O presidente também argumentou que o comportamento do Banco Central (BC) é a única “coisa desajustada” no Brasil no momento. Copom inicia discussões sobre juros nessa terça (18)

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça (18) que o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, “tem lado político e trabalha para prejudicar o país”.

A declaração foi dada em entrevista do presidente à rádio CBN, na manhã desta terça. Sobre o tema, Lula indicou que o presidente do BC, Roberto Campos Neto, é a única “coisa desajustada” no País.

As declarações do presidente ocorrem no dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) começa a sua reunião de dois dias para definir a taxa básica de juros, atualmente no patamar de 10,5% ao ano.

“O presidente do Banco Central está disposto a fazer o mesmo papel que o Moro fez? O paladino da justiça, com rabo preso a compromissos políticos. O presidente do Banco Central precisa ser uma figura séria, responsável e tem que ser imune aos nervosismos momentâneos do mercado”, disse.

Primeiro presidente do BC com a nova lei da autonomia da autoridade monetária, Campos Neto aceitou um jantar oferecido no Palácio dos Bandeirantes, no último dia 10, pelo governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas.

O jantar reuniu cerca de 60 pessoas, entre banqueiros, empresários e ex-ministros. Campos Neto foi nomeado para o BC por Jair Bolsonaro, de quem Tarcísio foi ministro e é colocado como herdeiro político visando a eleição presidencial de 2026.

“A festa foi do Tarcisio pra ele [Campos Neto]. Homenagem do governo de São Paulo para ele, certamente porque governador de SP acha maravilhoso taxa de juros de 10,5%. Quando ele se ‘autolança’ a um cargo. Vamos repetir o Moro? Presidente do BC está disposto a fazer o mesmo papel que Moro fez? Paladino da justiça com rabo preso”, disse.

Durante a entrevista, o presidente afirmou que a única coisa desajustada, nesse instante, no Brasil é o comportamento do Banco Central.

“Nós só temos uma coisa desajustada no Brasil neste instante: é o comportamento do Banco Central. Essa é uma coisa desajustada. Um presidente do Banco Central que não demonstra nenhuma capacidade de autonomia, que tem lado político e que, na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Não tem explicação a taxa de juros do jeito que está”, declarou Lula.

“Todos os bancos (no mundo) demonstram que não há país com mais otimismo que o Brasil”, afirmou o presidente. “Agora ficam inventando discurso de inflação do futuro, o que vai acontecer”, complementou.

Em decisão dividida, o Banco Central decidiu diminuir o ritmo de cortes da Selic na última reunião. Na ocasião, os dirigentes indicados pelo atual governo eram favoráveis a uma manutenção de cortes de 0,5 ponto percentual, enquanto os demais optaram pelo corte de 0,25 ponto percentual.

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