– Espera-se que seja, ao menos na imprensa – já que o valoroso Ministério Público, até agora, não demonstrou interesse pelo assunto -, o início de uma processo de apuração dos fatos que – sabidos por todos – não são publicados por ninguém.

 Por Fernando Brito – Tijolaço

Uma semana depois do escândalo estourar nos Estados Unidos, o caso das propinas pagas pela Globo pela exclusividade de direitos de transmissão de torneios de futebol internacionais ganhou hoje seu primeiro desdobramento – tímido – com a matéria que Sérgio Rangel publica na editoria de Esportes da Folha, com um resumo do perfil e das ações de Marcelo Campos Pinto, durante duas décadas o dirigente da emissora responsável pelos negócios esportivos.

Como executivo, se transformou no principal pagador do esporte brasileiro e passou a ser reverenciado por cartolas e homens de negócios.

Espera-se que seja, ao menos na imprensa – já que o valoroso Ministério Público, até agora, não demonstrou interesse pelo assunto -, o início de uma processo de apuração dos fatos que – sabidos por todos – não são publicados por ninguém.

Duvidoso, porém, que isso aconteça. A Folha, nos assuntos envolvendo denúncias de ilegalidades na Globo, costuma “cumprir tabela”, como se diz no futebol: publica uma vez e o assunto desaparece quase que por completo, como aconteceu no famoso caso do processo por sonegação que “desapareceu” da Receita Federal.

A falta de apetite pela verdade, nestes casos, contrasta com a voracidade com que se entregam aos escândalos na esfera política, como evidência do moralismo seletivo que aplicam. E não se diga que são negócios meramente privados, porque a Globo é uma concessão pública, tanto quanto as linhas de ônibus do senhor Jacob Barata Filho.

O temor reverencial à Globo, porém, vai do Oiapoque ao Chui, com exceções que se conta nos dedos.

A Globo arroga-se o direito de dizer que basta a sua “ampla investigação interna” não ter apurado nada e diz estar “à disposição das autoridades americanas”.

A primeira parte de suas afirmações é risível, porque um diretor nunca movimentaria R$ 50 milhões (em apenas um dos negócios) em propinas para obter vantagens para a emissora sem o aval de seus donos.

A segunda parte da defesa da Globo, porém, é verdadeira. É das “autoridades americanas” que se coloca à disposição. Das brasileiras, não é preciso, são elas que estão à disposição da Globo.

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