta de água limpa e saneamento adequado. No entanto, nenhuma comunidade será poupada das consequências da má gestão da água, que, se não for resolvida, também comprometerá o combate às mudanças climáticas.

Mais Médicos está em 80% dos pequenos municípios, onde atende 26 milhões de pessoas

Desde que Lula voltou à presidência, número de médicos no programa dobrou, inclusive nos territórios indígenas; 60% dos profissionais estão em locais de maior vulnerabilidade Criado em 2013 para enfrentar a crônica falta de médicos no país, o Mais Médicos foi praticamente extinto durante o governo de Jair Bolsonaro (PL), deixando milhões de brasileiros ainda mais vulneráveis no atendimento à saúde. Retomado no ano passado no governo Lula, o programa hoje já alcança cerca de 80% dos 4,9 mil municípios com menos de 52 mil habitantes. O Ministério da Saúde calcula em 26,9 milhões o número de pessoas com acesso à saúde nessas localidades. “É essencial, para o SUS, chegar a todo o país. O Mais Médicos é uma realidade e faz a diferença. Quando assumimos o governo, haviam menos 13 mil profissionais em atividade. Hoje, já ultrapassamos 25 mil médicos atuando no Brasil e queremos alcançar os 28 mil daqui pra frente”, disse a ministra Nísia Trindade, da Saúde. Ainda de acordo com a pasta, o programa avançou, sobretudo, entre os municípios de maior vulnerabilidade social: 60% dos médicos estão nessas localidades. Um dado relevante para a ampliação do atendimento aos habitantes de áreas mais remotas é que, pela primeira vez, foram abertas vagas para a Amazônia Legal. Nessa região, municípios de alta vulnerabilidade passaram a ter médicos pela primeira vez em 2023 — é o caso de Amapá do Maranhão (MA), Anori (AM), Calcoene (AP), Lizarda (TO), Nhamunda (AM), Paranã (TO), Quaticuru (AM), entre outros. Outra preocupação foi o atendimento à saúde indígena, depauperado durante as gestões anteriores da direita, sobretudo sob Bolsonaro. De acordo com o Ministério da Saúde, desde o início da atual gestão, a quantidade de médicos nos territórios indígenas mais do que dobrou, passando de 242 em 2022 para 570 profissionais atualmente, o que representa crescimento de 135%. O objetivo é ultrapassar 700 médicos em atuação nessas áreas. Para isso, um novo chamamento, com 196 vagas, foi feito no primeiro semestre de 2024, focado na assistência aos povos tradicionais nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs). Recentemente, aliás, um artigo na revista Social Science & Medicine, publicado por pesquisadores de Oxford e da Universidade Federal da Paraíba (entre eles um dos autores que assina este texto), destacou o caráter positivo do programa para as populações mais carentes. Segundo o artigo, “os efeitos do Mais Médicos são mais sentidos nas áreas com maior população rural e em condições de pobreza extrema, reforçando, assim, a característica do programa em promover equidade e superar diferenças históricas”, conforme apontaram Felipe Proenço, Secretário de Atenção Primária à Saúde do MS; Wellington Carvalho, diretor do Departamento de Apoio à Gestão da Atenção Primária à Saúde, e Wellington Carvalho, professor-adjunto da Universidade Federal da Paraíba, em artigo no jornal Correio Braziliense. O desafio da permanência Um dos desafios para ampliar o Mais Médicos é levar profissionais de saúde para além dos grandes centros, onde está a maioria deles. Levantamento feito pelo Conselho Federal de Medicina (CRM) mostrou que o Brasil tem 598,5 mil médicos. Porém, se o estado de São Paulo concentra a maior parte, com 166,4 mil deles, na ponta oposta estados como Amapá (1,1 mil), Roraima (1,2 mil) e Acre (1,5 mil) sofrem com a escassez. Para lidar com o problema, é preciso encontrar maneiras de manter os médicos nessas localidades, uma vez que muitas vezes não é possível formá-los nas próprias regiões mais carentes. Levantamento feito pelo Ministério da Saúde aponta que 41% dos participantes do programa desistem em busca de qualificação, fator que também é difícil nas áreas mais afastadas. Nesse sentido, desde 2023, o governo oferece aos médicos a possibilidade de fazer especialização e mestrado por meio da Estratégia Nacional de Formação de Especialistas para a Saúde, que integra os programas de formação, provimento e educação pelo trabalho no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) . Outra iniciativa, voltada à continuidade das médicas mulheres, foi a compensação para atingir o mesmo valor da bolsa durante o período de seis meses de licença maternidade, complementando o auxílio do INSS. Para os participantes do programa que se tornarem pais, está garantida licença com manutenção de 20 dias. O Ministério destaca, ainda que, pela primeira vez, o programa ofertou vagas afirmativas, no regime de cotas, para pessoas com deficiência e grupos étnico-raciais, como negros, quilombolas e indígenas. Com o incremento de profissionais na rede pública de saúde, 10 milhões de brasileiros serão beneficiados. Segundo a pasta, esse edital apresentou recorde de inscrições por vaga: foram 33 mil inscrições no total, um índice de concorrência de 10,4 profissionais por vaga.

STF condena mais 15 bolsonaristas por atos golpistas de 8 de Janeiro de 2023

Em seu voto, Moraes destacou que os réus tinham conhecimento da incitação ao golpe e que permanência no acampamento comprova a “finalidade golpista e antidemocrática” dos atos O Supremo Tribunal Federal (STF) condenou, na noite desta sexta-feira (18), mais 15 golpistas bolsonaristas que participaram dos atos antidemocráticos de 8 de Janeiro de 2023. Estes são os primeiros réus que, mesmo tendo cometido crimes de menor gravidade, rejeitaram o Acordo de Não Persecução Penal proposto pela Procuradoria-Geral da República (PGR) para evitar a continuidade da ação penal. O julgamento aconteceu em plenário virtual. Com a decisão, os réus envolvidos deixam de ser primários quando se encerrar a possibilidade de recursos e a decisão se tornar definitiva (trânsito em julgado). Segundo a denúncia oferecida pela PGR, os 15 réus permaneceram no acampamento montado no Quartel General do Exército, em Brasília, enquanto outro grupo se deslocou para a Praça dos Três Poderes e invadiu e depredou os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e do STF. A PGR considera que, como os crimes têm origem em uma atuação coletiva, mesmo não tendo participado de todas as fases, os acusados dividem uma parcela da responsabilidade. No caso desses réus, a denúncia abrangeu os crimes de associação criminosa e incitação ao crime, por estimularem as Forças Armadas a tomar o poder sob a alegação de fraude eleitoral e de exercício arbitrário dos poderes constituídos. A maioria do plenário acompanhou o voto do ministro relator, Alexandre de Moraes, no sentido de que, como se trata de uma ação conjunta com a mesma finalidade e executada por diversas pessoas, não há dúvida de que todos contribuem para o resultado como coautores. Ele destacou que os réus tinham conhecimento prévio da incitação ao golpe de Estado e que sua permanência no acampamento até o dia seguinte aos atos comprova a “finalidade golpista e antidemocrática, que visava à abolição do Estado de Direito” com a deposição do governo legitimamente eleito em 2022. O ministro frisou que mais de 400 réus em situação idêntica optaram por confessar a prática dos crimes e firmar o ANPP. A pena imposta foi é de um ano de reclusão pelo crime de associação criminosa e multa de 10 salários mínimos (valores de janeiro de 2023) por incitação ao crime. A pena de detenção foi substituída por restrição de direitos: 225 horas de prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, participação presencial no curso “Democracia, Estado de Direito e Golpe de Estado”, elaborado pelo Ministério Público Federal, proibição de se ausentar da comarca de residência e de usar redes sociais e retenção dos passaportes até a extinção da pena. A condenação também prevê a revogação do porte de arma dos que eventualmente o tenham. Além disso, os réus dividirão a indenização por danos morais coletivos, no valor mínimo de R$ 5 milhões, com outros condenados pelos atos antidemocráticos. Com o trânsito em julgado da decisão (fim da possibilidade de recursos), os condenados deixam de ser