O governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), voltou a criticar o programa Bolsa Família nesta terça-feira (22), atribuindo as dificuldades de contratação de mão de obra no país ao programa social e alegando que ele estaria incentivando a “vagabundagem”.
“É complicado no Brasil. Em Minas Gerais, temos mais de um milhão de pessoas recebendo o Bolsa Família que alegam não encontrar oportunidades de trabalho”, declarou o bolsonarista durante um encontro com empresários do setor de supermercados em Belo Horizonte.
“Já estive na posição de vocês. Muitas vezes, na entrevista, o candidato pergunta: ‘Preciso trabalhar no sábado ou domingo?’ Se você responde que sim, ele já desiste, porque quer a vaga, mas com várias condições que muitas empresas não conseguem atender.”
Essa não é a primeira vez que o governador critica o Bolsa Família. Em uma entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan, em fevereiro, ele comentou que alguns beneficiários evitam retornar ao mercado de trabalho com receio de perder o auxílio.
Além disso, em 2023, o simpatizante do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) declarou que os estados do Sul e Sudeste se diferenciam dos demais por terem uma maior proporção de trabalhadores em comparação àqueles que vivem de auxílios emergenciais.
Diante da repercussão negativa de suas falas e das acusações de preconceito, Zema, que busca construir sua candidatura à Presidência em 2026, afirmou que suas declarações foram mal interpretadas
Wellington Dias rebate ataque preconceituoso de Zema aos mais pobres
O ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), rebateu duramente as declarações preconceituosas do governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), que relacionou a falta de mão de obra no comércio e varejo ao pagamento do Bolsa Família.
A fala gerou indignação no governo federal, que considerou a abordagem como preconceituosa e equivocada. Wellington Dias foi rápido ao rebater e esclarecer as mudanças feitas no programa Bolsa Família, destacando que as críticas de Zema ignoram os esforços do governo para combater a pobreza e estimular a inclusão no mercado de trabalho.
“O preconceito prejudica os mais pobres, ainda mais com a disseminação de fake news. O presidente Lula mudou a regra do Bolsa Família para que não se perca o benefício ao conseguir um emprego, o que acontecia no Auxílio Brasil, do governo anterior”, ressaltou Dias. O ministro explicou que a nova configuração do programa permite que, mesmo com uma pessoa da família empregada, o benefício seja mantido. “Em uma família de seis pessoas, se uma tem emprego com carteira assinada e ganha um salário mínimo, o benefício é mantido. Se duas pessoas ganham um salário mínimo, a família ainda recebe 50% do valor. Ou seja, os beneficiários só param de receber o BF [Bolsa Família] quando saem da pobreza”, completou.
Wellington Dias também apresentou dados que contradizem a fala de Zema. “A prova de que nosso trabalho está funcionando é que, em 2023, 71% das vagas de emprego foram ocupadas por beneficiários do Bolsa Família, de acordo com dados do Caged. E, só neste ano, já chegamos a 77%. Não vamos deixar ninguém para trás. Estamos juntos no combate à pobreza!”, enfatizou o ministro.
As críticas de Zema também se estenderam a reclamações sobre a relutância de trabalhadores em aceitar empregos que exigem trabalho aos finais de semana. Ele afirmou que muitos trabalhadores “querem um trabalho cheio de pré-requisitos que nem sempre empresas e setor produtivo conseguem atender”. A fala foi vista como mais um exemplo de uma visão insensível em relação à realidade da classe trabalhadora.