O jornalista é acusado de estuprar colega de trabalho 

Por Juliana Gorayeb, do G1 Grande Minas

A Câmara de Vereadores de Montes Claros divulgou nesta terça-feira (8) a exoneração do ex-chefe do setor de comunicação do órgão, Hélio Machado, após a conclusão de um processo administrativo aberto contra ele. Hélio é acusado de ter cometido estupro contra uma assessora de comunicação, ex-colega de trabalho do acusado, dentro da Câmara.

Em nota enviada pela assessoria, a casa legislativa diz que uma Comissão Especial foi instaurada para apurar os fatos e que “pela existência de conduta administrativa inadequada no setor decidiu-se pela exoneração do servidor Hélio Machado”. Os abusos pelos quais o servidor, que era contratado, foi acusado de ter cometido ocorreram no último dia sete de fevereiro. Desde a denúncia, Hélio havia sido afastado do cargo e aguardava o resultado do processo administrativo.

O caso também foi investigado pela Delegacia da Mulher e um inquérito foi finalizado no dia 19 de abril. No documento, encaminhado à Justiça, a Polícia Civil afirma que o acusado teria “agarrado à vítima de 24 anos, por trás, passando as mãos por sua barriga e seios, e ainda teria dado uma leve ‘chupada’ em seu pescoço”. O jornalista foi indiciado pela PC por crime de estupro.

A exoneração do servidor ainda não foi publicada no Diário Oficial do município.

O que dizem os envolvidos
Após nota de esclarecimento da Câmara de Montes Claros informando decisão da exoneração, Hélio Machado falou com o G1 ao telefone. O jornalista foi servidor contratado por 23 anos e nega ter cometido o crime. “Me causa estranheza, tanto o teor do inquérito policial quanto o relatório da Câmara. Eu não fiz nada, nunca agrediria ninguém dessa forma. A decisão de me exonerar é injusta, porque nunca tive problemas com ninguém na casa durante todo o tempo em que trabalhei lá”, afirma.

Hélio conta não ter tido acesso à conclusão do processo instaurado pela Câmara oficialmente, e que não esperava ser exonerado. “Pelo que sei, a apuração nem chegou ao resultado concreto. Não conseguiram concluir o que houve, então por que me exonerar?”, questiona.

O ex-servidor foi questionado pelo G1 sobre os motivos que levaram uma colega de trabalho a denunciá-lo. Ele acusa os assessores da Câmara de Montes Claros de terem interesse no cargo que ocupava e alega sofrer perseguição política por parte da presidência da Câmara, ocupada pelo vereador Cláudio Prates (PTB).

“Essa história é mais um capítulo da perseguição política que venho sofrendo. Como a jornalista dava as cartas antes que eu fosse nomeado chefe, depois que eu assumi ela tentava fazer escalas de trabalho sem meu consentimento, e talvez até tivesse interesse em ocupar meu cargo. Outras pessoas que estão lá também tinham este interesse, de ocupar a chefia. A intenção de me atingir começa pelo fato de eu ser presidente de um partido político”, alega o ex-servidor.

Sobre a tentativa de estupro, em si, Hélio Machado afirma nunca ter tocado na jornalista sem o consentimento dela e que beijá-la como cumprimento era uma prática recorrente. “No dia em que ela alega ter sido abusada, eu apenas fiz um cumprimento, como fazíamos todos os dias, com um beijo e um abraço. Ela me cobrava que a cumprimentasse, inclusive, se em algum dia eu não o fizesse. Tanto não houve nada anormal, que na data do possível estupro ela não me disse nada, só depois eu soube que estava sendo acusado de estupro. Minha ascensão profissional a incomodou”, declara.

Hélio Machado disse não saber se vai recorrer da decisão tomada pela Câmara Municipal de Montes Claros e que vai aguardar decisão da Justiça.

Em resposta, a jornalista envolvida no caso enviou nota ao G1. Ela informa que jamais se exporia a uma situação constrangedora em vão e que a delegada responsável pelo caso relatou a situação de maneira sensata. “A verdade está clara, prova disso foram as decisões da Polícia Civil e da Câmara. Essa luta não é minha e sim coletiva. A denúncia é importante para que os agressores saibam que existe justiça”, diz.

O que diz o presidente da Câmara
O vereador Cláudio Prates, presidente da Câmara de Montes Claros, acusado por Hélio Machado de perseguição política, diz que as declarações do ex-servidor não são verdadeiras. A assessoria do parlamentar respondeu, através de nota, que o servidor demitido foi ouvido pela gerência e presidência da Casa Legislativa.

“Jamais haveria perseguição política até porque o jornalista ocupava um cargo de chefia na gestão, indicado pelo presidente. A argumentação dele é para justificar o injustificável. A decisão foi colegiada com base no relatório da comissão especial instaurada para apurar o caso”, diz a nota.

Entenda o caso
Uma assessora de comunicação da Câmara de Vereadores de Montes Claros acusou o ex-chefe de comunicação do órgão, agora demitido, de tentativa de estupro ocorrida no dia sete de fevereiro deste ano. A partir do registro do boletim de ocorrência, a Delegacia da Mulher instaurou um inquérito para investigar o então chefe de comunicação da Câmara de Montes Claros, no dia 2 de março.

O inquérito que investigava o caso foi concluído no dia 19 de abril e entregue à Justiça. A Polícia Civil diz que o acusado teria “agarrado a vítima de 24 anos, por trás, passando as mãos por sua barriga e seios, e ainda teria dado uma leve ‘chupada’ em seu pescoço”, relatou a Polícia Civil, em nota. O caso segue em trâmite na Justiça.

A Câmara Municipal, que também instaurou processo administrativo para investigar o caso, decidiu nesta terça-feira (8) exonerar Hélio Machado.

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