O militar insinuou em gravações que foi coagido pela PF e disse que Alexandre de Moraes atua como bem quer. Ele foi preso por descumprir medidas cautelares e obstrução de Justiça
Nesta sexta-feira (22), o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, determinou que o tenente-coronel Mauro Cid fosse preso. Ele volta para a cadeia depois de prestar depoimento ao desembargador Airton Vieira, juiz instrutor do gabinete de Moraes.
Cid foi convocado para o depoimento após áudios do militar serem divulgados pela revista Veja. O conteúdo trazia críticas a atuação da Polícia Federal nas investigações e sobre Moraes na condução do caso.
A decisão que devolve o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro para a cadeia é devido ao descumprimento de medidas cautelares impostas e por obstrução de Justiça.
O depoimento contou com a presença de representante da Procuradoria-Geral da República (PGR) e da defesa do militar.
Entenda o caso
Os áudios revelados pela revista Veja, na quinta-feira (21), trazem Cid insinuando que foi coagido pela PF em seu depoimento: “estão com a narrativa pronta deles”. Além disso, indicou que o ministro “Alexandre de Moraes é a lei. Ele prende, ele solta quando quiser, como ele quiser, com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação.”
A delação premiada feita por Cid foi homologada pelo STF em setembro de 2023. A partir dela foi feito um acordo que o permitiu deixar a prisão. As falas surgem em um momento que o militar teve sua promoção no Exército recusada e o cerco contra Bolsonaro se estreita
Ao que parece não existe a possibilidade de que a delação seja anulada, se esta foi a intenção de Cid, uma vez que os procedimentos seguiram dentro da legalidade.
Nesse caso, a conveniência dos áudios indica que o ex-ajudante de ordens quer “passar um pano” na sua imagem junto às Forças Armadas. No entanto, as informações passadas já permitiram o avanço das investigações e foram materializadas com provas encontradas nas investigações.
Portanto, a tentativa de limpar a imagem junto aos seus não teria nenhum efeito a nível pessoal, pois Cid já é tido como um “traidor” nos meios bolsonaristas.
E para piorar a situação para ele, Moraes o devolveu para a prisão.