Em entrevistas, Lula e Haddad afirmaram que o ajuste será feito para aumentar faixa de isenção. Presidente lembrou de compromisso de chegar a R$ 5 mil até o fim do mandato
O governo vai mexer na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), para garantir isenção até a faixa de dois salários mínimos (R$ 2.824, pelo valor atual). Em entrevistas, tanto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) como o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, garantiram que a alteração será feita.
“Nós vamos fazer as mudanças agora para que quem ganha até dois mínimos não paguem Imposto de Renda”, disse o presidente em entrevista à Rádio Metrópole, da Bahia, nesta terça-feira (23). “E você sabe que eu tenho o compromisso de chegar ao fim do meu mandato isentando pessoas que ganham até 5 mil reais”, acrescentou Lula.
“Nós vamos fazer uma nova revisão esse ano, até por conta do aumento do salário mínimo”, declarou Haddad ontem (22), durante o programa Roda Viva, da TV Cultura. “O presidente já pediu uma análise para nós acertarmos a questão da faixa de isenção”, disse ainda o ministro.
Dinheiro sai, dinheiro entra
“Nesse país, quem vive de dividendo não paga Imposto de Renda e quem vive de salário paga. O Haddad sabe que nós temos que fazer esses ajustes. Eles são difíceis, porque na hora que a gente abre mão de um dinheiro, a gente tem que saber de onde vai pegar outro dinheiro”, lembrou Lula. “Mas a gente vai fazer tudo que prometemos, porque é bom para o Brasil, é bom para o povo brasileiro e é muito bom para o meu querido Nordeste”, completou à rádio baiana.
Na semana passada, as centrais sindicais haviam divulgado nota alertando para o prejuízo aos trabalhadores pela inalteração da tabela. As entidades citaram cálculo da Unafisco Sindical mostrando que a combinação entre aumento do salário mínimo e manutenção dos valores da tabela do IRPF excluiria contribuintes da faixa de isenção.
Aumento do piso nacional
Em maio do ano passado, o governo publicou medida provisória que alterou a faixa de isenção de R$ 1.903,98 para R$ 2.112. Para isentar quem recebia até dois mínimos, o texto incluiu desconto mensal de R$ 528 na fonte. Assim, na prática, quem recebia o correspondente a dois salários mínimos (R$ 2.640) ficou isento.
Mas neste mês entrou em vigor o novo salário mínimo, que passou a valer R$ 1.412. Assim, quem recebe até dois pisos voltou a ser tributado. O governo ainda não divulgou o calendário de declaração do IRPF, que deve começar em meados de março.