Para o chefe do Executivo mineiro, ações do Judiciário e do Legislativo “atrapalham a governabilidade e a democracia do país”
Durante reunião com o Fórum dos Governadores nessa segunda-feira (23), o governador Romeu Zema (Novo) criticou as diversas cartas assinadas pelos chefes dos Executivos estaduais contra atitudes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e pediu que os colegas também apontem “defeitos” do Supremo Tribunal Federal (STF) e também do Congresso Nacional, já que ações desses dois Poderes atrapalham a “governabilidade e a democracia”. O trecho da fala do governador vazou e gerou compartilhamentos em grupos de filiados ao partido Novo.
Para o mandatário do Novo, o grupo formado por governadores “ficou muito focado no Executivo”, mas ele afirmou que tem muitas pautas no Congresso e no Supremo que o perturbam. “Deveríamos manifestar a respeito do Congresso, eu julgo um absurdo no momento como esse o Congresso liberar verba de quase R$ 7 bi para fundo eleitoral, momento em que a maioria da população passa fome. Não vi ninguém propondo isso. Então vamos abranger a pauta também. Essas ações que esses Poderes fazem também acabam prejudicando muito a governabilidade e até mesmo a democracia do nosso país”, sugeriu.
Sem citar nominalmente o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, mas em referência ao petista, Romeu Zema disse que meses atrás o Supremo liberou um “bandido de altíssima periculosidade” e que os governadores não fizeram nada. “O Fórum de Governadores se manifestou a respeito? Não vi”, ironizou.
Zema pontuou que “há sim uma grande insatisfação” dos governadores e da população com os ataques à democracia e, em ato falho, disse que “compartilha plenamente desses ataques”. “Sei que não temos tido uma boa vontade por parte do poder público federal, com relação às instituições, mas o que eu questiono é o formato. Eu vejo que esse formato de a cada fato ser emitida uma carta, é o que não é satisfatório. Como foi dito pelo (Carlos) Moisés (governador de Santa Catarina), talvez o melhor seria uma reunião com os envolvidos, nós estarmos questionando frente a frente e principalmente, estarmos levando propostas. Ficar mandando pedra, mais uma vez, vamos cair nessa vala da polarização de que estamos só seguindo caminhos opostos e cada vez mais distantes”, declarou.
Na última semana, Romeu Zema não assinou nota conjunta emitida por 14 governadores em solidariedade aos ministros do STF e suas famílias pelo o que foi chamado de “constantes ameaças e agressões”. A omissão do chefe do Executivo mineiro gerou reações no mundo político, principalmente de Agostinho Patrus (PV), presidente da Assembleia Legislativa de Minas Gerais, que afirmou que quem não se posiciona a favor da democracia e da independência entre os Poderes “escolhe o lado contrário”.