Senadora questionou ex-ministro durante a CPI da Covid: tem ‘memória seletiva” (Edilson Rodrigues/Agência Senado)
A presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Kátia Abreu (PP-TO), usou seu tempo de perguntas ao ex-chanceler Ernesto Araújo na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid para fazer críticas à atuação do ex-ministro à frente do Itamaraty.
“O senhor é um negacionista compulsivo, omisso. O senhor no MRE [Ministério das Relações Exteriores] foi uma bússola que nos direcionou para o caos, para um iceberg, para um naufrágio, bússola que nos levou para o naufrágio da política internacional, da política externa brasileira. Foi isso o que o senhor fez”, disparou.
Segundo a senadora, o Brasil tem registrado índices positivos, entre eles a balança comercial, que tem aumentado, “a despeito” do trabalho realizado por Araújo.
“O senhor bateu no peito para dizer que as vacinas vieram ao Brasil graças à sua gestão no MRE Ministério das Relações Exteriores. Eu quero lembrar a todos que, até abril, 85% de toda vacina colocada no braço dos brasileiros vieram da China e a despeito do senhor Ernesto Araújo, porque o Butantan – que é do governo de São Paulo para a contrariedade de muitos – fez uma contratação direta”, afirmou a senadora durante a sabatina do ex-chanceler. “Não teve uma palha de necessidade do governo federal”, completou, referindo-se à não participação do governo de Jair Bolsonaro nesse processo.
Kátia Abreu também acusou Araújo de “ter uma memória seletiva, senão leviana” durante o depoimento à comissão. “O senhor Ernesto Araújo não se lembra de nada do que importa, mas se lembra de questões mínimas e supérfluas e até mesmo não verdadeiras”, disse Kátia ao ex-ministro.
Assista:
‘Descalabro’
Para a senadora, o país vive um “descalabro” no combate à pandemia de Covid-19. “Eu quero descobrir, antes de mais nada, quem foram os responsáveis pelas mortes dos brasileiros e dos tocantinenses até agora”, afirmou. “Nós estamos atrás dos membros do governo federal que permitiram um número exorbitante de mortes até agora. Estamos atrás dos responsáveis De uma economia que faliu ainda mais por conta de uma pandemia prolongada e mal administrada, de 26 milhões de desempregados, empresas fechando, uma economia no chão e endividamento das famílias exorbitante. É um complexo que precisa ser responsabilizado”, afirmou.
Embaixador
A troca de mensagens entre o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) e o embaixador da China no Brasil, Yang Wanming, voltou a ser alvo de críticas e questionamentos de senadores ao ex-chanceler Ernesto Araújo em seu depoimento à CPI da Covid. Araújo, no entanto, não abandonou o tom defensivo com relação ao tema, classificando a resposta do embaixador à publicação de Eduardo como uma grande ofensa diplomática.
“Me parece que é algo muito grave quando um embaixador, que está comprometido com os princípios da Convenção de Viena da prática diplomática retuíta uma publicação do chefe de Estado daquele País, a família daquele chefe de Estado, é o veneno do Brasil”, afirmou Araújo, dizendo que o comportamento do embaixador está sujeito a limites. Araújo também confirmou ter escrito ao chanceler da China queixas sobre o embaixador Wanming.
Em um dos episódios de conflito com a China, o ex-chanceler saiu em defesa de Eduardo Bolsonaro após o filho do presidente republicar uma mensagem no Twitter que culpava o país asiático pela pandemia. Na ocasião, o perfil oficial da embaixada chinesa protestou contra o deputado e disse que ele havia contraído “vírus mental”. O então chanceler classificou a reação da embaixada “desproporcional”, disse que feriu “a boa prática diplomática” e pediu retratação por parte do embaixador, Yang Wanming, que rejeitou a sugestão de Araújo.
Agência Estado