O projeto de privatização da BR-251, apresentado semana passada pela Agência Nacional de Transporte terrestre (ANTT) em audiência pública realizada em Montes Claros, sofreu duras críticas do vereador Rodrigo Cadeirante durante pronunciamento na reunião ordinária da Câmara Municipal na manhã de terça-feira (11).
Cadeirante, que já é voz ativa contra os valores abusivos cobrados nos pedágios da BR-135, administrada pela Ecovias, no acesso a Belo Horizonte, alertou para o risco de ocorrer o mesmo no trecho da BR-251 que será contemplado no projeto de duplicação.
O vereador criticou a desproporção entre as 9 praças de pedágio previstas para serem instaladas e o percurso a ser duplicado – 24 quilômetros -, além de pontuar o fato de os mais de 60 quilômetros que compõem as serras de Francisco Sá e Salinas não terão nenhum metro de extensão duplicado e mesmo assim serão contempladas com praças de pedágio. Segundo Rodrigo Cadeirante, que teve acesso ao projeto, o trecho entre Montes Claros e Francisco Sá não receberá nenhum centavo em investimentos de parte da empresa que ganhar a concessão para explorar as praças.
“Ou seja, para explorar o povo norte-mineiro eles não precisarão fazer nenhum investimento, mas poderão arrecadar nas praças”, criticou. Ele argumentou, ainda, que os investimentos previstos entre Montes Claros e Francisco Sá já etão garantidos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do Governo Federal. “Ou seja, vão colocar pedágio apenas para arrecadar, sem fazer nenhum investimento”, reforçou.
Rodrigo Cadeirante também apontou incoerência na contagem volumétrica, que consiste em quantificar o volume de veículos que trafega por um determinado trecho da rodovia, durante um determinado intervalo de tempo, o que interfere diretamente no preço da tarifa a ser cobrada. Ele denunciou que o estudo foi feito em julho de 2021, no pico da pandemia da Covid-19, quando era insignificante o número de veículos na estrada.
Isso implica em valores mais elevados para a definição da tarifa do pedágio, o que fez o vereador subir o tom. “Isso é uma picaretagem, uma safadeza, uma pilantragem”, disse, acrescentando outra informação que denota, segundo Cadeirante, uma má intenção por trás da instalação das praças de pedágio: a cobrança será iniciada a partir de dezembro de 2026, portanto, após as eleições de outubro. “Isso é para não prejudicar os políticos que defendem essa aberração”, afirmou.
Cadeirante criticou os deputados que não levantam a voz contra os projetos de privatização e instalação de pedágios sem a contrapartida em investimentos, como ocorre na BR-135, que cobra uma das tarifas mais caras do Brasil.
Para o vereador, os deputados estão usando as vítimas da BR-251 para fazer negociatas. “Eles estão sorrindo, tentando vender para a população que o projeto é bom. Na verdade, trata-se de uma piada de mau gosto”, considera. O vereador criticou ainda o fato de órgãos como ANTT e DNIT (Departamento Nacional de Infraetrutura de Transportes) receberem dinheiro público e estarem à frente de projetos para privatizar rodovias que são da responsabilidade deles cuidar. “Ou seja, estão assinando um atestado de incompetência. Com isso, a grande prejudicada é a população, que pagou para construir e reformar as estradas e paga os salários e as regalias dos grandões e poderosos da ANTT e do DNIT”, desabafou.