Identificado como “Dengo” na lista da Odebrecht, Antônio Anastasia teria sido o principal beneficiário, com recebimento de R$ 5,47 milhões em 2010, quando era candidato a governador do Estado. Ele também teria recebido R$ 3 milhões em uma dobradinha com o então candidato ao governo de Minas, Pimenta da Veiga (PSDB), o “Gordo”, em 2014. Na época, Anastasia era candidato ao Senado.

 Ninguém fala mais nada sobre os mais de R$ 22 milhões que foram destinados a 41 políticos mineiros como pagamento de caixa 2 em campanhas eleitorais pela Odebrecht, segundo planilha do delator Benedicto da Silva Júnior, o BJ, entregue ao Ministério Público Federal (MPF). Os repasses beneficiaram políticos de todas as esferas do poder, de vereadores e prefeitos a senadores e deputados.

O montante representa 9% do total de R$ 246 milhões registrados na lista e repassados a políticos brasileiros, conforme o documento. Os senadores e ex-governadores de Minas Gerais Antonio Anastasia e Aécio Neves, ambos do PSBD, encabeçam o “listão”. Juntos, “Dengo” e “Mineirinho”, como são identificados na planilha, teriam recebido R$ 10,72 milhões.

Anastasia teria sido o principal beneficiário, com recebimento de R$ 5,47 milhões em 2010, quando era candidato a governador do Estado. Ele também teria recebido R$ 3 milhões em uma dobradinha com o então candidato ao governo de Minas, Pimenta da Veiga (PSDB), o “Gordo”, em 2014. Na época, Anastasia era candidato ao Senado.

O deputado federal Dimas Fabiano Toledo Júnior (PP), o “Filhinho”, aparece em terceiro lugar entre os mineiros que mais teriam sido beneficiados, com R$ 3,25 milhões. Como resposta ao pagamento, segundo o relator, o deputado representaria emendas e defenderia projetos do interesse da Odebrecht.

Uma doação irregular de R$ 1 milhão teria sido feita ao ex-prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda (PSB), codinome “Poste”. O repasse teria sido realizado em 2012, quando o político foi reeleito para o comando da capital, diz o documento.

‘Da Casa’
Integrante da base de apoio de Aécio, o ex-governador Alberto Pinto Coelho (PP), vice de Anastasia, teria recebido R$ 825 mil. No detalhamento, o pagamento foi feito para que “Da Casa” trabalhasse no “desenvolvimento de projetos de infraestrutura de interesse da empresa”.

Ex-presidente do PPS, diretor de habitação da Urbel no governo Lacerda e ex-diretor de Operação Metropolitana da Copasa, Juarez Amorim teria recebido R$ 300 mil para ser repartido entre candidatos do PPS em Minas. O pagamento ao “Doutor” teria sido feito em 2014.

O vice-governador Antônio Andrade (PMDB), o “Wanda”, é o oitavo político na lista dos mineiros. Em 2010, quando era candidato a deputado federal, ele teria recebido R$ 275 mil. A justificativa é que Toninho teria disposição para apresentar emendas e defender projetos de interesse da companhia.

Já o atual governador, Fernando Pimentel (PT), teria recebido R$ 250 mil sob o codinome “Do Reino”. O mesmo valor foi pago ao deputado estadual Gil Pereira (PP), o “Lagarto”, em 2010. Ele teria, conforme o delator, disposição para apresentar projetos de interesse da Odebrecht.

Ao também tucano Rodrigo de Castro teriam sidos repassados R$ 250 mil, divididos entre os anos de 2010 e em 2012. Em 2010, ano em que era candidato a deputado federal, o pagamento foi realizado com a justificativa de que o político teria disposição para apresentar e defender projetos de interesse da Odebrecht. Em 2012, ano de eleições municipais, o recurso supostamente foi usado para apoio às bases políticas de Rodrigo.

‘Navalha’

Vereador e ex-presidente da Câmara Municipal de BH, Wellington Magalhães (PTN) teria recebido R$ 155 mil para defesa dos interesses da empresa. O pagamento ao “Navalha” teria sido feito em 2012. Magalhães também é identificado com “Aço”.

Citados negam ilegalidade nas doações de campanha

Os políticos mineiros citados na reportagem negam envolvimento em esquemas de corrupção. Segundo Anastasia (PSDB), ele “nunca tratou de qualquer assunto ilícito com ninguém”. Por nota, a assessoria de Aécio Neves (PSDB) afirmou que os ex-executivos da Odebrecht não apresentaram provas documentais que apontem ato ilícito por parte do senador.

“As doações feitas às campanhas do senador não envolveram nenhum tipo de contrapartida, de propina ou qualquer tipo de compromisso com a empresa, como atestou o próprio Marcelo Odebrecht no depoimento prestado”, diz o texto.

Conforme Pimenta da Veiga (PSDB), o nome dele já foi excluído da lista pelo relator do processo. Dimas Fabiano (PP) reafirma que jamais manteve contato com qualquer executivo da Odebrecht, “não tendo sido destinatário de recursos alegadamente doados ou disponibilizados”.

A assessoria de Marcio Lacerda (PSB) destacou que nos depoimentos não há acusação de corrupção contra o ex-prefeito. “Todos os recursos recebidos pela campanha foram oficialmente declarados e não houve caixa 2. Em nenhuma obra da gestão de Marcio Lacerda houve qualquer tipo de contrapartida, propina ou troca de favores”, diz a nota.

Alberto Pinto Coelho (PP) informou, por meio da assessoria, que desconhece totalmente o teor da delação, bem como a motivação que originou tais menções. Juarez Amorim (PPS) se disse surpreso com o fato de ser citado pelo delator. Ele negou o envolvimento e disse que vai contratar um advogado para acompanhar o caso.

O vice-governador Antônio Andrade (PDMB) afirmou que não recebeu nenhum valor da Odebrecht na campanha de 2010 e que todas as doações e despesas foram devidamente declaradas e aprovadas pela Justiça Eleitoral. Andrade disse, ainda, que o diretório estadual do PMDB, que é por ele presidido, recebeu recursos da empresa naquelas eleições, mas que os valores também foram devidamente declarados.

Segundo o advogado de Fernando Pimentel (PT), Eugênio Pacelli, a planilha não tem credibilidade. “Não há nesta planilha nada que aponte um único dado concreto a ser respondido”, disse. O deputado estadual Gil Pereira afirmou que desconhece e repudia toda e qualquer ilação ou impropérios que envolvam sua conduta parlamentar.

Wellington Magalhães (PTN) também negou as acusações. Segundo ele, a sua irmã, Arlete Magalhães (PV), também não está envolvida. A assessoria do deputado federal Rodrigo de Castro (PSDB) foi procurada, mas não se posicionou.

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