Pontífice afirmou que a Amazônia e as florestas da República Democrática do Congo são os “dois pulmões da humanidade”

O papa Francisco afirmou que o desmatamento no Brasil é “escandaloso” e que o país está “preso à exploração das riquezas naturais”.

As declarações foram dadas em uma longa entrevista a um site argentino por ocasião dos 10 anos de seu pontificado, que serão celebrados nesta segunda-feira (13).

Em determinado momento, o líder da Igreja Católica foi questionado sobre o que o Brasil, país de sua primeira viagem internacional como Papa, significa para ele.

“O Brasil é um continente, é uma explosão de riqueza, é a segurança do futuro com o Mato Grosso. E, por isso mesmo, está tão preso à exploração das riquezas naturais, o desmatamento é impressionante no Brasil, é escandaloso”, respondeu.

Segundo Jorge Bergoglio, a Amazônia e as florestas da República Democrática do Congo, país africano que ele visitou em fevereiro, são os “dois pulmões da humanidade”.

“E se tiramos isso, tiramos nosso oxigênio, tiramos a riqueza. O Brasil tem de se resolver pela dinâmica de oposição dentro de si mesmo, e não pela uniformidade ideológica, de um lado ou de outro”, acrescentou.

Durante a entrevista, Francisco também brincou que o Carnaval brasileiro vai “do começo do ano até a Sexta-Feira Santa” e que ele sempre se lembra da marchinha “Você pensa que cachaça é água? Cachaça não é água, não”. “É isso que o brasileiro tem de legal”, afirmou.

Ao ser questionado sobre Luiz Inácio Lula da Silva, Bergoglio disse que vê o presidente como um “homem religioso que nasce daquela religiosidade que vem de família”. “Eu diria que é uma religiosidade popular elementar”, explicou o pontífice, acrescentando que esse tipo de religiosidade é “uma riqueza dos povos”.

O Papa ainda comentou a ascensão das igrejas evangélicas no Brasil e destacou que é preciso separar movimentos “políticos” dos “religiosos”. “Não é fácil discerni-los, mas é preciso fazê-lo. Hoje em dia, com o que você chamou de seitas evangélicas, são movimentos evangélicos, alguns religiosos, e outros que não o são”, salientou.

Francisco citou também uma ocasião em que uma teóloga brasileira de orientação protestante disse a ele que a Igreja Universal do Reino de Deus é “demoníaca porque é política” e está sempre “em busca do poder”.

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