Ex-ministro diz que atual política de juros prejudica o país e cobra reação do governo Lula

Ricardo Berzoini, ex-ministro. – Créditos: Reprodução/Youtube

Em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia, o ex-ministro Ricardo Berzoini fez duras críticas à política monetária brasileira, classificando a atuação do Banco Central como um obstáculo ao desenvolvimento do país. Para ele, a instituição vem operando em favor do mercado financeiro, penalizando a economia real com juros elevados e metas consideradas inalcançáveis.

Berzoini direcionou suas críticas especialmente ao presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo. “O Galípolo está pior que o Campos Neto”, afirmou. Segundo ele, o governo precisa reagir a decisões consideradas como técnicas, mas que afetam o crescimento, sem se calar por razões políticas. “Não dá para engolir erro calado só porque o governo é nosso”, disse.

Metas irreais, juros sufocantes e silêncio preocupante
Para o ex-ministro, a atual meta de inflação é “inexequível” e serve apenas como justificativa para manter a taxa Selic em níveis desproporcionais. “Estamos com uma inflação de cerca de 4,5% e juros reais perto de 10%. Isso não existe no mundo. Só no Brasil”, criticou. Ele comparou a política a uma dieta impossível: “É como querer emagrecer 30 quilos quando só dá para perder 10. A culpa não é da balança, é da meta.”

Berzoini apontou o descompasso da política atual com as necessidades do país. “Tesouro Direto está pagando 15% ao ano. Só perde para o tráfico de drogas e pedágio em São Paulo.” Segundo ele, essa lógica beneficia apenas rentistas, enquanto comerciantes, empresários e trabalhadores enfrentam as consequências.

Ele também refutou a ideia de que a inflação atual seria causada por excesso de demanda, atribuindo a alta de preços a fatores externos, como secas em países produtores de alimentos. “Não falta consumo. Falta coordenação”, afirmou.

Berzoini alerta para o risco político de o governo não se manifestar diante desse cenário. “Quando era o Campos Neto, o PT criticava. Agora, com Galípolo, reina o silêncio. Isso é incoerente.” Ele defendeu a revisão urgente da meta de inflação pelo Conselho Monetário Nacional, composto por Fernando Haddad, Simone Tebet e o próprio Galípolo, e concluiu: “O Banco Central virou o sindicato dos rentistas. Decide contra quem trabalha e a favor de quem vive de renda.”

Fonte: Revista Fórum

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