Ruralistas e apoiadores no Congresso querem “depenar” ministério do Meio Ambiente; ministra reage: “ogronegócio”
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), avisou nesta quarta-feira (24), que estão “depenando” o seu ministério e ainda lembrou que “nem a ditadura fez isso”.
As mudanças na estrutura da pasta propostas por Isnaldo Bulhões (MDB), relator da MP que reestrutura os ministérios, dá toda a razão para a ministra:
A Agência Nacional de Águas, por exemplo, será transferida para o Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional. A pasta, comandada pelo União Brasil, também deve assumir o controle da política nacional sobre recursos hídricos.
O Cadastro Ambiental Rural será incorporado ao Ministério da Gestão. E a gestão dos resíduos sólidos ficará com o Ministério das Cidades, feudo do MDB de Bulhões.
icenças ambientais
Bulhões e os representantes do agronegócio no Congresso, no entanto, querem mais.
A ideia agora é inserir no texto a possibilidade de as licenças ambientais poderem ser autorizadas por outros órgãos, como o Ministério de Minas e Energia.
A ideia, de acordo com a coluna de Lauro Jardim, foi lançada por Isnaldo em conversas com alguns políticos.
A Casa Civil, diz o jornalista, vai se movimentar para que este retrocesso não avance paras a votação em plenário.
Ogronegócio
Não à toa, Marina se referiu aos representantes do agronegócio nesta quarta-feira, em audiência na Câmara, como ‘ogronegócio’.
“O governo vai apostar nessa transição [para agricultura de baixo carbono]. Para que a gente tire o agronegócio brasileiro da condição de ‘ogronegócio’”.
Ao ser chamada a atenção pelo deputado Evair Vieira de Melo (PP-ES) , ela respondeu que se trata de uma minoria dos ruralistas. “Eu disse que nós temos o agronegócio e temos uma pequena parte que resiste a mudança, resiste as transformações que é o ‘ogronegócio’, mas eu não generalizei”.
Ele ainda acusou Marina de querer “lacrar” na comissão.
Ela então finalizou, sob aplausos:
“Desculpa, deputado. Mas eu sou uma mulher preta, pobre, que chegou aqui porque ralou muito, não porque lacrou”, disse a ministra.