A destruição do patrimônio público causada no dia 08 de janeiro nas sedes dos três poderes da República em Brasília/DF foi devastadora. Percebe-se ali um ato extremamente organizado, planejado com muito cálculo e racionalidade. Toda aquela baderna tinha como motivação a derrota de Jair Bolsonaro nas eleições do ano passado.

Diante do fracasso do ex-presidente nas urnas muita gente graúda, dona de infinitos monopólios, sentiu-se ameaçada, com medo de perder as benesses lucrativas advindas dos acordos feitos com Bolsonaro.

Distante dos pobres, dos trabalhadores, das minorias sociais, o bolsonarismo nada fez pelas populações carentes. Ao contrário, só atuou contra o crescimento econômico que poderia beneficiá-las e limitou-se a encher os cofres de pastores evangélicos e empresários exploradores que patrocinaram todo aquele terrorismo. A manipulação e a desordem sempre foram fortes características do comportamento descompromissado de Bolsonaro.

Desde o início já estava claro que esse “senhor do terror” sempre fora um desastre para o Brasil. Tentou forjar um governo teocrático como estratégia de poder.

Como deputado federal foi uma lástima. Como presidente continuou sendo uma lástima.

Trata-se de um político sem política, um homem que nunca entendeu o sentido da vida social e se arvorou contra o Estado democrático de direito, juntamente com os seus fieis seguidores. Ao invés de garantir a ordem e a paz como líder que deveria ser, acabou por semear a discórdia.

Nos últimos quatro anos o Brasil vivenciou dias terríveis devido ao destempero do ex-presidente, sua falta de preparo para o cargo e a sua nítida ideologia fascista. Não é preciso repetir que a sua ascensão à presidência só foi possível graças à prisão arbitrária de Lula em 2018. Caso contrário, não teríamos testemunhado tantos atentados contra a democracia e a soberania popular. Autodenominadas “patriotas”, as pessoas responsáveis pela depredação e ataques às sedes dos três poderes pareciam viver uma realidade paralela desde o fim das eleições, chegando ao ponto de ocuparem portas de quarteis e rodovias até culminar com a invasão em Brasília/DF uma semana após a posse histórica de Lula.

Símbolos da República foram destruídos, além das obras de arte de grande valor monetário e cultural. Os golpistas fizeram uma quebradeira deixando perdas irreparáveis. O efeito Bolsonaro produziu no país um bando de arruaceiros. Vestidos de verde-amarelo, alguns até com bíblia na mão, fieis ao seu “mito foragido” nos EUA revelaram-se como extremados agressores da democracia, sendo que grande parte deles foram presos. Assim, uma questão foi fundamental: punir os responsáveis por esses atos.

Ainda no exercício do cargo, Bolsonaro por tantas vezes afirmou, sem provas, haver fraudes no sistema eleitoral e proferiu ameaças à democracia, sugerindo fechar o Congresso Nacional, o Supremo Tribunal Federal (STF), e outras instituições guardiães dos direitos democráticos.

Após os ataques em Brasília/DF, o presidente Lula, ao se reunir com governadores, falou sobre a importância da união de todos a fim de manter viva a democracia e ressaltou que o grupo de invasores – embora nada justifique tais atos – não tinha nenhuma pauta de reivindicações ao governo empossado. Apenas queria – a todo custo -, executar o golpe que, felizmente, foi malsucedido.

(*) Wagner Rocha é professor da Unimontes.

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