Quarenta e dois animais silvestres são resgatados diariamente em Minas Gerais

Somente nos primeiros quatro meses de 2024, o Corpo de Bombeiros realizou 5.142 salvamentos Por Vitor Fórneas Quarenta e dois animais silvestres são resgatados diariamente em Minas Gerais. Somente nos primeiros quatro meses de 2024, o Corpo de Bombeiros realizou 5.142 salvamentos. A ida dos animais para os centros urbanos pode ser explicada, segundo veterinários e militares, pelo desmatamento e ocupação de áreas rurais por moradias. Março foi o mês com mais resgates de animais silvestres até o momento: 1.364 — veja a relação completa abaixo. O trabalho é realizado pelos bombeiros, após a corporação ser acionada, conforme explica o sargento Allan Azevedo, da assessoria de comunicação do Corpo de Bombeiros. “A corporação atua em duas situações. A primeira é quando o animal silvestre oferece risco às pessoas, ou quando ele é que está em risco (se foi atingido por linha de cerol ou atacado por outro animal). Os militares vão até o local com equipamentos específicos para captura. Isso varia de acordo com o animal a ser resgatado”, afirma. Uma das ferramentas utilizadas pelos agentes ao atender um chamado com onça, por exemplo, é o cambão. “Trata-se de um bastão com corda na ponta e que nos possibilita ajustar o tamanho do laço para alcançá-la. Quando é uma cobra temos que utilizar o capturador de serpentes. As técnicas variam”, aponta o sargento dos bombeiros. Após o resgate, a equipe dos bombeiros analisa o estado de saúde do animal. “Tem casos em que ele só não não conseguia sair do local em que estava, mas está ótimo. Quando isso acontece, levamos o animal silvestre até a área de mata e o deixamos em um local onde irá conseguir se alimentar e proteger”. Em alguns casos, por sua vez, os animais precisam ser encaminhados para atendimento especializado. “Um dos locais é o Centro de Triagem de Animais Silvestres ou, então, alguma clínica veterinária parceira. Passado o período de recuperação, o animal é levado para a natureza”, conta o sargento Azevedo. É o que aconteceu com uma onça parda, que estava em recuperação do Zoológico de Belo Horizonte após ser atropelada, e iniciou o seu processo de retorno à natureza. O felino chegou ao espaço na capital mineira em fevereiro deste ano depois de ter sido resgatado pelo Corpo de Bombeiros próximo a uma rodovia em Campos Altos, na região do Alto Paranaíba. O animal, que é nativo do Brasil e das Américas, faz parte de uma espécie ameaçada de extinção. Explicação O grande volume de resgates de animais silvestres pode ser explicado, segundo a veterinária Marcela Ortiz, pela busca de alimentação. “Está faltando alimento na natureza para os animais. Isso acontece pois estamos invadindo as reservas, as áreas de mata. Logo, eles vêm para a área urbana”, afirma a doutora em zoologia. A saída dos animais silvestres do habitat natural é, conforme explica Marcela, mais uma fase do processo de extinção. “A primeira é a perda do território. Isso faz com que eles busquem grandes cidades, ou fiquem em áreas marginais e depois acabem morrendo. É assim que as espécies são extintas”. O sargento Azevedo destaca, por sua vez, que as construções próximas aos centros rurais ajudam a explicar o fenômeno. “Os animais vão ficando sem lugar e vão procurar alimentos e locais para se abrigar. Outro ponto que colabora é o incêndio florestal que deteriora a mata, além de provocar desmatamento”. A recomendação, ao avistar algum animal silvestre, é acionar o Corpo de Bombeiros pelo 193. “Jamais tente fazer a captura, pois pode acontecer algum acidente”, recomenda o sargento Azevedo. Balanço Dados de captura de animais silvestre Janeiro – 1.296 Fevereiro – 1.338 Março – 1.364 Abril – 1.144 Fonte – Corpo de Bombeiros Militar de Minas Gerais

Comunidades de Itatiaiuçu (MG) denunciam mineradora por violação de direitos

“Entram nos nossos terrenos como se fossem donas”, relatou uma moradora à ALMG Falta de água, poluição de rios, barulho e poeira resultantes de detonações em minas, alto tráfego de caminhões e máquinas, e saída forçada de suas próprias casas. Esses foram problemas relatados pelas comunidades Samambaia e Curtume, de Itatiaiuçu, na Região Metropolitana de Belo Horizonte (RMBH), devido aos impactos da mineração na cidade. Os desafios foram expostos em visita técnica da Comissão de Meio Ambiente e de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) nos territórios, a pedido da deputada estadual Beatriz Cerqueira (PT). Durante uma roda de conversa, moradores detalharam situações enfrentadas desde 2014, quando a Usiminas se instalou na região. A falta de intervenção da prefeitura nos processos de violação de direitos, por exemplo, foi um aspecto de destaque, além da retirada do lazer. As comunidades tinham uma pequena queda d’água, chamada de Bicão, que hoje está suja e com acesso fechado pela empresa. Nesse processo, Quintas da Boa Vista, Quintas de Itatiaia, Cascalho, Pinheiros e Ponta da Serra também foram territórios afetados. Em declaração à ALMG, a moradora Valdirene Faria denunciou o Plano Diretor de Itatiaiuçu, que considerou várias áreas rurais do município como zonas urbanas, o que, segundo ela, está em desacordo com a legislação federal. “A Usiminas e essas outras mineradoras acham que são donas da cidade; entram nos nossos terrenos como se fossem donas. Colocam piquetes e dão prazo de um ano pra gente sair”, criticou. “A comunidade está sendo calada à força e todo mundo vai definhando aos poucos”, lamentou. Moradores também denunciaram a mortandade de peixes, devido ao assoreamento do rio, após o rompimento de um dique da mineradora, em 2019. Rachaduras em residências por causa de explosões, soar de sirenes sem aviso prévio e fixação de placas de avisos de perigo dentro das propriedades sem autorização foram outras reclamações. Encaminhamentos Para tentar reverter o quadro, a deputada Beatriz Cerqueira solicitou audiência pública sobre o tema, com convite aos atingidos, à Usiminas, à prefeitura e ao Ministério Público. “Será que vale a pena toda essa destruição? Temos que ter políticas que protejam mais as pessoas e menos as mineradoras”, lembrou a parlamentar. A parlamentar também prometeu cobrar dos órgãos ambientais do estado a realização de análise da água dos rios e córregos que servem à localidade, além da realização de um parecer sobre o estágio atual de descomissionamento da barragem da mineradora. O promotor Guilherme Miranda, que também participou da visita, anunciou que o Ministério Público vai instaurar dois procedimentos para área comunitária e para o meio ambiente. A ideia é investigar a contaminação dos recursos hídricos e proteger o modo de vida da população local. Outro lado Procurada pela reportagem, a Usiminas respondeu que tem atuado para reduzir impactos das operações e investido em medidas de mitigação e recuperação, como o programa Mina D’água, que visa recuperar e proteger nascentes e cursos d’água. Também informou que mantém padrões rigorosos de segurança em todas as obras e intervenções, além de investir em ampliação de acesso ao lazer. Brasil de Fato MG

Feriado de Tiradentes teve abraço na Serra da Moeda contra a mineração

Protesto pediu a proteção dos recursos hídricos diante de grandes empreendimentos que ameaçam a região O tradicional Abraço na Serra da Moeda aconteceu no ponto conhecido como Topo do Mundo. A iniciativa foi da ONG Abrace a Serra da Moeda, que há 17 anos realiza o ato como forma de chamar atenção para a preservação do espaço. Este ano, o protesto abordou a preservação dos lençois freáticos que abastecem rios e nascentes da região e são colocados em risco pela mineração em Minas Gerais. A advogada voluntária da ONG, Beatriz Vignolo, explicou que a mineração pode comprometer as nascentes e causar desabastecimento hídrico de comunidades inteiras. “A gente tem um problema grande que é a coincidência entre o minério de ferro e o aquífero subterrâneo. Para avançar na frente de lavra, a empresa tem que fazer o rebaixamento do lençol freático e, com isso, comprometer as nascentes que abastecem as comunidades “, afirmou. O grupo reivindicou também a implantação do plano de manejo do Monumento Natural da Mãe D’Água, uma unidade de conservação com mais de 31 nascentes, localizada na Serra da Moeda. “Hoje, o Monumento da Mãe D’Água protege apenas a vertente oeste da região da Serra da Moeda, que é a região onde fica Brumadinho. A vertente leste não está protegida, onde ficam os municípios de Nova Lima e Itabirito. E é a partir dessa vertente que a gente encontra ameaças como a fábrica da Coca-Cola, em Itabirito, e o mega projeto de expansão imobiliária da CSul, na Lagoa dos Ingleses”, relata Beatriz. O Abraço na Serra da Moeda aconteceu pontualmente às 12h deste domingo (21). A organização do evento disponibilizou nove ônibus gratuitos para levar moradores de comunidades do entorno da serra até o local da manifestação.

Brasil e França vão captar R$ 1 bilhão para projetos verdes na Amazônia

A parceria foi fechada por conta da primeira visita oficial do presidente da França, Emmanuel Macron, ao Brasil por Iram Alfaia O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Agência Francesa de Desenvolvimento (AFD) selaram nesta quinta-feira (28) um acordo para a captação de R$ 1 bilhão (EUR 200 milhões) para serem investidos em projetos verdes e de infraestrutura sustentável na Amazônia e no Nordeste. A parceria foi fechada por conta da primeira visita oficial do presidente da França, Emmanuel Macron, ao Brasil. O documento foi assinado pela diretora de Mercado de Capitais e Finanças Sustentáveis do BNDES, Natália Dias, e pelo presidente do Grupo AFD, Rémy Rioux. A ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), Marina Silva, participou do encontro, no Palácio do Planalto. De acordo com o banco, trata-se de um passo importante para a obtenção das autorizações internas necessárias para as instituições negociarem os termos finais do contrato de empréstimo externo, o que deverá ocorrer ao longo dos próximos meses. “A iniciativa reforça a reaproximação com a AFD, com quem o BNDES já havia realizado uma captação de recursos em 2014, e fortalece a estratégia de diversificação das fontes de financiamento do banco”, avalia Natália Dias. Para ela, com parceiros relevantes no cenário internacional, o BNDES tem a “ancoragem necessária para trazer recursos a custos competitivos de outros investidores, nacionais e internacionais, engajados na agenda sustentável”. Rémy Rioux considera que a assinatura do novo acordo materializa os compromissos firmados esta semana em Belém pelos Presidentes Macron e Lula, sobre financiamento à bioeconomia e à economia sustentável. “É com grande satisfação que hoje marcamos um novo avanço na consolidação da nossa parceria de longo prazo, que une o BNDES ao Grupo AFD em torno de um objetivo comum: apoiar o Brasil na sua trajetória de desenvolvimento sustentável”, afirma. Os recursos poderão ser investidos nos setores de transporte e mobilidade de baixo carbono, gestão de resíduos, soluções de água e saneamento, agricultura e pecuária sustentáveis, silvicultura, produção de alimentos e biomateriais, geração de energia renovável (armazenamento, transporte e distribuição), bioeconomia ou de infraestruturas sustentáveis, nas condições previstas nas políticas operacionais do BNDES. O acordo também institui os termos para a discussão de um programa de cooperação técnica em biodiversidade, clima, cultura, patrimônio histórico, gênero, diversidade e inclusão social.

Assembleia cobra implementação do Plano Estadual de Recursos Hídricos

Diretor do Igam diz que governo finaliza novo plano e também a regulamentação do Fhidro Minas Gerais deve ganhar em breve um novo Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH) e uma nova regulamentação para o Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro), o que pode trazer novas fontes de recursos para obras de saneamento e de prevenção contra extremos climáticos. A previsão de conclusão dessas novas regulamentações foi feita nesta quarta-feira (20/3/24) pelo diretor-geral do Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam), Marcelo da Fonseca, que participou de audiência pública promovida pela Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG). Durante a reunião, Marcelo da Fonseca enfrentou questionamentos da deputada Ione Pinheiro (União), vice-presidente da comissão, sobre quanto tempo a população ainda precisará esperar para que os recursos do Fhidro e as obras do Plano Estadual de Recursos Hídricos se tornem realidade. “As coisas são colocadas por escrito, mas na hora de sair do papel não é fácil” – Dep. Ione Pinheiro A audiência pública foi solicitada pelo presidente da Comissão de Meio Ambiente, deputado Tito Torres (PSD), para debater e avaliar a evolução da Política Estadual de Recursos Hídricos de Minas Gerais, contida na Lei 13.199, de 1999. Criado em 1999, o Fhidro tem o objetivo de apoiar financeiramente iniciativas que promovem a racionalização do uso e a melhoria dos recursos hídricos em Minas. Em dezembro de 2023, o Fhidro recebeu novas regras aprovadas pela Assembleia. Mas algumas delas ainda dependem de regulamentação pelo Executivo. Durante a discussão da nova lei na Assembleia, a conclusão foi de que o fundo não vem sendo bem executado, e seus recursos têm sido rotineiramente contingenciados. Em média, entre 2019 e 2022, a execução foi de apenas 6,21% dos recursos autorizados para o fundo. De acordo com Marcelo da Fonseca, a nova regulamentação do Fhidro já está em sua fase final e deve ser concluída em breve. Com relação ao Plano de Estadual de Segurança Hídrica, o diretor do Igam afirmou que está sendo criado um novo modelo, que não trará apenas “metas soltas” mas também apresentará um banco de projetos. “Estamos agora na fase de definir os projetos de cada área”, afirmou o gestor. Apenas a Região Metropolitana de Belo Horizonte já ganhou um Plano de Segurança Hídrica elaborado recentemente pela Agência Metropolitana. De acordo com Marcelo da Fonseca, os diversos órgãos envolvidos estão agora em um processo de articulação para viabilizar a execução dos projetos propostos. Muitas deles, segundo o diretor do Igam, envolvem questões de saneamento e dependem sobretudo da Copasa. O Plano de Recursos Hídricos tem o objetivo de estabelecer princípios básicos e diretrizes para o planejamento e o controle adequado do uso da água no Estado e orientar a integração da gestão de recursos hídricos com as políticas setoriais, como a agricultura e o saneamento. Agilização dos processos de outorga é elogiada O diretor do Igam foi cobrado com relação à necessidade de se tirar do papel instrumentos como o Fhidro, mas também foi parabenizado pelo trabalho do órgão em reduzir os gargalos da outorga para uso de recursos hídricos. “O Igam conseguiu acabar com a fila da outorga”, afirmou Tito Torres. A outorga é o instrumento legal que assegura o direito de utilizar os recursos hídricos. No entanto, essa autorização não dá ao usuário a propriedade de água, mas, sim, o direito de seu uso. Portanto, a outorga poderá ser suspensa, parcial ou totalmente, em casos extremos de escassez, de não cumprimento pelo outorgado dos termos de outorga, por necessidade premente de se atenderem aos usos prioritários e de interesse coletivo, dentre outras hipóteses previstas. “A cobrança não é uma taxa, nem um imposto, é um preço público, e há uma grande inadimplência dos usuários, pois muitos nem sabem que estão obrigados a pagar”, afirmou Marcelo da Fonseca, ao salientar a necessidade de um maior esclarecimento da população sobre o assunto. A mesma necessidade foi ressaltada pela vice-presidente da Associação Brasileira de Recursos Hídricos, Talita Fernanda das Graças Silva. Ela argumentou que, sem o engajamento das pessoas, a política de recursos hídricos não tem como funcionar, pois diante da dimensão do Estado não é possível ter poder de polícia suficiente para promover uma fiscalização efetiva. E esse engajamento precisa ser qualificado e informado. A analista da Gerência de Meio Ambiente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg), Priscila Gonçalves Moreira, disse que o órgão tem procurado divulgar informações relativas à gestão dos recursos hídricos em eventos organizados em parceria com o Igam. Já a assessora de Sustentabilidade da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg), Ana Paula Bicalho, destacou a necessidade de novos investimentos em armazenamento de água e criação de novas áreas irrigadas, um potencial ainda pouco explorado em Minas Gerais e no Brasil. Fonte: ALMG

Governo vai cadastrar catadores para facilitar contratação

Portaria estabelece critérios para trabalhadores se cadastrarem O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima vai iniciar o cadastramento de cooperativas e associações de catadores e catadoras de materiais recicláveis e reutilizáveis no Sistema Nacional de Informações sobre a Gestão dos Resíduos Sólidos (Sinir). A medida tem como objetivo viabilizar a contratação e o pagamento do serviço ambiental pelo Poder Público e inserção desses profissionais no sistema de logística reversa. Portaria publicada no Diário Oficial da União desta quarta-feira (20) estabelece critérios para que os grupos de trabalhadores estejam habilitados a fazer o cadastro. O documento começa a vigorar no dia 28, quando o Sinir deverá disponibilizar o módulo Catadores, onde será possível se cadastrar. Para acessar o serviço, as entidades precisam cumprir exigências como ter Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ), infraestrutura para realizar a triagem e estatuto social, além de comprovar o sistema de rateio dos lucros entre os cooperados ou associados. Também é necessário que o grupo seja composto majoritariamente por catadoras e catadores de materiais reutilizáveis e recicláveis. O cadastramento dará acesso a um documento de habilitação da entidade, exigido por programas como Coleta Seletiva Cidadã, criado pela Advocacia Geral da União para a separação dos resíduos reutilizáveis e recicláveis dos órgãos e das entidades da administração pública federal. A habilitação terá validade de três anos e terá que ser renovada pelo Sinir, com reenvio de documentos e atualização de informações após esse prazo. A iniciativa faz parte da Política Nacional de Resíduos Sólidos (Lei 12.305/2010), que trata dos serviços de coleta seletiva, transporte, triagem, tratamento, reciclagem, compostagem e adequada destinação dos resíduos sólidos em todo o país

Comitês elaboram propostas de águas superficiais e subterrâneas

Os Comitês das Bacias dos Rios São Francisco e Jequitaí-Pacuí iniciaram a elaboração das propostas de enquadramento dos corpos de águas superficiais e implantação de um programa de monitoramento das águas subterrâneas. O assunto foi discutido durante a primeira consulta pública para elaboração da Proposta de Enquadramento dos Corpos de Águas Superficiais e da Proposta Conceitual para a Implantação de um Programa de Monitoramento das Águas Subterrâneas na Bacia Hidrográfica dos Rios Jequitaí-Pacuí-SF6 (SF6). Financiado pelo Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco, o trabalho ainda vai compreender as etapas de Prognóstico, Proposição de Metas relativas às Alternativas de Enquadramento de Águas Superficiais, Programa de Efetivação do Enquadramento de Águas Superficiais e a Proposta Conceitual para a Implantação de um Programa de Monitoramento das Águas Subterrâneas. Na primeira consulta pública foi apresentado o Relatório em Elaboração do Diagnóstico da Bacia Hidrográfica dos Rios Jequitaí-Pacuí com dados sobre as águas superficiais e subterrâneas. De acordo com o relatório elaborado pela Ecoplan Engenharia, empresa contratada pelo CBHSF através da Agência Peixe Vivo, o maior uso de água nos rios é da agricultura irrigada, representando 93,22% da demanda hídrica. Da demanda total, 60,67% estão concentradas na sub-bacia Sudoeste. Além disso, também existem áreas de conflitos pelo uso dos recursos hídricos. O diagnóstico apontou indisponibilidade hídrica aferida pelo balanço hídrico de vazões outorgadas, no qual a demanda pelo uso dos recursos hídricos é superior à vazão outorgável. Com isso, existe uma área de conflito por uso de recursos hídricos, localizada na bacia do Rio Formoso. Também foram identificados desvios padrões de qualidade para as variáveis indicadoras de sólidos, turbidez (28,18%), sólidos em suspensão totais (24,12%), e cor verdadeira (22,79%), associadas ao aporte de poluentes, devido a processos erosivos, à mineração e ao uso e manejo não sustentável do solo na atividade agropecuária. Quanto à qualidade de água ainda foi apontado no ano de 2022, pior condição para o ponto situado no rio Guavinipã, a jusante da cidade de Bocaiúva indicando a presença de nutrientes e metais tóxicos nas águas e no rio São Francisco, a jusante da cidade de Ibiaí, também mostrou situação semelhante. Os rios ainda estão em vulnerabilidade moderada a alta predominantemente e 11,7% da sua superfície apresenta vulnerabilidade muito alta, cuja localização coincide predominantemente com as margens das drenagens, onde há concentração de poços tubulares. De acordo com o coordenador geral da Ecoplan, Alexandre Ercolani de Carvalho, “o diagnóstico serve como base de informações onde todos podem se apropriar desses dados e participar efetivamente do processo de enquadramento que é definir metas de qualidade da água”. O presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica dos Rios Jequitaí e Pacuí e coordenador do Grupo de Acompanhamento Técnico – GAT/SF6, José Valter Alves, lembrando a fundação do comitê que aconteceu em 21 de janeiro de 2004, afirmou estar recebendo um presente nos 20 anos de existência do CBH que já tem outros instrumentos como o plano de bacia, outorga, o sistema de informação e está em andamento a cobrança pelo uso da água. “Este é o início de um trabalho árduo, mas gratificante. Vamos precisar da ajuda de todos em busca de soluções, somando esforços neste presente que o CBH São Francisco está nos dando. O enquadramento é importante para nos dar conhecimento da situação do rio e apontar o que pode ser feito. Tenho certeza que, de posse deste documento, vamos conseguir o rio que queremos”, afirmou. A diretora-geral da Agência Peixe Vivo, Elba Alves, concluiu ainda sobre a importância da parceria entre os comitês. “É um trabalho que fortalece os comitês, as bacias e um ponto interessante a ser destacado é essa parceria com o recurso sendo viabilizado pelo Comitê do São Francisco, gerando integração entre as bacias. A proposta de enquadramento é um dos instrumentos importantes da política de recursos hídricos e a bacia do Jequitaí-Pacuí vai se fortalecer no que tange à qualidade e quantidade de água, com definição dos seus usos, do que pode ou não ser feito e ainda devemos salientar que a proposta de enquadramento precisa se efetivar, então, após a conclusão do estudo será necessário o empenho de esforços para implementar essa proposta”. Outros eventos de participação popular ainda devem acontecer garantindo a contribuição da sociedade na elaboração dos estudos. A previsão é que o estudo seja concluído em 2025. (Jornal Gazeta)

PF prende envolvido em assassinato de Dom Phillips e Bruno Pereira, diz Dino

Indigenista brasileiro e jornalista inglês foram mortos a tiros em junho de 2022, no Amazonas A Polícia Federal prendeu, nesta quinta-feira (18), um dos envolvidos no assassinato do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista inglês Dom Phillips, mortos a tiros na região do Vale do Javari, no Amazonas, em junho de 2022. O anúncio foi feito pelo ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, nas redes sociais. “Foi preso pela Polícia Federal mais um envolvido na organização criminosa que perpetrou os homicídios contra Bruno Pereira e Dom Phillips. Mais informações em breve”, anunciou. Bruno e Dom foram assassinados durante uma expedição a trabalho na região da que é cenário de conflitos e diversos crimes, como tráfico de drogas, roubo de madeira e garimpo ilegal. Os corpos deles foram queimados e enterrados Bruno foi morto com três tiros, sendo um deles pelas costas, sem qualquer possibilidade de defesa, o que também qualifica o crime. Dom foi assassinado apenas por estar com Bruno, de modo a garantir a impunidade pelo crime anterior, segundo o MPF. Dom era correspondente do jornal britânico The Guardian. Veio para o Brasil em 2007 e viajava constantemente para a Amazônia, relatando a impactos das mudanças climáticas sobre a floresta e sobre os povos indígenas indígenas. Ele e Bruno se conheceram em 2018, durante uma reportagem. A dupla fazia uma expedição de 17 dias pela Terra Indígena Vale do Javari, onde há indígenas isolados. Bruno era apontado como um dos principais indigenistas brasileiros, tendo atuado na feiscalização de grileiros, madeireiros, garimpeiros e invasores. Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, a área em que a dupla navegava é “palco de disputa entre facções criminosas que se destacam pela sobreposição de crimes ambientais, que vão do desmatamento e garimpo ilegal a ações relacionadas ao tráfico de drogas e de armas”. De acordo com o depoimento do pescador Amarildo da Costa Oliveira, preso e levado a júri popular no Amazonas, as mortes são de responsabilidade de Jeferson da Silva Lima, também conhecido como Pelado da Dinha. Além dos dois, Oseney da Costa de Oliveira, irmão de Amarildo e conhecido como Dos Santos, estão presos e também serão levados a julgamento.

CIDADE VERDE – Novas mudas chegam junto com o período chuvoso

Apesar de ter caído 63% da média geral em Montes Claros para o mês, a chuva vem dando condições de preservação e revitalização do Meio Ambiente no município. O período, este ano, registrou 79 milímetros até terça-feira, 9, e é ideal para o plantio de mudas de todas as espécies. A Prefeitura, através da Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável renovou a lista de espécies produzidas no viveiro municipal e continua distribuindo três mudas por cadastro de pessoa física (CPF). As mudas oferecidas são as seguintes: frutíferas – amora, goiaba, tamarindo; arborização – sibipiruna, oiti, pata de vaca, ipê roxo, moringa e passeio, flamboyant e ipê mirins. As solicitações podem ser feitas pessoalmente na sede da Secretaria, na Avenida José Corrêa Machado, 900, Bairro Ibituruna. A Secretaria também realiza cursos e enxertio de mudas, bem como ações de educação ambiental e está à disposição da comunidade para atender a solicitações de podas de árvores, em casos onde os galhos estão se aproximando ou atingindo diretamente as redes elétricas. O novo secretário de Meio Ambiente de Montes Claros, Fabiano de Oliveira, se mostra otimista com as ações, programas e obras a serem desenvolvidos. Frisa que o Município prioriza ações em defesa do Meio Ambiente, visando a melhoria da qualidade de vida da população. Fonte: Ascom/Prefeitura de Montes Claros

Em Botumirim, incêndios florestais destroem biodiversidade – Por Manoel de Fretas*

Incêndios, ao que tudo indica criminosos, avançam desde a tarde de domingo (10) sobre as campinas e campos rupestres do Parque Estadual de Botumirim, destruindo uma das regiões de mais rica biodiversidade da unidade de conservação. Até o fechamento dessa edição, o fogo, que no terceiro dia queimou quase 750 hectares, já atingia inimagináveis 1500 hectares. Na verdade, esses campos de altitude é que formam a caixa d’água do Cerrado, através de aquíferos que possibilitam a infiltração e armazenamento de água no subterrâneo e na superfície. E, como se não bastasse, pouco antes das 21 horas da quarta-feira (13) foi a vez de o fogo avançar dentro da Reserva Natural Rolinha do Planalto, contido três horas mais tarde graças à grande mobilização dos brigadistas, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), da Save Brasil, Secretaria de Meio Ambiente e da população. Felizmente, na manhã de quinta-feira (14), monitoramento indicava que a espécie ameaçada de extinção sobreviveu às chamas. O fato ocorre um mês depois do coordenador da Reserva da Biosfera do Espinhaço, Miguel Ângelo Andrade, alertar em entrevista à O NORTE que 68% das espécies ameaçadas em Minas Gerais ocorrem nesses campos de altitude, sendo que as queimadas desencadeiam alterações e impactos no meio ambiente, reduzindo a biodiversidade em escalas locais e regionais. A chama arde, também, no período reprodutivo de aves endêmicas dessa cadeia de montanhas, uma vez que, por terem distribuição restrita, as queimadas podem ser sua sentença de morte. E nem poderia ser diferente: cada espécie tem seu papel e seu desaparecimento pode resultar no declínio e mesmo ruína desses ecossistemas. Força-tarefa perde helicóptero Mesmo diante do avanço do fogo, com riscos à população do entorno do Parque Estadual de Botumirim, a força-tarefa integrada pela brigada do IEF, brigada voluntária e do Corpo de Bombeiros, totalizando 21 combatentes, desde o final da tarde de quarta-feira (13), não conta mais com o apoio do Previncêndio/IEF, que até então disponibilizava helicóptero do Comando de Aviação do Estado (ComAvE) para o combate às chamas. A baixa na equipe (além da aeronave atuavam oito militares) foi nunciada pela gerente do Parque Estadual de Botumirim, Laudineia de Jesus Matias Ventura. A servidora explicou que “a aeronave retornou a Montes Claros para conserto, ao passo que, com as altas temperaturas e velocidade dos ventos, pequenos focos se alastram”. Na quinta-feira (14), o IEF anunciou que no dia seguinte chegaria ao município helicóptero da Polícia Civil para auxiliar no transporte de brigadistas, uma vez que não é equipado com bolsa de água, a chamada Bambi Bucket. Mais ainda, a despeito da aeronave empregada em Botumirim pela 3ª Base Regional de Aviação do Estado possibilitar a busca por água em qualquer reservatório, Peter Cunha, sargento da 11ª Região de Polícia militar, sediada em Montes Claros, explicou a O NORTE que “a maior dificuldade nas operações foi em relação, principalmente, aos ventos, que aqui são muitos fortes, de modo que, ao lançar a água, o vento tira do rumo alvejado, atrapalhando ao mesmo tempo o comando da aeronave”. Atitude mais enérgica das autoridades Fundador do Instituto Grande Sertão (IGS) e membro do Conselho Consultivo do Parque Estadual de Botumirim, o consultor ambiental Eduardo Gomes, diante dos incêndios na unidade de conservação e na Reserva Natural Rolinha do Planalto, defendeu “uma atitude mais enérgica e conjunta entre IEF, Polícia Militar e Ministério Público, para dar um basta nessa situação absurda, pois esses incendiários precisam ser identificados e punidos”. Para o conselheiro, “nesses tempos tão críticos de aquecimento global, esse é um crime hediondo e que deve ser tratado com o maior rigor possível”. No caso específico de Botumirim, opinou que “é de extrema urgência uma abordagem mais rigorosa com aqueles que insistem e pregam a degradação, através do fogo, da caça, do desmate e até mesmo na prática do motocross dentro do parque, em claro descumprimento da lei”. Por fim, em tom de desabafo, defendeu ser “preciso educar a população, mas é urgente também pesar a mão da lei sobre aqueles que não se importam com a coletividade.” * Jornalista