Dia da Abolição da Escravatura será marcado por ato público em Montes Claros

13 DE MAIO – Na próxima segunda-feira, 13, dia em que se comemora a abolição da escravatura no Brasil, a Coordenadoria de Igualdade Racial, vinculada à Secretaria de Desenvolvimento Social da Prefeitura de Montes Claros, em parceria com o Conselho Municipal de Igualdade Racial, promoverá, às 18 horas, um Ato Público na Praça Doutor Carlos, pelo fim do racismo e preconceito. José Gomes Filho, responsável pela Coordenadoria e presidente do Conselho, acredita que é preciso aproveitar a data como uma oportunidade para promover uma reparação dos direitos dos negros. “O Brasil precisa avançar em passos largos nas políticas públicas para combater de vez as crueldades que ainda assolam a população negra, especialmente as questões salariais, onde o negro continua ganhando menos do que o branco, mesmo fazendo o mesmo serviço”, protesta Gomes. Segundo ele, é preciso separar os dias 13 e 14 de maio. “O 13 de maio de 1888 foi uma data instituída de forma atrasada pelo Estado, já que o Brasil foi o último país livre do Ocidente a abolir totalmente a escravatura, e mesmo assim, sem nenhuma garantia para a população negra. Por isso, essa data é algo a ser reelaborado, porque houve uma abolição formal, mas os negros continuaram excluídos do processo social. Já 14 de maio foi o dia em que povo negro acordou e descobriu que não tinha nada, nem moradia e nem emprego. Muito menos direitos. Sendo assim, o dia 14 de maio se tornou um dia de reflexão para a população negra ex-escravizada, que não tinha o que comer, o que vestir e onde morar”, conclui.

Luto na cultura popular: compositor Téo Azevedo morre aos 80 anos

Artista, natural de Norte de Minas, em MG, é considerado o compositor brasileiro com mais músicas gravadas. Corpo será velado na tarde de hoje Por Luiz Ribeiro A cultura brasileira está de luto. Morreu na madrugada deste sábado (11/5), em Montes Claros, no Norte de Minas, o compositor, cantor, escritor e escritor Téo Azevedo, aos 80 anos, considerado uma das maiores expressões da cultura popular do pais. Ele tem mais de 2,5 mil músicas gravadas, cerca de 3 mil trabalhos e 1 mil histórias de cordel escritas, além de 12 livros lançados. Téo também se notabilizou pela luta em defesa da “música de raiz” e da natureza, tendo levantando a voz pela preservação do pequizeiro, o fruto símbolo do Cerrado. O artista estava internado no Hospital Dilson Godinho e morreu em decorrência de uma encefalite (inflamação no cérebro), segundo a família. O corpo será velado no Memorial da Santa Casa de Montes Claros, de 12 às 15 horas deste sábado. Em seguida, o corpo será traslado para o Distrito de Alto Belo, no município de Bocaiuva (na mesma região), terra do compositor, onde será sepultado ás 16 horas deste domingo (12/5), no Memorial Téo Azevedo. Ele é considerado o compositor brasileiro com maior quantidade de musicas gravadas. Entre os cantores que gravaram as suas mais de 2,5 mil criações estão nomes como Sérgio Reis, Milionário & José Rico, Zé Ramalho, Genival Lacerda, Zeca Pagodinho, Jair Rodrigues, Pena Branca & Xavantinho, Tonico & Tinoco, Caju & Castanha e dupla Cristian & Ralf. Além de construir a própria trajetória, Téo produziu dezenas de discos e levou aos estúdios de gravação centenas de cantores e compositores. Conviveu e firmou parcerias com Sérgio Reis, Zé Ramalho e Luiz Gonzaga, entre outros. Em 2013, ganhou o cobiçado prêmio Grammy Latino com “Salve Gonzagão – 100 anos”, na categoria melhor álbum de raiz. Em 1997, graças ao produtor e músico americano Michael Grossman, que conheceu quando fazia um programa na Rádio Atual, em São Paulo, Téo se aproximou de Bobby Keys, saxofonista da banda Rolling Stones. O mineiro fez uma composição em homenagem ao saxofonista, “For Bobby Keys (Music and life)”, que entrou em um disco de Keys, em versão de Michael Grossman. A gravação foi patrocinada por Ronnie Wood, guitarrista dos Stones. “Uma perda imensa para a cultura brasileira e mineira”, afirma o Violeiro, compositor e cantador mineiro Chico Lobo, de quem Téo Azevedo era grande amigo. “Fui pego de surpresa pela notícia. Sempre foi uma referência para a minha carreira”, afirma. “Desde os anos 1980, quando cheguei em Belo Horizonte e pude assistir às suas apresentações. Me tornei amigo e pude ir aos encontros que ele realizava de folias de Alto Belo, sua terra natal. Pude levá-lo várias vezes no meu programa. Foi responsável por lançar vários artistas e trabalhos diferentes. Descobriu Zé Coco do Riachão. É uma perda muito grande, mas que tem certeza da missão que foi cumprida com muita força e muita resistência. A música dele é eterna em nossos corações”, descreve Lobo. O compositor Tino Gomes, também mineiro (de Montes Claros), foi outro que lamentou a morte de Téo Azevedo. “Hoje partiu para os planos celestiais, no toque da viola, um dos maiores defensores da cultura popular desse pais, ao qual nos todos devemos reverenciar: Téo Azevedo. Ele foi um lutador pela nossa cultura, nosso povo catrumano”, declarou Tino Gomes. “Téo produziu mais de 500 discos, inclusive o meu. Ele produziu mais de mil livretos de literatura de cordel. (Foi) um poeta e batalhador incansável da nossa cultura. A cultura popular do Brasil fica entristecida, fica mais pobre com a perda desse grande amigo, desse parceiro, com quem eu tive a honra de dividir uma musica só em 50 anos de amizade, que é ‘Meu Jeito Catrumano’. Téo Azevedo deixa um legado imenso para essa geração que, por vezes, não sabe nem o que é o que gente está falando da cultura popular, devido a grande mídia propagá-la tanta”, afirmou o cantor e compositor. “Saiba, Téo, que nós continuaremos aqui firmes, resistindo trincheirados pela resistência da cultura popular desse pais. A luta continua. Um beijo meu querido, que Deus te receba na paz e na luz”, declarou Tino Gomes. (Estado de Minas)