– A Samarco é da Vale do Rio Doce, que foi dada aos gringos em leilão fajuto pelo ex-presidente FHC-

 O rompimento da barragem do Fundão, localizada na cidade histórica de Mariana (MG), foi responsável pelo lançamento no meio ambiente de 34 milhões de m³ de lama, resultantes da produção de minério de ferro pela mineradora Samarco — empresa controlada pela Vale e pela britânica BHP Billiton.

Era 1997. FHC entregou a Vale do Rio Doce por R$ 3,3 bilhões, quando o valor estimado em leilão era 28 vezes mais: R$ 92 bilhões. Mesmo assim, ninguém sabe o que foi feito com o dinheiro da malfadada negociata. O sinistro rompimento de barragem em Mariana, matou 19 pessoas e inundou devastadoramente um distrito de Mariana. Todo o Vale foi dizimado, assim como poluído de morte o caudaloso Rio Doce, que serve aos estados de Minas e do Espírito Santo. Enquanto isso, aguardamos o moroso processo nos tribunais mineiros, as condenações, etc. No entanto, até agora ninguém foi preso e nem a empresa punida com o rigor da lei. Ou estariam esperando que o assunto “morresse” junto a opinião pública?

Relembre o caso do rompimento da barragem do Fundão

Na tarde de 5 de novembro de 2015, rompeu-se uma barragem de rejeitos de mineração controlada pela Samarco Mineração S.A, a barragem de Fundão. Acidente? Não, descaso. Descaso que provocou um dos maiores desastres tecnológicos do mundo. O desastre é fruto da irresponsabilidade da Samarco e de suas proprietárias: Vale e BHP, o preço da mineração predatória no nosso país, onde na baixa das ações, as mineradoras cortam custos, principalmente em segurança.

Você deve se lembrar que não haviam sequer alarmes para avisar a população da região sobre o rompimento e que 19 pessoas foram mortas, oficialmente. Para nós do Comitê foram 20 mortos, pois embora a Samarco não admita (para não pagar indenização), o bebê que Priscila esperava e que foi violentamente abortado no avalanche de lama tóxica é também uma vítima da Samarco.
Mas afinal, quem é atingido?
A luta das pessoas que tiveram suas vidas destruídas pela mineradora passa também por ter que provar que são atingidos. Nos distritos e municípios impactadas e destruídos pela lama é a Samarco quem determina quem é atingido ou não. Muitos relatos de moradores são ouvidos e o que nos trazem é um discurso absurdo da mineradora:”a sua casa está de pé, você não é atingido”. Muitas vezes a propriedade inteira foi destruída, plantação, criação morta. Mas se a casa não caiu, para a Samarco aquela pessoa não foi atingida. É o criminoso determinando sua pena. Estado de exceção, onde a Samarco, Vale, BHP passam a ter poder de Estado.
Embora a mineradora Vale tenha sido uma das maiores doadoras de campanhas federais e estaduais nas últimas eleições, dinheiro para as vítimas não há. Nove meses depois do Crime da Samarco, empresa da qual a Vale é dona de 50%, atingidos não foram indenizados até hoje. Moradores de Bento Rodrigues continuam vivendo em casas alugadas e com uma “mesada” de um salário mínimo por mês.
E os governos?
Os governos federal e dos estados atingidos construíram junto com as mineradoras Vale e Samarco Mineração um acordo que falava em indenização de R$ 20 bi para indenizações socioeconômicas e ambientais, incluindo a recuperação do Rio Doce, a serem pagas em 20 anos.
Em maio esse acordo chegou a ser homologado, mas o Ministério Público Federal recorreu. Nas contas do MPF o acordo deveria ser – de no mínimo R$ 155 Bi.
No dia 4 de julho, a Ministra Diva Malerbi acolheu o entendimento do MPF. Em sua decisão, a ministra ressaltou que “diante da extensão dos danos causados pelo rompimento da barragem seria recomendável o mais amplo debate para solucionar o problema causado, com a realização de audiências públicas, com a participação dos cidadãos, da sociedade civil organizada, da comunidade científica e de representantes locais.” A Samarco atendeu a recomendação da Ministra? Claro que não e briga juridicamente para tentar derrubar a liminar e fazer valer o acordo de R$ 20 bi.
E os culpados?
No dia 9 de junho a Polícia Federal de Minas concluiu o inquérito sobre o rompimento da barragem de Fundão e a conseqüente contaminação do Rio Doce e da área costeira no Espírito Santo. Segundo a corporação, oito pessoas e a Samarco, Vale e a consultoria VogBR foram indiciadas por crimes ambientais e danos contra o patrimônio histórico e cultural. Mas até agora, 56 dias depois, NINGUÉM FOI PRESO.
E a lama?
A lama continua lá: nas cidades, nas margens do Rio Doce e afluentes da Bacia, no mar. Nenhuma ação efetiva da Samarco para resolver o caso foi feita. A barragem da Usina de Candonga tem contidos em seu reservatório 10 milhões de m3 de lama e está em risco de rompimento. No final de julho o Ibama emitiu uma nota técnica alertando que com a chegada das chuvas no final de agosto, início de setembro os riscos de rompimento são altíssimos. O presidente interino chegou a convocar uma reunião de emergência para tratar do caso, mas de fato o que está sendo feito para evitar mais esse desastre, que pode ser tão grave quanto o rompimento de Fundão? NADA, ABSOLUTAMENTE NADA.
Em Barra Longa, município devastado pela tragédia, os moradores sofrem com a poeira resultante do CRIME DA SAMARCO. A cidade foi vítima da lama de rejeitos do rompimento de Fundão, que agora seca vem causando doenças respiratórias graves na população. Só entre entre janeiro e maio desse ano, foram atendidas quase 300 pessoas com graves doenças respiratória na cidade.
O que dizer 18 meses depois?
A população quer respostas da SAMARCO, VALE E BHP. E que os ATINGIDOS SEJAM OUVIDOS e que sejam chamados para construir junto um NOVO ACORDO que possa minimizar um pouco a destruição que a Samarco causou nas suas vidas.
18 meses depois continua a luta por JUSTIÇA PARA MARIANA E PARA TODOS ATINGIDOS AO LONGO DE TODA A BACIA DO DOCE, JUSTIÇA PARA OS INDÍGENAS KRENAK, PESCADORES E ATINGIDOS NO ESTADO DE ESPÍRITO SANTO.

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