Além de expor o golpe de Bolsonaro, presidente brasileiro, diante dos olhos de todo o mundo, enviou duro recado à extrema direita e aos “falsos patriotas” que atentam contra a democracia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, logo no início de seu discurso na abertura da 80ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York (EUA), nesta terça-feira (23), enviou um duro recado à extrema direita mundial e fez referência direta às recentes retaliações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ao Brasil – que incluem o tarifaço de 50% sobre as exportações brasileiras e sanções contra membros do governo e ministros do Supremo Tribunal Federal (STF).
Segundo Lula, tais medidas configuram “atentados à soberania” e evidenciam uma crise do multilateralismo e enfraquecimento da democracia. Adotando um tom firme, o presidente garantiu que o Brasil resistirá a qualquer ataque ou tentativa de interferência externa.
“O multilateralismo está diante de nova encruzilhada. A autoridade desta organização está em xeque. Assistimos à consolidação de uma desordem internacional marcada por seguidas concessões à política do poder. Atentados à soberania, sanções arbitrárias e intervenções unilaterais estão se tornando regra. Existe um evidente paralelo entre a crítica do multilateralismo e o enfraquecimento da democracia. O autoritarismo se fortalece. Quando a sociedade internacional vacila na defesa da paz, soberania e direito, as consequências são trágicas”, declarou Lula.
Na sequência, o presidente brasileiro fez referência direta à cultura da violência presente no bolsonarismo e na extrema direita como um todo e expôs para o mundo todo a tentativa de golpe de Estado deflagrada por Jair Bolsonaro – bem como a condenação do ex-presidente. Lula ainda mencionou, indiretamente, o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) ao falar em “falsos patriotas” que promovem ações contra o Brasil.
“Em todo o mundo, forças antidemocráticas tentam subjugar as instituições e sufocar as liberdades. Cultuam a violência, exaltam a ignorância, atuam como milícias físicas e digitais e cerceiam a imprensa. Mesmo sob ataques sem precedentes, o Brasil optou por resistir e defender a democracia reconquistada há 40 anos pelo seu povo, depois de duas décadas de governos ditatoriais. Não há justificativa para as medidas unilaterais e arbitrárias contra nossas instituições e economia. A agressão contra a independência do poder judiciário é inaceitável. Essa ingerência em assuntos internos conta com o auxílio de uma extrema direita subserviente e saudosa de antigas hegemonias. Falsos patriotas arquitetam e promovem publicamente ações contra o Brasil. Não há pacificação com impunidade. Há poucos dias e pela primeira vez em quinhentos e vinte e cinco anos de nossa história, um ex-chefe de estado foi condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito. Foi investigado, indiciado e julgado e responsabilizado pelos seus atos em um processo minucioso. Teve amplo direito de defesa prerrogativa que as ditaduras negam as suas vítimas”, pontuou.
Aclamado
Na sequência, Lula reforçou que a soberania do Brasil não está em negociação, se referindo a Trump como “candidato a autocrata” e, neste momento, foi aclamado com aplausos pela plateia.
“Diante dos olhos do mundo o Brasil deu um recado a todos os candidatos a autocratas e aqueles que os apoiam: nossa democracia e nossa soberania são inegociáveis”.
“Seguiremos como nação independente e como povo livre de qualquer tipo de tutela”, emendou o mandatário.
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Lula é aclamado na ONU ao defender soberania, chamar Trump de autocrata e expor golpe de Bolsonaro
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— Revista Fórum (@revistaforum) September 23, 2025