– Sind-UTE aciona governador para ele explicar acusação de “rachadinha” contra representantes dos trabalhadores –
* Por Waldo Ferreira
Durante o mandato do ex-governador Fernando Pimentel os sindicatos que representam o funcionalismo público em Minas Gerais fizeram várias greves. A Associação dos Docentes da Unimontes (Adunimontes), por exemplo, realizou quatro paralisações, duas delas de mais de 120 dias. Em 2016, inclusive, chegou a fazer o enterro simbólico de Pimentel.
Por isso, causou estranheza a fala despropositada do atual governador Romeu Zema (Novo), que acusou, sem apresentar qualquer prova, sindicalistas de, segundo ele, terem se omitido naquele período porque eram privilegiados com cargos na gestão do ex-governador.
Ao criticar a posição contrária dos sindicatos à reforma da Previdência em Minas, Zema chegou a comparar esses supostos benefícios auma “rachadinha”, prática criminosa em queservidores públicos são obrigados a repassar parte de seus salários para políticos ou assessores parlamentares. A “rachadinha” foi adotada pelo clã Bolsonaro, apoiado por Romeu Zema. Por conta desse apoio incondicional ele também não assinou a carta dos governadores em apoio ao Fundeb.
O Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação de Minas Gerais (Sind-UTE) entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra a declaração do governador. “Zema deve se explicar pela fala caluniosa contra os sindicatos e o funcionalismo público de Minas. O que ele disse é ofensivo e criminoso”, reagiu a presidente da Adunimontes, Ana Paula Thé.
Ela lembrou que no período de Pimentel a entidade organizou sete meses de greve, divididos em dois movimentos, um em 2016 e outro em 2018, na luta pela carreira e pelas incorporações das gratificações GDPES e Pós de Giz, que são mais da metade do salário do professor – o pior vencimento básico do ensino superior público do Brasil.
Ana Thé informou que os diretores da entidade não recebem salário, nenhum pró-labore e ainda contribuem com a mensalidade sindical, como qualquer outro associado. “Não temos na Unimontes o direito de afastamento para o trabalho sindical e nem horas de encargos docentes contabilizados com o tempo que disponibilizamos para a associação docente. Tudo o que Zema se refere em relação ao servidor público é mentira”, reforçou.
Segundo Ana Thé, o governador está usando da prática de fake News para se desviar de responder por que está propondo, em plena pandemia – com os servidores públicos trabalhando nas diversas frentes de combate a Covid-19 -, uma reforma da Previdência que propõe alíquotas progressivas entre 13 a 19% e é considerada a mais nociva aos trabalhadores entre todas as propostas apresentadas pelos demais estados.
O diretor de relações sindicais da Adunimontes, Afrânio Farias de Melo Júnior, reagiu com indignação ao que chamou de leviandade do governador. “O que recebemos de benesse do governo passado? Fomos o sindicato que mais fez greve no período do governo Pimentel. A qual rachadinha Zema se refere?”, disse.
A reforma achata os salários dos servidores e retira direitos. Encaminhada por Romeu Zema a proposta tramita na Assembleia Legislativa.
*Jornalista e assessor de comunicação da Adunimontes