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Editorial do jornal O Estado de São Paulo detona Bolsonaro: “patriota fajuto”

O Estadão detona denuncia, em seu editorial desta terça-feira, chantagem do ex-presidente e afirma que Bolsonaro age como “sequestrador” ao colocar interesses pessoais acima do Brasil O jornal O Estado de S. Paulo publicou nesta terça-feira, 15 de julho, um duro editorial contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, classificado como “patriota fajuto”. No texto, o jornal critica a tentativa do ex-mandatário de utilizar o Brasil como moeda de troca para obter anistia judicial, após a ameaça do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de sobretaxar em 50% os produtos brasileiros caso Bolsonaro não seja absolvido das acusações de conspiração golpista. O Estadão aponta que Bolsonaro sequer esconde seu verdadeiro objetivo: “O tempo urge, as sanções entram em vigor no dia 1.° de agosto. A solução está nas mãos das autoridades brasileiras. Em havendo harmonia e independência entre os Poderes, nasce o perdão entre irmãos e, com a anistia, também a paz para a economia”, declarou o ex-presidente. Segundo o jornal, a mensagem deixa claro que Bolsonaro está disposto a sacrificar setores estratégicos da economia nacional em troca de sua própria liberdade. O editorial compara o comportamento do ex-presidente ao de um sequestrador, dizendo que o Brasil virou refém de sua “verborragia liberticida”. Para o Estadão, Bolsonaro não representa um projeto para o país, mas sim um interesse pessoal em escapar da Justiça, colocando em risco a estabilidade econômica e institucional do país. A publicação também critica duramente lideranças políticas que, segundo o texto, seguem submissas ao bolsonarismo com o objetivo de herdar capital eleitoral. O jornal aponta o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, como exemplo de político que precisará escolher entre “o Brasil ou Bolsonaro”, já que ambos são projetos “absolutamente antitéticos”. Por fim, o editorial conclui que apoiar Bolsonaro é incompatível com a defesa da democracia e do interesse público. O Estadão classifica o bolsonarismo como um “projeto personalista, antinacional e falido”, reduzido à luta pela impunidade de seu líder às custas da erosão das instituições republicanas.

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PGR denuncia Bolsonaro como “líder da organização criminosa” em trama golpista

Procuradoria-Geral da República acusa o ex-presidente de arquitetar atentado contra a democracia e pede sua condenação por cinco crimes graves A Procuradoria-Geral da República (PGR) classificou o ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (PL) como o “líder da organização criminosa” responsável pela tentativa de golpe contra o Estado Democrático de Direito. A informação foi divulgada pelo portal Metrópoles na noite desta segunda-feira (14), após o órgão apresentar as alegações finais ao Supremo Tribunal Federal (STF), solicitando a condenação de Bolsonaro e de outros sete acusados. O parecer é assinado pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que descreve Bolsonaro como o principal articulador e maior beneficiário da ofensiva golpista. “No exercício do cargo mais elevado da República, instrumentalizou o aparato estatal e operou, de forma dolosa, esquema persistente de ataque às instituições públicas e ao processo sucessório”, afirmou Gonet. PGR detalha a ofensiva antidemocrática Segundo a denúncia apresentada, Bolsonaro teria utilizado o apoio de membros do alto escalão do governo e setores das Forças Armadas para mobilizar agentes, recursos e competências estatais em uma campanha sistemática contra a democracia. A PGR afirma que o ex-presidente propagou “narrativas inverídicas”, incentivou a instabilidade social e defendeu medidas autoritárias com o objetivo de se manter no poder. De acordo com o procurador-geral, as ações de Bolsonaro tiveram como meta “sua continuação ilegítima no comando do país e o enfraquecimento das instâncias públicas, em negação do princípio da alternância democrática, da soberania popular e do equilíbrio entre os Poderes”. Cinco crimes imputados ao ex-presidente A PGR pediu a condenação de Jair Bolsonaro pelos seguintes crimes: Liderança de organização criminosa armada; Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito; Golpe de Estado; Dano qualificado pela violência e grave ameaça contra o patrimônio da União; Deterioração de patrimônio tombado, com considerável prejuízo para a vítima. O processo é conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Conforme prevê a legislação, as alegações finais da PGR dão início ao prazo para as defesas apresentarem suas manifestações. Prazos e próximos passos no STF Após a manifestação do Ministério Público, o próximo a se pronunciar será o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Mauro Cid, que firmou acordo de delação premiada. O prazo concedido a Cid é de 15 dias, após o qual abre-se o prazo conjunto para a defesa dos demais réus, incluindo a de Bolsonaro. O Metrópoles apurou que o julgamento do caso pode ocorrer entre agosto e setembro. Com a contagem dos prazos em andamento, mesmo durante o recesso do Judiciário, a expectativa é que todas as manifestações estejam finalizadas até 11 de agosto. A denúncia da PGR representa mais um capítulo das investigações que tramitam na Suprema Corte sobre a tentativa de ruptura institucional, colocando Bolsonaro sob risco iminente de condenação pelos ataques ao regime democrático.

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Educação

Começam nesta segunda-feira as inscrições do Fies para o 2º semestre

São 44 mil vagas para financiar graduação em faculdades privadas Começam nesta segunda-feira (14) as inscrições para o processo seletivo do Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) para o segundo semestre deste ano. Os interessados deverão se inscrever exclusivamente pelo Portal Único de Acesso ao Ensino Superior até as 23h59 do dia 18 de julho, no horário de Brasília. Os prazos estão previstos em edital publicado pelo Ministério da Educação (MEC) no dia 9 de julho. As inscrições são gratuitas. Com o objetivo de promover a inclusão educacional, desde 2001 o programa federal financia a graduação em instituições de educação superior privadas, com avaliação positiva no Sistema Nacional de Avaliação da Educação Superior (Sinaes). Neste ano, o MEC oferece 112.168 vagas para o Fies, sendo 67.301 no primeiro semestre e 44.867 na segunda metade do ano. Os candidatos em obter o financiamento estudantil devem atender aos seguintes requisitos: ter participado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), a partir da edição de 2010; ter conquistado média aritmética das notas, nas cinco provas do exame, igual ou superior a 450 pontos e não ter zerado a prova de redação; não ter participado no referido exame como treineiro; ter renda bruta familiar mensal por pessoa de até três salários mínimos (R$ 4.554, em 2025). Fies Social O edital do processo seletivo reserva 50% das vagas para o Fies Social, lançado em 2024. Para concorrer, os candidatos devem ter inscrição ativa no Cadastro Único para Programas Sociais do governo federal (CadÚnico) e renda familiar por pessoa de até meio salário mínimo, hoje R$ 759. A nova modalidade lançada pelo MEC permite financiamento de até 100% dos encargos educacionais cobrados pela instituição de ensino superior, além de reservar cotas para pretos, pardos, indígenas, quilombolas e pessoas com deficiência. A classificação no processo seletivo do Fies será feita de acordo com a ordem decrescente das notas obtidas pelos candidatos no Enem, por tipo de vaga, grupo de preferência e modalidade de concorrência. A ordem de prioridades considera os que candidatos que não concluíram o ensino superior e/ou não foram beneficiados pelo financiamento estudantil. É vedada a concessão de novo financiamento do Fies a candidatos que não tenham quitado o financiamento anterior pelo Fies ou pelo Programa de Crédito Educacional ou que se encontrem em período de utilização do financiamento. Calendário O Fies tem chamada única e lista de espera. O resultado com os nomes dos pré-selecionados na chamada única será divulgado no dia 29 de julho. Os estudantes, então, deverão acessar o Fies Seleção para comprovar as informações e complementar sua inscrição do dia 30 de julho a 1º de agosto. Os estudantes que não forem pré-selecionados estarão automaticamente na lista de espera para preenchimento das vagas não ocupadas, observada a ordem de classificação. A pré-seleção da lista de espera ocorrerá de 5 de agosto a 19 de setembro. “Todos os inscritos e aqueles que venham a ser pré-selecionados devem ficar atentos aos prazos e aos procedimentos estabelecidos no edital para não perderem as oportunidades de ocupar as vagas ofertadas nesta edição do Fies”, alerta o MEC.

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No STF, servidor diz que governo Bolsonaro tentou ligar Lula a facção

Demanda era para investigar volume de votos em áreas ligadas ao CV O analista de inteligência Clebson Ferreira de Paula Vieira, que atuou no Ministério da Justiça durante a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro, declarou nesta segunda-feira (14), em depoimento ao Supremo Tribunal Federal (STF), que recebeu ordens para produzir dados com o objetivo de vincular o então candidato Luiz Inácio Lula da Silva a facções criminosas. “Chegou um pedido para realizar uma análise estatística de correlação entre a concentração de votos e territórios dominados pelo Comando Vermelho no Rio de Janeiro, para verificar se havia alguma relação com o desempenho eleitoral do candidato Lula nessas áreas”, afirmou Vieira, ao ser ouvido como testemunha de acusação a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR). O depoimento ocorreu no âmbito de uma das ações penais que apuram a tentativa de golpe de Estado supostamente articulada por Bolsonaro e seus aliados. Segundo Vieira, as solicitações envolvendo dados eleitorais começaram em 2022, sob a coordenação da delegada Marília de Alencar, à época diretora de Inteligência da Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça. Marília é uma das rés na ação penal. Vieira relatou que foi solicitado um levantamento nacional com os locais onde cada candidato teve mais de 75% dos votos no primeiro turno da eleição presidencial, mas apenas os dados referentes a Lula foram levados adiante. Em mensagens trocadas com a esposa na época, o servidor mencionou incômodo com as ordens recebidas. “Ficava muito mal com uma demanda daquelas, diretamente da diretora”, escreveu à companheira, observando o viés político das instruções. Ações da PRF Também prestou depoimento nesta segunda-feira o ex-coordenador de Inteligência da Polícia Rodoviária Federal (PRF), Adiel Pereira Alcântara. Em consonância com declarações anteriores, Alcântara voltou a afirmar que houve orientações para intensificar fiscalizações durante o segundo turno das eleições de 2022. “Foram orientações gerais, mas a fiscalização foi mais intensificada em estados como Rio de Janeiro, São Paulo, Minas Gerais e Goiás”, relatou. Segundo ele, a percepção era de que a atuação visava regiões de onde muitos eleitores seguiam para o Nordeste, tradicional reduto eleitoral de Lula. Ambas as testemunhas foram ouvidas na ação penal que investiga o Núcleo 2 da suposta trama golpista. Esse grupo, segundo a PGR, foi responsável por ações estratégicas, como monitoramento de autoridades, produção de documentos e formulação de dados voltados à sustentação de uma tomada de poder. Entre os investigados estão Filipe Martins, ex-assessor internacional da Presidência; Marcelo Câmara, ex-assessor de Bolsonaro; Silvinei Vasques, ex-diretor da PRF; Mário Fernandes, general do Exército; Marília de Alencar, ex-diretora de Inteligência do Ministério da Justiça; e Fernando de Sousa Oliveira, ex-secretário-adjunto de Segurança Pública do Distrito Federal. No período da tarde, prosseguiu a oitiva do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro e delator no inquérito que apura a tentativa de golpe. Pela manhã, as audiências foram conduzidas pelo juiz auxiliar Rafael Henrique Janela Tamai Rocha, do gabinete do ministro Alexandre de Moraes, relator do caso no STF.

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Lula: governo tem apoio do povo para enfrentar sanção de Trump

Presidente critica atuação de Bolsonaro para tarifas da Casa Branca O presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou, nesta sexta-feira (11), que o governo tem apoio do povo brasileiro para enfrentar as sanções econômicas do governo dos Estados Unidos (EUA) e que o Brasil não pode “baixar a cabeça” para as chantagens e ameaças de Donald Trump. “Esse país não baixará a cabeça para ninguém. Ninguém porá medo nesse país com discurso e com bravata. Ninguém. E eu acho que, nesse aspecto, nós vamos ter o apoio do povo brasileiro, que não aceita nenhuma provocação”, disse o presidente, durante cerimônia, em Linhares, no Espírito Santo (ES), de lançamento de indenização a atingidos pelo rompimento da barragem de Mariana, em Minas Gerais (MG). Diversos setores da sociedade brasileira têm criticado a medida do governo Trump de taxar todos os produtos brasileiros em 50%, incluindo organizações empresariais, de trabalhadores, meios de comunicação, do Parlamento e dos movimentos sociais. Lula voltou a defender o uso da Lei de Reciprocidade para responder as taxações de Trump caso as negociações com Washington não surtam efeito. Trump alega falsamente que os EUA têm déficit comercial com o Brasil, o que é desmentido pelas próprias estatísticas dos EUA. “Entre comércio e serviço, nós temos um déficit de US$ 410 bilhões com os EUA [em 10 anos]. Eu que deveria taxar ele”, disse Lula, acrescentando que Trump está “mal informado”. Bolsonaro O presidente Lula ainda fez duras críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que vem sendo investigado pelo Ministério Público (MP) por supostamente articular sanções contra o Brasil para escapar do julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF). Bolsonaro é acusado de tentativa de golpe de Estado. Já Trump alega que ele é vítima de perseguição política e associa as tarifas contra o Brasil ao julgamento do político do PL. “Que tipo de homem que é esse que não tem vergonha para enfrentar o processo de cabeça erguida e provar que foi inocente? Quem está denunciando ele não é ninguém do PT, quem está denunciando ele são os generais e o ajudante de ordens dele, que era coronel do Exército”, disse Lula. O presidente ainda questionou a ação da família Bolsonaro contra o julgamento da trama golpista. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) se licenciou do cargo de parlamentar e foi para os EUA, onde pede ações do governo Trump contra o Brasil. “O ‘coisa’ [Bolsonaro] mandou o filho, que era deputado, se afastar da Câmara para ir lá, ficar pedindo, ‘Ô Trump, pelo amor de Deus, Trump, salva meu pai, não deixa meu pai ser preso’. É preciso que essa gente crie vergonha na cara”, disse Lula, ainda na cerimônia, em Linhares (ES). Bolsonaro é acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de liderar uma tentativa de golpe de Estado para anular as eleições presidenciais de 2022 com objetivo de se manter no poder. Ele teria pressionado os comandantes militares para aderir ao golpe, com planos de assassinatos do presidente Lula, do vice, Geraldo Alckmin, e do ministro do STF Alexandre de Moras. Nas redes sociais, Bolsonaro elogiou Trump, disse que a tarifa é resultado do afastamento do Brasil “dos seus compromissos históricos com a liberdade” e pediu “aos Poderes que ajam com urgência apresentando medidas” para resgatar a “normalidade institucional”. Bolsonaro e seus aliados negam os crimes imputados de tentativa de golpe de Estado. Para analistas consultados pela Agência Brasil, a sanção de Trump contra o país é chantagem política mirando o Brics, a regulação das big techs e uma tentativa de interferir no processo judicial e político interno.

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Educação

PF faz buscas contra criminosos que criaram site falso de inscrição no Enem

O esquema criminoso aconteceu durante o Enem 2024; os investigados arrecadaram R$ 3 milhões com a plataforma falsa de inscrição no exame Foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão domiciliar na cidade de Praia Grande (SP). Um dos alvos tem pelo menos 15 anotações criminais por estelionato. Também foram adotadas medidas restritivas de bens, para bloquear o montante obtido de forma ilegal. A prática criminosa ocorreu no Enem 2024. De acordo com a PF, os investigados criaram sites falsos durante o período de inscrição oficial, entre 27 de maio e 14 de junho de 2024. O ambiente virtual simulava o criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), órgão responsável por criar e aplicar a prova. A fraude publicidade enganosa, com o uso de sinais públicos do Ministério da Educação, do Inep e do governo federal para persuadir as vítimas. A partir da inscrição nesses sites falsos, os usuários faziam pagamentos para os criminosos acreditando se tratar de registro regular no exame. Agentes identificaram que os pagamentos eram feitos via Pix para uma conta bancária vinculada a uma empresa privada que acumula reclamações na internet por práticas semelhantes, de cobrança indevida sem entrega de serviços ou produtos. No esquema, os criminosos teriam recebido aproximadamente R$ 3 milhões. A cifra indica que mais de 35 mil candidatos caíram no golpe, a partir da taxa de R$ 85. Dessa forma, foram eliminados sumariamente do Enem 2024 pela ausência de inscrição pelo canal oficial. A PF informou que continuará as investigações para identificar outros envolvidos no esquema, apurar a extensão dos danos e responsabilizar o grupo criminoso pela prática de fraude eletrônica com uso de meio virtual

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Educação

Vício em bets adia graduação de 34% dos jovens em 2025, revela pesquisa com universidades

Impacto das apostas online atinge principalmente classes mais pobres e já afeta também quem está matriculado no ensino superior O vício em apostas online tem interferido diretamente no acesso à educação superior no Brasil. Segundo levantamento da Abmes (Associação Brasileira de Mantenedoras de Ensino Superior), realizado em parceria com a consultoria Educa Insights, 34% dos jovens brasileiros entre 18 e 35 anos adiaram o início da graduação em 2025 por conta de gastos com apostas em plataformas conhecidas como “bets” — entre elas o popular “jogo do tigrinho”. Os dados foram divulgados pelo portal UOL nesta terça-feira (9). O impacto é ainda mais severo nas regiões Nordeste e Sudeste, onde os índices sobem para 44% e 41%, respectivamente. Entre os jovens das classes D e E — cuja renda familiar gira em torno de R$ 1 mil —, 43% afirmam que precisarão abandonar os gastos com apostas para iniciar um curso superior em 2026. Entre os jovens da classe A, com renda média de R$ 26,8 mil, o número cai para 22%. A pesquisa ouviu 11.762 pessoas entre os dias 20 e 24 de março. Para o diretor-geral da Abmes, Paulo Chanan, os dados revelam um cenário preocupante. “O impacto das bets vai além da captação de novos alunos, afeta a permanência dos que já estão matriculados”, afirma. Segundo ele, a evasão provocada pelas apostas é uma realidade crescente nas universidades. “A crescente popularização das bets impacta justamente o público-alvo da educação superior: brasileiros de 18 a 35 anos.” Além de impedir o início dos estudos, as apostas também comprometem a permanência de quem já está na universidade: 14% dos alunos afirmaram ter atrasado o pagamento das mensalidades ou precisaram trancar a matrícula por causa do vício em bets. No Nordeste, esse índice sobe para 17%. Com base nos dados, a Abmes estima que cerca de 986 mil potenciais universitários devem ficar de fora das instituições de ensino superior neste ano. O motivo principal é o comprometimento da renda desses jovens com os sites de apostas, que hoje dominam o tráfego online no Brasil — já são o segundo maior destino da internet, atrás apenas do Google, superando até YouTube e WhatsApp. A pesquisa também revela que o problema se estende para outros aspectos da vida cotidiana. Entre os entrevistados, 24% afirmaram que deixaram de investir em academias ou atividades físicas para gastar com apostas, enquanto 28% disseram ter abandonado momentos de lazer, como idas a bares e restaurantes, por preferirem usar o tempo e o dinheiro nas plataformas de betting. A crescente influência das apostas levou à instalação de uma CPI das Bets no Senado, que apurou os efeitos econômicos e sociais do setor. Influenciadores digitais populares, como Virgínia Fonseca, foram ouvidos. A relatora da comissão, senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS), chegou a pedir o indiciamento de alguns deles, mas o relatório final foi rejeitado. Ainda assim, Soraya alertou: “Se por um lado observamos um crescimento expressivo entre a população mais pobre e vulnerável, por outro, chama a atenção o número crescente de jovens, muitos com acesso à informação e ao ensino superior, que estão sucumbindo ao vício.” A Abmes evita adotar uma posição contra a regulamentação das apostas, mas defende a criação de políticas públicas de controle, conscientização e responsabilidade. A entidade propõe que o problema seja enfrentado com base em dados e discutido tanto no meio educacional quanto político. Enquanto isso, no Congresso, segue sem previsão a votação do projeto que pretende legalizar cassinos, jogo do bicho e bingos no Brasil. A proposta não aborda diretamente as apostas online, que, para muitos senadores, representam uma ameaça ainda maior. Como afirmou Soraya Thronicke: “Considero o cassino físico menos prejudicial do que o online, que fica 24 horas disponível nas casas de todos os brasileiros.”

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Lula condena ameaça de Trump ao Brics: “Não queremos imperador”

O norte-americano tenta impedir aproximações com o bloco, ameaçando impor tarifas. O presidente brasileiro considera a atitude pouco responsável e nada séria O presidente Lula rebateu, nesta segunda-feira (7), a ameaça de Donald Trump de retaliar com tarifas os países que aderirem às políticas “antiamericanas” do Brics, como classificou o presidente dos Estados Unidos. Em coletiva de imprensa após o encerramento da Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro (RJ), Lula disse que nem deveria comentar, pois classifica a postura de Trump pouco responsável e nada séria. Além disso, ressaltou que os países do grupo, assim como o resto do mundo, não precisam de um “imperador” e têm o direito à reciprocidade nas medidas. “Eu sinceramente nem acho que deveria comentar, porque eu não acho uma coisa muito responsável e séria um presidente da república de um país do tamanho dos Estados Unidos ficar ameaçando o mundo através da internet. Não é correto. O mundo mudou: não queremos imperador. Nós somos países soberanos. Se ele achar que pode taxar, os países têm o direito de taxar também. Existe a lei da reciprocidade. Sinceramente, tem outras coisas e outros fóruns para falar com outros países. As pessoas têm que aprender que respeito é bom. Respeito é muito bom. A gente gosta de dar e gosta de receber”, afirma Lula Ao ser questionado sobre a defesa que o mandatário norte-americano fez do ex-presidente Jair Bolsonaro, Lula disse que o Brasil “tem lei, tem regra e tem um dono chamado povo brasileiro, portanto, dê palpite nos assuntos do seu país e não do nosso”, rebate. Sobre a repercussão do tema tarifário dentro da Cúpula, o presidente fez a indicação de que ninguém tocou no assunto: “Não demos nenhuma importância a isso.” Transação em moedas locais Quando questionado sobre o avanço no debate sobre transação entre os países do grupo nas suas próprias moedas, deixando o dólar de lado, Lula afirma que este é um caminho sem volta. “O mundo precisa encontrar um jeito para que a nossa relação comercial não precise passar pelo dólar. Quando for com os Estados Unidos ela passa pelo dólar. Mas quando for com a Argentina, com a China, com a Índia, não precisa passar. Quando for com a Europa discute-se em Euro. […] E, obviamente, nós temos toda a responsabilidade de fazer isso com muito cuidado, com a participação dos Bancos Centrais. É uma coisa que não tem volta. Isso vai acontecendo aos poucos até que seja consolidado”, sublinha. IOF Também foi perguntado sobre a questão do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras). O presidente brasileiro classifica a atuação do Congresso como “totalmente anticonstitucional” ao barrar um decreto do Executivo, e citou exemplos de outros governos em que medidas similares não foram questionadas. Apesar do embate, entende que é uma “divergência política própria da democracia” e que pretende resolver o tema ao buscar um consenso durante a semana. Brics e uma nova abordagem ao multilateralismo Antes das perguntas dos jornalistas, Lula fez um balanço da reunião do Brics. De acordo com o presidente, o encontro foi um dos mais significativos, assim como o realizado no âmbito do G20, também no Rio de Janeiro, em novembro de 2024. Em sua avaliação, o bloco oferece uma nova abordagem para o multilateralismo internacional: “Temos a convicção de que não queremos mais um mundo tutelado. Não queremos mais Guerra Fria ou o desrespeito à soberania. Não queremos mais guerra e, por isso, estamos discutindo profundamente a necessidade de mudanças estruturais, inclusive no Estatuto da ONU, para recriar algo com base nos acontecimentos atuais, e não nos de 1945. Aquele mundo ficou para trás. Os saudosistas do fascismo e do nazismo não estão no Brics. No grupo buscamos fortalecer o processo democrático, o multilateralismo, a paz, o desenvolvimento e a participação social.” O líder brasileiro inclusive reforça o pedido de mudanças no Fundo Monetário Internacional (FMI) como forma de refletir o desejo por um banco de investimento que atenda às necessidades dos países mais pobres, sem levá-los à falência, como tem acontecido: “O modelo de austeridade faz com que as dívidas sejam impagáveis”, alerta. “Guerra contra o Hamas e só matam inocentes, mulheres e crianças?” Lula ainda destaca que, no marco dos 80 anos da Segunda Guerra Mundial, período após o qual os organismos internacionais foram criados, é preciso reforçar o multilateralismo e não o destruir, em um mundo novamente em convulsão. “Estamos vivendo hoje, possivelmente, depois da Segunda Guerra Mundial, o maior período de conflito entre os países. É guerra esparramada para tudo quanto é lado. E o mais grave é que os países do Conselho de Segurança da ONU, que deveriam ser o paradigma para tentar evitar essas guerras, são eles os promotores”, critica. Ao abordar todos os conflitos em curso, o presidente reiterou as críticas ao que acontece em Gaza: “Dizer que aquilo é uma guerra contra o Hamas e só matam inocentes, mulheres e crianças? E cadê a instituição multilateral para colocar um fim nisso? Não existe! A ONU deveria estar condenando, mas a ONU não pode condenar, porque ela está envolvida nisso. Quando eu digo a ONU, é porque tem países no Conselho de Segurança envolvidos nisso, excluindo a China, mas o restante está envolvido, tanto da Europa quanto os Estados Unidos”, explica Lula, ao indicar o motivo de não haver uma interlocução para uma proposta alternativa ao que temos, o que evidencia a necessidade de fortalecimento do grupo por este contexto. “Brics não nasceu para afrontar ninguém” Na fala, o presidente também defende mudanças na governança mundial para que represente de forma equitativa países de todas as regiões do mundo. “O Brics, que não nasceu para afrontar ninguém, é um novo modo de fazer política. Uma coisa mais solidária. Em que o banco esteja muito mais preocupado em ajudar os países em desenvolvimento a se desenvolver. E que na questão ambiental a gente tenha consciência de que a questão do clima é muito séria”, menciona Lula ao rememorar os desastres no Rio Grande do Sul e o mais

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Fabiano Santos prepara carta de renúncia à presidência dos Correios

Sob pressão da Casa Civil para executar plano de reestruturação com fechamento de agências e demissões, dirigente da estatal decide entregar o cargo a Lula O presidente dos Correios, Fabiano Silva dos Santos, elaborou uma carta em que coloca seu cargo à disposição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), diante do aumento da pressão por parte da Casa Civil para a execução de um plano de reestruturação da estatal. A informação foi publicada pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo. Fabiano, que está à frente da empresa desde 2023 e tem mandato até agosto, relatou a diretores da estatal que a exigência da Casa Civil inclui o fechamento de agências em todo o país, com o objetivo de gerar uma economia de cerca de R$ 1 bilhão. A proposta se soma aos R$ 800 milhões estimados com o Plano de Demissão Voluntária (PDV), que prevê o desligamento de aproximadamente 4 mil funcionários. Com o fechamento de unidades, o número de demissões pode chegar a 10 mil. Resistência a cortes e missão social da estatal Fabiano resiste à ideia de demissões em larga escala, especialmente num momento em que os Correios ampliam sua atuação em comunidades historicamente desassistidas. Apenas no Rio de Janeiro, mais de 50 favelas foram contempladas com novas agências nos últimos meses. Segundo ele, as mudanças propostas ferem o papel social da estatal e comprometem seu compromisso com a inclusão. Em reuniões internas, o presidente dos Correios afirmou que as medidas colocam em risco os avanços da empresa em regiões periféricas e prejudicam trabalhadores em um momento de difícil recuperação econômica para muitos brasileiros. Rui Costa nega defesa de demissões Procurado pela Folha, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, afirmou por meio de sua assessoria que “nunca defendeu demissão em massa” na estatal. Em conversas com aliados, ele tem defendido a “racionalização dos gastos” como meta principal, sem entrar em detalhes sobre o impacto social das medidas exigidas. Apesar das negativas públicas, fontes internas confirmam que a Casa Civil tem pressionado por uma reformulação estrutural com foco em corte de custos e aumento de eficiência. A avaliação no governo é que a situação financeira dos Correios exige uma resposta urgente. Prejuízo bilionário e cobiça política Os Correios fecharam 2024 com um prejuízo de R$ 2,6 bilhões, que a atual gestão atribui principalmente às mudanças nas regras de importação de produtos internacionais de pequeno valor, popularmente conhecidas como “taxa das blusinhas”. A nova tributação impactou fortemente o fluxo de encomendas internacionais, um dos principais segmentos da estatal nos últimos anos. Mesmo em crise, a empresa continua sendo alvo de interesse político. Partidos como o União Brasil disputam espaço de influência sobre os Correios, que recentemente conseguiram um empréstimo junto ao Banco do Brics e planejam investir R$ 5 bilhões em modernização e ampliação de seus serviços nos próximos anos. A possível saída de Fabiano Silva dos Santos reacende a disputa por cargos de comando em empresas públicas e pode abrir espaço para novas indicações políticas, em um momento de negociações delicadas no Palácio do Planalto.

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