E faz tempo, um ano e meio, fechado numa saleta da Polícia Federal do Paraná.

Acusado de tudo e mais um pouco, numa enxurrada de processos onde não há provas, mas há um monolitismo de convicções judiciárias que só agora ameaça se quebrar.

E no entanto, a Veja adverte: ele é o grande “perigo” de que a esquerda possa vencer a eleição distante de 2022.

Como há duas décadas, em 2002, de que seja ele a esperança para enfrentar os dias de medo que o país em crise, faz tempo, vive, sem consertar-se.

Claro, a pesquisa da Veja põe Bolsonaro e Moro à sua frente: há cinco anos sendo pintado nas telas de TV e capa de revistas como o demônio em pessoa, estranho seria o contrário.

Mas nada consegue disfarçar que o ex-presidente tem o suficiente – mais que o suficiente, até, para inverter a pequena vantagem que dizem ostentar contra ele.

Podem até dizer que vencem, se o adversário estiver amarrado e os juízes forem seus. Nem disso têm certeza, de tão ruins que são.

Se tivessem esta folga, não seria a liberdade de Lula, mesmo provisória, o grande terror que os apavora, ao ponto de generais crepusculares porem-se à deprimente tarefa de “tuitar” sobre a “convulsão social” que um homem às vésperas de completar 74 anos causaria, pelo simples fato de ser solto.

Logo ele, o perigoso esquerdista que não diz que vai fuzilar, prender, que não apela às armas, que não quer fazer do filho de embaixador e não coloca a prole pendurada na política.

Logo ele, que governou num período em que, para todos eles, a prosperidade imperou e se deu aos pobres sem tirar dos ricos.

E isto os desespera porque, tendo tudo nas mãos, não conseguem senão crise, privações e ódios.

Manietado em Curitiba, o ex-presidente é a negação do que fazem,

No país das divisões, é o “radical” Lula quem quer unir.

No país da grosseria, é quem chamam de analfabeto que prega o convívio civilizado.

Que quer que as pessoas riam, comam, morem, comprem, trabalhem, produzam e ganhem.

O populista que não sorteia um caminhão de prêmios, o antimilitar que reequipou as Forças Armadas, o “paraíba” que é acolhido e aplaudido nos salões do mundo.

Dá-lhes medo, numa palavra, porque, com todos os defeitos e limitações que possa ter tido, fez do Brasil o que ele não pode ser: um país respeitado.

Querem que ele não possa ir buscar o Brasil profundo e o traga para a sala da casa, em lugar de deixá-lo virar selvagem na periferia, sem sonho e sem futuro.

Ele está em cada canto deste país que não pode aceitar ser do tamanho da mediocridade que suas elites o fazem viver.

Mesmo encerrado num cárcere, Lula não está preso, babacas.

Via Tijolaço

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