Fluxograma foi apresentado na sessão que ouve empresário Danilo Trento

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid apresentou durante a sessão desta quinta-feira (23) um fluxograma que liga a atuação da Precisa Medicamentos, empresa que intermediou a negociação da Covaxin, ao senador Flávio Bolsonaro (Patriota-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro.

Durante depoimento do empresário Danilo Trento, diretor institucional da Precisa, o relator da CPI, Renan Calheiros (MDB-AL), mostrou um gráfico apontando movimentações financeiras entre empresas de Francisco Maximiano, dono da Precisa, e a Primarcial Holding, da qual Danilo Trento é sócio.

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Dentre as movimentações, estão entradas e saídas de dinheiro para a Xis Internet Fibra, empresa de Maximiano e que foi motivo de uma interlocução com Flávio Bolsonaro. O senador levou Maximiano a uma reunião virtual com o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, em 13 de outubro.

Segundo o próprio parlamentar, a reunião tratou sobre um pedido de financiamento a Xis Internet Fibra e não houve negociações envolvendo a Precisa, investigada pela CPI. Para a comissão, no entanto, a Precisa realizou movimentações financeiras suspeitas por meio de outras empresas de fachada.

As operações apontam para um suposto esquema de lavagem de dinheiro. O Ministério da Saúde fechou um contrato com a Precisa e chegou a empenhar R$ 1,6 bilhão para comprar as doses da Covaxin, mas cancelou a contratação após o avanço das investigações.

Família Bolsonaro

Durante o depoimento, Danilo Trento confirmou que conhece Flávio Bolsonaro em eventos institucionais, mas negou ter relação com o filho do presidente ou com outro membro da família Bolsonaro. De acordo com o empresário, a reunião no BNDES ocorreu para prospectar recursos à empresa de Maximiano

A princípio, Danilo Trento disse que exerceria o direito ao silêncio sobre sua relação com a família. Os senadores insistiram e pediram ao relator Renan Calheiros (MDB-AL) para repetir a pergunta.

O diretor, então, afirmou que não tinha relação com a família. “Não tenho relação com nenhum membro da família, apenas os conheço. Alguns publicamente, outros em eventos.”

Sigilos

A CPI da Covid aprovou dois requerimentos de quebra de sigilos bancário, fiscal, telefônico e telemático do diretor Institucional da Precisa, Danilo Trento, e de seu irmão Gustavo Trento.

O empresário não soube explicar quais são as atividades de sua própria empresa, a Primarcial Holding e Participações.

Relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), em posse da CPI, registrou como atípicas transações milionárias entre a 6M Participações, controlada por Francisco Maximiano, dono da Precisa, e a Primarcial.

Trento disse ao presidente da CPI, Omar Aziz (PSD-AM), que a Primarcial “é uma empresa de participação”. “Participação, eu tenho que olhar o contrato social dela, as outras atividades, mas é uma empresa de participação”, afirmou o diretor.

Aziz insistiu e Trento disse, então, que exerceria o direito ao silêncio. “Ele tem uma empresa de participação, mas não quer me dizer (o) porquê”, afirmou Aziz. “Ele é dono de uma empresa, mas é empregado de outra. Você é patrão numa e empregado na outra.”

As declarações e o silêncio de Danilo Trento reforçaram as suspeitas da CPI sobre um suposto esquema de corrupção no governo. “Essa gente que foi escolhida pelo presidente da República para comprar vacina quando recusava comprar vacina à Pfizer, ao Butantan e à OMS. Ele preferiu esse tipo de negociação. Governo corrupto”, disse o relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL).

Trento foi questionado pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) sobre as tarefas que exerce na Precisa Medicamentos. O diretor disse que faz “atividades institucionais junto aos órgãos institucionais”. Declarou conhecer “vários senadores, deputados, autoridades, mas não em relação a negócios”.

“E institucionalmente com empresas privadas de representar a empresa desta forma”, declarou. “Representar a empresa a seus clientes, apresentá-la de forma institucional.”

Antes do início da sessão, o senador Randolfe Rodrigues (REDE-AP) afirmou que Danilo Trento é o “chefe da lavanderia da Precisa”, “da lavanderia do dinheiro” da empresa. A Precisa fechou contrato de R$ 1,6 bilhão para intermediar a compra de 20 milhões de doses da vacina Covaxin entre a farmacêutica indiana Bharat Biotech e o Ministério da Saúde, em 25 de fevereiro deste ano. O acordo foi rescindido em agosto pela pasta.

“Através da empresa dele circulam muitos recursos que vão para outras empresas que mandam para terceiras empresas”, disse o parlamentar.

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