Os mais ricos tiveram aumento de 3,3% da renda acumulada e os mais pobres, uma queda de mais de 20%
Pesquisa do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getúlio Vargas (FGV/IBRE) mostra que a desigualdade de renda dos brasileiros atingiu no primeiro trimestre de 2019 o maior patamar desde 2012. Entre outros efeitos, as pessoas que ganham menos sofreram mais com a crise que os que possuem renda maior. Além disso, os mais pobres estão demorando mais para se recuperar.
Os números são perversos. Antes da crise, os 10% mais ricos tiveram aumento de 5% da renda acumulada, enquanto os 40% mais pobres tiveram 10%. Após a crise, os mais ricos tiveram aumento de 3,3% da renda acumulada e os mais pobres, uma queda de mais de 20%. Em sete anos, a renda acumulada dos mais ricos aumentou 8,5% e a dos mais pobres caiu 14%. Pode-se dizer que a crise foi um golpe dos mais ricos contra os mais pobres, um programa de transferência de renda ao contrário, que beneficiou quem tinha mais bala na agulha.
Não é à toa que o novo presidente da CNBB, Dom Valmor Oliveira de Azevedo declarou que “todos nós devíamos ter vergonha dessa desigualdade social e pensar que é algo na contramão da civilidade; um ter tudo e o outro, nada”, em entrevista à Folha. “É uma vergonha para a elite, para quem dirige, para quem tem poder de decisão, para quem pode fazer as escolhas de rumos novos. E é uma vergonha para nós, como cristãos”, completou o religioso.