A sessão ordinária da Câmara Municipal, na manhã de ontem (19), teve dois aspectos: os vereadores aprovaram o projeto que amplia as restrições e até mesmo os direitos constitucionais de ir e vir, sem terem conhecimento prévio dele ou condições de analisar com mais profundidade.
Por Girleno Alencar – Jornal Gazeta
Isso serviu para surgirem factoides: o vereador Edmilson Magalhães pediu ao prefeito Humberto Souto o fim do rodízio do abastecimento de água na cidade, pois a população precisa fazer a higienização contra o coronavírus. O rodízio foi determinado pela Copasa. Questionado pelo GAZETA se a sua proposta não poderia deixar a população sem água no período da seca, de julho a novembro, ele desconversou, alegando que caberia a Copasa analisar se isso é possível. No seu requerimento, não é abordado a analise da situação.
O vereador Wilton Dias apresentou a proposta de que todos os estabelecimentos comerciais e órgãos públicos forneçam o álcool gel para os frequentadores desses locais, sob risco de multas. Ele foi ironizado por outros vereadores, como Rodrigo Maia, de que o produto está faltando em Montes Claros. O vereador Fábio Neves foi além: que a Prefeitura forneça as máscaras e álcool gel para toda população carente da cidade, usando os recursos municipais. Os vereadores também propuserem a suspensão das cobranças de taxas e impostos municipais, enquanto persistirem a situação.
O vereador Marlon Bicalho, que é medico, teve uma proposta mais real: alertou que Montes Claros tem apenas 300 respiradores e se 0,1% da população apresentar o coronavírus, ou seja, 400 pessoas, o município não conseguirá atender a demanda e com isso, terá que definir quais são as 100 que devem morrer. O vereador e médico Valdivino Antunes reforçou a iniciativa. O vereador Idelfonso Araújo observou que existem muitos prédios vazios na cidade e falta leitos para atender toda demanda e por isso, usar esses espaços vazios para servirem de leitos.
ISENTOS – A Câmara Municipal de Montes Claros é a única instituição que pode descumprir as normas aplicadas para toda população de Montes Claros. O presidente José Marcos Martins foi provocado por vários vereadores a suspender as reuniões legislativas, tendo em vista que o decreto 4002 determina reuniões com no máximo 20 pessoas. Ele assegurou que faria a mudança na decisão da Mesa Diretora, mas até a tarde de ontem não tinha tomado a providencia. O descumprimento da Câmara Municipal poderá abrir espaço para outros segmentos também descumprirem. O vereador Edmilson Magalhães cobrou uma solução da Mesa Diretora, ontem, mas sem sucesso.