Contra a PEC do referendo e avanço da privatização de Zema, trabalhadores da Copasa cruzam os braços entre 21 e 23 de outubro em defesa do direito de decisão popular sobre a estatal

Os trabalhadores da Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) anunciaram uma greve de três dias, entre 21 e 23 de outubro, em protesto contra os planos de privatização da empresa e a tramitação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que retira a obrigatoriedade de realização de um referendo popular sobre o tema. A paralisação, articulada pelo Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgotos (Sindágua-MG), deve mobilizar os servidores de todo o estado.
Durante os dias de greve, estão previstas concentrações diárias em frente à Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Na terça-feira (22), a mobilização será reforçada com uma audiência pública às 11h e um ato em frente à sede da Copasa, no bairro Santo Antônio, em Belo Horizonte. Segundo o presidente do Sindágua-MG, Eduardo Pereira, a expectativa é reunir de 4 mil a 6 mil trabalhadores na capital.
“Precisamos lutar pelo direito do referendo popular, o nosso direito de decidir se a Copasa deve ou não ser privatizada, e contra a PEC 24. Essa pauta não interessa apenas aos trabalhadores, mas a toda a população”, afirma Pereira em suas redes sociais.
O sindicato assegura que a paralisação não afetará os serviços essenciais, como o abastecimento de água e o tratamento de esgoto, que seguirão funcionando com escala mínima.
A greve acontece no momento em que a PEC do referendo avança na ALMG. O texto, aprovado por uma comissão especial na semana passada, está pronto para votação em plenário, embora ainda não tenha data definida. A proposta é uma das prioridades do governo Romeu Zema (Novo), que pretende abrir caminho para a venda da Copasa e da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig).
Na última semana, no entanto, o cenário político mudou. Após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicar um novo decreto alterando as regras do Programa de Pleno Pagamento de Dívidas dos Estados (Propag), o presidente da Assembleia, Tadeu Martins Leite (MDB), decidiu suspender temporariamente a tramitação dos projetos ligados ao programa, incluindo a PEC do referendo e as propostas de privatização.
Mesmo assim, os sindicatos seguem em mobilização. O Sindágua-MG e o Sindieletro-MG, que representa os trabalhadores da Cemig, protocolaram um pedido formal na ALMG para suspender definitivamente as discussões sobre o tema.
“As privatizações trarão consequências graves, como aumento nas tarifas e piora dos serviços. É fundamental que a sociedade participe desse debate”, defende Emerson Andrada, coordenador-geral do Sindieletro-MG.
A Copasa atende 638 municípios mineiros, prestando serviços a 11,8 milhões de pessoas no abastecimento de água e 8,3 milhões no esgotamento sanitário.
Serviço
Mobilização na capital
Audiência Pública – Câmara Municipal de Belo Horizonte
17/10/2025 (sexta-feira) – 9h30
Avenida dos Andradas, 3100, Santa Efigênia
Audiência Pública e Ato Público – Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG)
22/10/2025 (quarta-feira) – 11h
Rua Rodrigues Caldas, 30, Santo Agostinho, Belo Horizonte
Convocação: Sindieletro e Sindágua
Mobilização no interior
Audiência Pública – Câmara Municipal de Montes Claros
20/10/2025 (segunda-feira) – 19h
Avenida Rui Palmeira, 2770, bairro Vila Exposição