PESQUISA do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), publicada na quinta (17), mostra que o desemprego é ainda pior do que vem se anunciando.
 

Falta trabalho para 27,7 milhões de pessoas. Destes, 13,7 milhões procuraram emprego mas não encontraram.
A situação é ainda pior no Nordeste, a taxa chega a 15,9%. Esse é o maior contingente desde o início da série histórica, em 2012. A taxa de subutilização da força de trabalho, que inclui os desempregados, pessoas que gostariam de trabalhar mais e aqueles que desistiram de buscar emprego, bateu recorde no primeiro trimestre, chegando a 24,7%.
O IBGE aponta recorde para a taxa de desalento da força de trabalho, que indica as pessoas que desistiram de procurar trabalho.
No primeiro trimestre esse índice atingiu 4,1% – são 4,6 milhões de pessoas nessa condição, 60,6% deles na região Nordeste.

Pesquisa revela descrença da sociedade
O avanço brutal do desemprego e arrocho da renda, sociedade sinaliza descrédito em relação às reformas de Michel Temer.
Pesquisa da Confederação Nacional dos Transportes (CNT) mostra que 31,5% dos entrevistados a geração de emprego no país vai piorar. Em março, o percentual era 31%. Houve queda para aqueles que acham que a geração de emprego vai melhorar (21,7%), em março esse índice era de 28,9%. No quesito renda, 20,6% avaliaram que a renda pode aumentar nos próximos 6 meses, mas

esse quantitativo também caiu. Em março essa expectativa era de 23,3%.

O país do “se vira”
Por Fernando Brito – Tijolaço

Dias atrás, o senhor Michel Temer inovou na ciência econômica ao proclamar que os números que davam conta do aumento da desocupação de milhões de brasileiros eram fruto do “desemprego psicológico”.

Na estranha e cínica deformação da mente temerina, o resultado se devia ao fato de que, com a “retomada” da economia, as pessoas que estava desalentadas, desistindo de procurar uma colocação, teriam “se animado” a procurar uma vaga, tamanha a nova pujança econômica.

Aí vem o IBGE e prova que aquilo que parecia uma idiotice, afinal, uma idiotice mesmo.

Porque aconteceu, sim, mas o contrário: desde o golpe, quase dois milhões de brasileiros desistiram de procurar um emprego e, como não podem desistir de viver e de dar comida para as crianças, foram “se virar”. Do comércio de rua, aos bicos – que rareiam – até o inimaginável.

Diz a chamada de capa de O Globo, cruamente, que a taxa de desemprego só cedeu alguns décimos porque 500 mil pessoas saíram no mercado de trabalho para a inatividade em apenas um trimestre.

Dá para imaginar o que nos aguarda logo adiante, agora que o que era ruim piorou e até a mídia oficialista aceita que estamos à beira de uma novo espasmo de crise?

Segunda-feira, assisti uma destas operações de retirada da “casa” de moradores de rua, um amontoado de tapumes de obra feito para proteger um casa e seus dois fihos do frio da noite. Ontem, estavam lá outra vez, mas sem os tapumes e, claro, com o frio e a chuva.

O que vi, qualquer um pode ver nas ruas de nossas cidades maiores, onde a solidariedade diminui à medida em que os prédios crescem.

Vai piorar e piorar.

O “Super-Homem Moro” e seus coleguinhas da Liga da Justiça, que transformaram o Brasil no paraíso da honestidade deveriam, ao menos, entender que o único auxílio-moradia que esta gente sem esperança está recebendo são os restos de tapume para abrigar sua miséria.

Mas não vão, vão usar o mesmo conceito canalha do “desistiu de buscar emprego” como prova de indolência, como se os miseráveis deste país tivessem resolvido “viver de renda”.

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