Ministro poderia ficar na Corte até 2033, mas optou por antecipar saída após o fim de seu mandato na presidência, encerrado em setembro
O ministro Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) que deixará o Supremo Tribunal Federal (STF) antes do prazo legal de aposentadoria compulsória, previsto para 2033.
“É hora de seguir novos rumos. Não tenho apego ao poder e gostaria de viver a vida que me resta sem as responsabilidades do cargo. Os sacrifícios e os ônus da nossa profissão acabam se transferindo aos familiares e às pessoas queridas”, afirmou Barroso no final da sessão do STF de hoje.
O ministro, que presidiu o Supremo até setembro deste ano, comunicou a decisão ao atual presidente da Corte, Edson Fachin, e a colegas do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele pretende fazer um retiro espiritual ainda em outubro, em um centro ligado à Brahma Kumaris, antes de definir a data detalhes da aposentadoria.
O ministro foi indicado ao STF em 2013 pela presidente Dilma Rousseff (PT). Durante sua recente presidência na Corte, o STF julgou e condenou envolvidos na tentativa de golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Com o anúncio, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deverá indicar em breve o novo nome para o Supremo, ainda não definido.
Pacheco
Com a antecipação da aposentadoria de Luís Roberto Barroso do Supremo Tribunal Federal, a corrida pela sucessão já começou nos bastidores de Brasília
O senador Rodrigo Pacheco, amigo de Lula, já foi citado pelo decano do STF, Gilmar Mendes, como “nosso candidato ao STF”. O parlamentar também tem o apoio do presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União Brasil).
No entanto, integrantes do entorno do presidente Lula avaliam que Pacheco não é o nome cotado para a sucessão. O primeiro motivo é político: Pacheco é tratado como o plano A de Lula para disputar o governo de Minas Gerais em 2026, o segundo maior colégio eleitoral do país — considerado estratégico para qualquer presidenciável, já que historicamente vencer em Minas tem sido determinante para o resultado nacional.
O segundo motivo é técnico. Interlocutores do governo veem o senador como inclinado a favorecer interesses da iniciativa privada em litígios envolvendo a União, como demonstrou ao se posicionar contra o fim imediato da desoneração da folha de pagamentos.
Outro nome cotado para o assumir o lugar de Barroso é o do advogado-geral da União, Jorge Messias.