O deputado federal Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito neste sábado (1º), em primeiro turno, para o cargo de presidente da Câmara dos Deputados, com 444 votos dos 513 deputados. Aos 35 anos, ele será o mais jovem presidente da Casa desde a redemocratização do país, mas carrega uma experiência de quatro mandatos consecutivos como deputado federal pela Paraíba.

Eleição da Mesa Diretora da Câmara dos Deputados para o biênio 2025/2027. ( Deputado Hugo Motta foi eleito novo presidente da Câmara dos Deputados. Foto Bruno Spada/ Câmara dos Deputados

Franco favorito na disputa, apoiado por 17 dos 20 partidos com assento na Câmara, Motta precisava de pelo menos a maioria absoluta de apoios (257 votos) para vencer em turno único, mas foi além e liquidou a fatura com amplo apoio entre os pares, de praticamente todo o espectro partidário.

A votação não superou a obtida por Arthur Lira (PP-AL) em fevereiro de 2023, quando ele foi reeleito com o voto uma votação recorde de 464 deputados.

Os dois concorrentes na disputa, Marcel van Hattem (Novo-RS) e Pastor Henrique Vieira (PSOL-RJ) obtiveram 31 e 22 votos, respectivamente. Houve o registro de dois votos em branco.

Após ter o resultado proclamado, Motta foi chamado à mesa para assinar o termo de posse e assumir a cadeira ocupada por Lira. O bloco que elegeu Motta reúne o PT, partido que dirige o governo federal, e o PL, principal legenda de oposição. Os demais integrantes são PCdoB, PV, União, PP, Republicanos, PSD, MDB, PDT, PSDB, Cidadania, PSB, Podemos, Avante, Solidariedade e PRD. Juntos, eles representam 494 dos 513 deputados federais.

O mandato de Hugo Motta vai até fevereiro de 2027, quando haverá eleição para a mesa diretora de uma nova legislatura. Além de ser o principal representante da Câmara dos Deputados, o presidente da Casa Legislativa é quem define a pauta de votações do plenário e supervisiona os trabalhos da instituição, incluindo as diversas comissões temáticas. O presidente da Câmara é o segundo na linha sucessória de presidente da República, após o vice-presidente, e integra o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional.

Nascido em 11 de setembro de 1989, em João Pessoa (PB), Hugo Motta é médico e oriundo de uma família com atuação na política na Paraíba. Em 2010, foi eleito o deputado federal mais jovem do Brasil, na época, com 21 anos. De perfil conciliador, Motta é conhecido por ter bom trânsito político tanto tanto em setores de esquerda quanto na direita, bem como no segmento empresarial. Ela herda a influência política do grupo até então liderado por Arthur Lira.

Em nota, o presidente da Luiz Inácio Lula da Silva parabenizou Motta pela eleição. “Estou certo de que avançaremos ainda mais nessa parceria exitosa entre Executivo e Legislativo, para a construção de um Brasil cada vez mais desenvolvido e mais justo, com responsabilidade fiscal, social e ambiental”, destacou Lula.

Senado
Mais cedo, o Senado Federal também realizou a eleição para a a presidência, com vitória por ampla maioria do senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que volta ao cargo após quatro anos, e para a nova mesa diretora da instituição pelos próximos dois anos

Motta diz que ‘não existe ditadura com Parlamento forte’ e termina discurso com ‘Ainda Estamos Aqui’

O novo presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), terminou seu primeiro discurso com a frase: “Ainda Estamos Aqui”, em referência ao filme “Ainda Estou Aqui”, que mostra a vida da família do ex-deputado Rubens Paiva, vítima da ditadura militar. Ele disse que “não existe ditadura com Parlamento forte”.

“O primeiro sinal de todas as ditaduras é minar e solapar todos os Parlamentos. Por isso, temos que lutar pela democracia”, declarou em seu discurso, citando uma frase do discurso histórico de Ulysses Guimarães no dia que promulgou a Constituição em 1988: “tenho ódio e nojo à ditadura”.

A fala gerou reações no plenário. Um grupo de deputados ecoou a frase “sem anistia”, em posição contrária ao projeto que anistia envolvidos nos atos de 8 de janeiro de 2023. Já a oposição, que colocou a proposta de perdão no acordo para apoio a Motta, não gostou da abordagem do agora presidente da Câmara em seu primeiro discurso.

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