O Parque Estadual da Lapa Grande Paulinho Ribeiro (PELGPR) vem realizando exposições em diversos espaços públicos do município, apresentando a biodiversidade, os recursos hídricos, espeleológicos, arqueológicos e histórico-culturais que compõem o local. A ideia é despertar o interesse da população em conhecer o parque, incentivando a consciência ambiental e a preservação do meio ambiente. Em 16 de novembro de 2021 a Lei Estadual de Minas Gerais nº 23.978, de autoria do ex-deputado Carlos Pimenta, alterou a denominação do Parque Estadual da Lapa Grande para Parque Estadual da Lapa Grande Paulinho Ribeiro. Porém, a direção do Parque continua ignorando o nome do homenageado, o “menino de coração verde”. Prova disso é o fato de as exposições excluírem o nome de Paulinho nas divulgações em banners, informativos e vídeos. Justamente ele, principal responsável por sua criação. Ele também foi um dos maiores defensores do meio ambiente, viabilizando a criação de diversos parques, principalmente em Montes Claros – Sagarana, Canelas, Belvedere, Mangues e Jardim Olímpico. O Parque Sagarana, por exemplo, se transformou num verdadeiro museu a céu aberto, recebendo obras de arte doadas por artistas e admiradores. Paulinho Ribeiro teve participação importante na campanha de reconhecimento do Parque das Cavernas do Peruaçu como patrimônio cultural e natural da humanidade, pela Unesco. Foi ele o mentor da 5ª Expedição Caminhos dos Gerais, que percorreu os quatro cantos deste rincão norte mineiro, levando na garupa ambientalistas, jornalistas, professores e convidados para conhecerem, divulgarem e protegerem os recursos naturais da região. “Menino de coração verde”, como o definiu o músico Tino Gomes, Paulinho levava o meio ambiente muito a sério. Suas realizações como gestor municipal da área mostram que é possível preservar o ambiente com medidas simples a partir das cidades. Não foi pouca coisa o que ele fez pelo planeta. Tudo começou há 42, quando ele saiu de Montes Claros rumo ao Rio de Janeiro, para trabalhar com o tio Darcy, então vice-governador no primeiro mandato de Leonel Brizola e idealizador dos CIEPs, os revolucionários centros de educação integral. Com apenas 20 anos, Paulinho foi o catalizador da luta pelo tombamento de todas as praias do Rio de Janeiro, medida que as protegeu da especulação imobiliária, além de preservar a vegetação e os animais da Mata Atlântica. “A extensão do tombamento vai da Praia de Grumari até Paraty e Trindade, pelo litoral sul; e por Búzios, Cabo Frio, manguezais de Campos, pelo litoral norte”, registrou Ucho Ribeiro, irmão de Paulinho. Como secretário municipal de Meio Ambiente, Paulo Ribeiro implementou vários projetos inovadores em Montes Claros. Um deles é o “Ecocrédito”, na gestão do ex-prefeito Athos Avelino, que é uma carta de crédito concedida a pequenos proprietários rurais que cercam e protegem nascentes, cujo valor pode ser descontado no pagamento de tributos municipais e até na compra de insumos no comércio local. Transformando produtores rurais em ambientalistas, a iniciativa serviu como modelo para vários municípios brasileiros. Além dos programas “Vale verde” que garante ônibus de graça para visitar os parques; e o “Onda verde” que libera acesso gratuito à internet nas áreas verdes da cidade, na gestão do ex-prefeito Humberto Souto. Abaixo, artigo da jornalista Laura Murta publicado em 13 de setembro de 2021, na Revista Verde Grande. PAULO RIBEIRO: UM CAVALEIRO DA UTOPIA Por Laura Murta Paulo Ribeiro foi sociólogo e Secretário Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, cargo que ocupou entre os anos de 2005 a 2008 e depois entre os anos de 2017 e 2021, quando faleceu; Foi presidente da Fundação Darcy Ribeiro, no período de 2008 e 2016 e manteve-se membro do Conselho Curador da instituição desde a sua criação, em 1997 até o fim da sua vida. Foi assessor do político e escritor Darcy Ribeiro na Secretaria Extraordinária de Ciência e Cultura do Estado do Rio de Janeiro; na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais e no Senado Federal. Presidiu: a Fundação Roquette Pinto, administradora da TVE Brasil e da Rádio MEC, vinculada à Secretaria Nacional de Comunicação da Presidência da República; a Rede Minas de Televisão; a Companhia de Habitação de Minas Gerais – Cohab. Paulinho, como sempre foi chamado, não era e nunca foi sintético. Abundante, inquieto, dado a rompantes, inteligente, irreverente, despudoradamente corajoso, sempre foi um apaixonado pela vida, por sua cidade, por sua gente, sua história. Vocacionado para o fazer coletivo, um eterno menino do dedo verde! Paulo Ribeiro, sexto filho de Mário e Jacy Ribeiro, sobrinho predileto de Darcy Ribeiro. Quando menino sonhava ser escoteiro ou Papa. Na medida em que cresceu, cresceram os sonhos e Paulinho ganhou novos rumos, ampliou os horizontes, saiu de Montes Claros, sem deixar que a cidade saísse dele. Foi estudar ciências sociais na Universidade Federal Fluminense, viver o Rio de Janeiro no auge dos anos 1980. Despudorado, livre, criativo, Paulinho cresceu cercado de privilégios, como bem reconhecia, mas foi exatamente por isso que se impôs uma tarefa de fazer pelo outro aquilo que a vida se encarregara de fazer por ele. Com a mãe, Dona Jacy, Paulinho dizia ter aprendido sobre a beleza e o bem viver como um direito a ser legitimado para todos. Mãe jardineira, poetisa, apaixonada pelo sertão, por Montes Claros, por sua gente, Paulinho a “culpava” por tê-lo feito crescer com esse sentimento, essa obrigação. No emaranhado de gentes que formaram o homem Paulo Ribeiro é que se percebe a sua habilidade em fazer caber nos seus passos, passos de tantos outros. Do pai, Mário Ribeiro, admirava a genuína astúcia de um ser político. Do tio Darcy Ribeiro, tornou-se um discípulo, herdou a audácia, a capacidade de sonhar grande para realizar grande também. Paulinho gostava de gente, e de gente com boas ideias, a ponto de incorporá-las e concretizá-las. Conhecedor dos estudos de Simeão Ribeiro, um grande pesquisador e defensor das nossas riquezas, Paulinho passou a sonhar e lutar pela criação do Parque Estadual da Lapa Grande. Com o avô Pacífico aprendeu ainda menino que gente sem verde não segue em frente. Foi ouvinte e aprendiz de Ivo das Chagas,