Artista, natural de Norte de Minas, em MG, é considerado o compositor brasileiro com mais músicas gravadas. Corpo será velado na tarde de hoje
Por Luiz Ribeiro

Teo Azevedo em frente ao Museu Regional de Montes Claros em julho de 2023, quando completou 80 anos – (crédito: Luiz Ribeiro EM/DA Press)
crédito: Luiz Ribeiro EM/DA Press

A cultura brasileira está de luto. Morreu na madrugada deste sábado (11/5), em Montes Claros, no Norte de Minas, o compositor, cantor, escritor e escritor Téo Azevedo, aos 80 anos, considerado uma das maiores expressões da cultura popular do pais.
Ele tem mais de 2,5 mil músicas gravadas, cerca de 3 mil trabalhos e 1 mil histórias de cordel escritas, além de 12 livros lançados. Téo também se notabilizou pela luta em defesa da “música de raiz” e da natureza, tendo levantando a voz pela preservação do pequizeiro, o fruto símbolo do Cerrado.
O artista estava internado no Hospital Dilson Godinho e morreu em decorrência de uma encefalite (inflamação no cérebro), segundo a família. O corpo será velado no Memorial da Santa Casa de Montes Claros, de 12 às 15 horas deste sábado.
Em seguida, o corpo será traslado para o Distrito de Alto Belo, no município de Bocaiuva (na mesma região), terra do compositor, onde será sepultado ás 16 horas deste domingo (12/5), no Memorial Téo Azevedo.
Ele é considerado o compositor brasileiro com maior quantidade de musicas gravadas. Entre os cantores que gravaram as suas mais de 2,5 mil criações estão nomes como Sérgio Reis, Milionário & José Rico, Zé Ramalho, Genival Lacerda, Zeca Pagodinho, Jair Rodrigues, Pena Branca & Xavantinho, Tonico & Tinoco, Caju & Castanha e dupla Cristian & Ralf.
Além de construir a própria trajetória, Téo produziu dezenas de discos e levou aos estúdios de gravação centenas de cantores e compositores. Conviveu e firmou parcerias com Sérgio Reis, Zé Ramalho e Luiz Gonzaga, entre outros. Em 2013, ganhou o cobiçado prêmio Grammy Latino com “Salve Gonzagão – 100 anos”, na categoria melhor álbum de raiz.
Em 1997, graças ao produtor e músico americano Michael Grossman, que conheceu quando fazia um programa na Rádio Atual, em São Paulo, Téo se aproximou de Bobby Keys, saxofonista da banda Rolling Stones.
O mineiro fez uma composição em homenagem ao saxofonista, “For Bobby Keys (Music and life)”, que entrou em um disco de Keys, em versão de Michael Grossman. A gravação foi patrocinada por Ronnie Wood, guitarrista dos Stones.
“Uma perda imensa para a cultura brasileira e mineira”, afirma o Violeiro, compositor e cantador mineiro Chico Lobo, de quem Téo Azevedo era grande amigo. “Fui pego de surpresa pela notícia. Sempre foi uma referência para a minha carreira”, afirma.
“Desde os anos 1980, quando cheguei em Belo Horizonte e pude assistir às suas apresentações. Me tornei amigo e pude ir aos encontros que ele realizava de folias de Alto Belo, sua terra natal. Pude levá-lo várias vezes no meu programa. Foi responsável por lançar vários artistas e trabalhos diferentes. Descobriu Zé Coco do Riachão. É uma perda muito grande, mas que tem certeza da missão que foi cumprida com muita força e muita resistência. A música dele é eterna em nossos corações”, descreve Lobo.
O compositor Tino Gomes, também mineiro (de Montes Claros), foi outro que lamentou a morte de Téo Azevedo. “Hoje partiu para os planos celestiais, no toque da viola, um dos maiores defensores da cultura popular desse pais, ao qual nos todos devemos reverenciar: Téo Azevedo. Ele foi um lutador pela nossa cultura, nosso povo catrumano”, declarou Tino Gomes.
“Téo produziu mais de 500 discos, inclusive o meu. Ele produziu mais de mil livretos de literatura de cordel. (Foi) um poeta e batalhador incansável da nossa cultura. A cultura popular do Brasil fica entristecida, fica mais pobre com a perda desse grande amigo, desse parceiro, com quem eu tive a honra de dividir uma musica só em 50 anos de amizade, que é ‘Meu Jeito Catrumano’. Téo Azevedo deixa um legado imenso para essa geração que, por vezes, não sabe nem o que é o que gente está falando da cultura popular, devido a grande mídia propagá-la tanta”, afirmou o cantor e compositor.
“Saiba, Téo, que nós continuaremos aqui firmes, resistindo trincheirados pela resistência da cultura popular desse pais. A luta continua. Um beijo meu querido, que Deus te receba na paz e na luz”, declarou Tino Gomes. (Estado de Minas)

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