Está na cara que o conflito que encerrou a noite vergonhosa da prisão de Lula foi devidamente planejado.

Todo o “sigilo” que envolveu a operação policial tinha um destino: a Superintendência da Polícia Federal do Paraná.

Quando se quis afastar de lá manifestantes pró-Lula, montou-se um grande esquema policial e isolou-se toda a área.

Agora, permitiu-se que os grupos fascistas chegassem bem perto do prédio, ao ponto de atingirem o pátio com rojões e, pior ainda, dispará-los contra o helicóptero que conduzia o ex-presidente.

Não é preciso falar do risco de acidentes que isso representou.

Claro que tudopreparado para ser gravado pelas câmaras de TV em ângulo conveniente para mostras os fogos, mas não os fogueteiros.

Era preciso uma “resposta” imagética ao espetáculo real da massa que carregara Lula em triunfo em São Bernardo, aí sem montagem alguma.

Houve tempo de sobra para montar barreiras de revista proximas à PF de Curitiba, que impedissem a entrada de armas e fogos de artifício.

Vi, andes dos incidentes, os esquemas policiais diante da cada grupo. Diante dos apoiadores de Lula, um batalhão; diante dos grupos fascistas, uma meia-dúzia de policiais.

Na chegada do helicóptero cairam bombas sobre os adeptos de Lula, logo seguidas de disparos de balas de borracha.

Há muita gente ferida por elas.

Não há dúvida alguma sobre as íntimas ligações entre a Polícia Federal do Paraná e a PM de Beto Richa com o Ministério Público e o Sérgio Moro e, destes, com os grupos de apoiadores do juiz.

Não se pode descartar que, diante do espetáculo de apoio e de resistência que Lula recebeu nestes dois dias, possa ter havido, por parte de alguém, o desejo de uma “vingança”.

É preciso rebobrar o cuidado e a paciência.

Estamos diante de uma escalada fascista de grandes proporções, sustentada pela mídia, pelo MP, pelo Judiciário e com um poder governamental fraco e desmoralizado.

O exército de Bolsonaro, francamente misturado com as forças policiais, é formado, em parte significativa, por boçais violentos.

Não podemos permitir que , com a raiva dos justos, nos confundam com o ódio dos fanáticos.

O julgamento que queremos e não tememos é o da maioria do povo brasileiro, que não é torpe como descobrimos que nossas cortes são.

* Fernando Brito é editor do Tijolaço

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