O técnico de campo, Alex Sandro, no primeiro plano da imagem, ao lado da supervisora de ATeG Abigair Duarte e a apicultora Maria Neuza (Foto: Ricardo Guimarães)
A apicultura no Norte de Minas, cada vez mais, tem se tornado ponto de destaque no papel social e econômico, transformando a vida de pequenos produtores rurais através da geração de novas fontes de renda. Em São João da Ponte, Maria Neuza Muniz de Aguiar, a Nega, não esconde a satisfação em ver que o trabalho desenvolvido na sua propriedade, com a assistência técnica e gerencial do Programa AgroNordeste, do Sistema FAEMG, tem dado resultados e oferecido novas oportunidades para toda a família.
“Nunca imaginei que pudesse colher mel. Conhecia sobre mel por causa dos familiares, como meu pai que atuava como meleiro, mas eu nunca tinha tido contato. A primeira colheita foi pouca, mas foi uma vitória. Fiquei satisfeita. Hoje me sinto mais motivada para seguir tentando crescer e também incentivando outros vizinhos para começarem a atuar na área”, destacou Maria Neuza.
E a apicultora fala com orgulho da conquista pessoal exatamente porque foi através da produção de mel que ela interrompeu um ciclo de trabalho exaustivo na colheita de café. Por quase 28 anos, Nega deixava a sua pequena propriedade, junto ao marido, com destino à região do Triângulo Mineiro. Todos os anos ela fazia o percurso e ficava até cinco meses longe da casa e dos filhos. “A gente ia para a colheita de café, normalmente em Patrocínio. Todos os anos um longo período fora de casa. Deixa os quatro filhos com amigos ou com minha irmã. O valor recebido na colheita não valia tanto assim, mas era necessário. O pouco que a gente plantava na propriedade, quando voltava da colheita do café já estava tudo acabado. A atividade por aqui era só roça e cana. Agora, faz dois anos que não vou mais nas colheitas. Meu marido ainda mantém, mas o projeto é ele também deixar de ir, para atuarmos juntos com a apicultura”, explicou a produtora rural.
Muitos motivos para sonhar
A história de Nega, que vive na pequena Comunidade João Moreira, reflete uma realidade local bem comum. Muitos amigos, vizinhos e familiares da apicultora fazem o mesmo trajeto até as plantações de café, geração após geração. A história da irmã de Nega, por exemplo, já foi apresentada por aqui. Cleuza de Jesus Antunes também atuou durante muitos anos com o café e hoje é uma das que se destaca na apicultura na região de São João da Ponte, passando do consumo próprio à venda do produto para várias cidades.
E este crescimento através do mel não tem sido diferente com Nega, que hoje já entrega com regularidade sua produção para a Associação Pontense de Apicultores e Meliponicultores (APAM) e para a merenda escolar. “A chegada da assistência técnica foi maravilhosa demais. Eu já tinha feito alguns cursos do Senar, mas não de apicultora. Certo dia, através de um projeto social, recebemos o curso e eu gostei demais da área. Nem tenho como descrever a sensação que é poder ficar na minha propriedade, investir aqui e poder ficar ao lado dos meus filhos”, comentou a apicultora.
Aos 50 anos, Nega, que está bem próxima de completar os dois anos de ATeG, tem dado todos os sinais que o crescimento da produção seguirá em ritmo alto. Hoje ela tem 16 colmeias produtivas, tendo produzido no último ano de assistência técnica cerca de 650 kg de mel. “A Maria Neuza começou no ATeG com apenas uma colmeia produtiva. Ela sempre se destacou pela dedicação na atividade, colocando em prática todas as orientações técnicas e gerenciais que foram passadas. Ao longo deste processo, ajudamos a apicultora na captura de enxames, manejo de troca de cera, alimentação e troca de rainha, que já tem ajudado no desenvolvimento do apiário e resultado na produção”, explicou o técnico de campo Alex Sandro Santa Rosa.
A atividade, que já mantém Nega na sua propriedade, também já faz parte da vida de dois dos filhos, que investem tempo em cursos de apicultora e contribuem no trabalho da mãe. Para seguir crescendo, a apicultora sabe bem a receita: não parar de acreditar e trabalhar. “Meu sonho é de viver somente da renda do apiário, trazer os filhos para trabalharem junto e ser uma forma de trabalho que não precise mais que meu esposo faça as viagens para os cafezais. Para isso sigo todas as orientações e faço o dever de casa, com as indicações do técnico e assistindo aulas que ele indica sobre apicultura no celular. Meu próximo passo é poder colocar rótulos com o nome do apiário para o envaze do produto”, finalizou Maria Neuza.
Projeto AgroNordeste
O projeto é uma iniciativa do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) em parceria com o Sistema CNA/SENAR e a ANATER. Em Minas Gerais, o AgroNordeste é desenvolvido pelo Sistema FAEMG em parceria com os Sindicatos Rurais.