O local abriga Centro de atendimento a surdos e havia sido reivindicado pela universidade

– O anúncio de Antônio Alvimar de Souza, reitor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes), de que a instituição não irá mais reivindicar o espaço hoje utilizado para capacitação de professores em atendimento a pessoas com surdez foi recebido como um alento.

O comunicado foi feito por carta enviada à Comissão de Educação, Ciência e Tecnologia da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG), que discutiu, na manhã desta terça-feira (12/11/19), a ameaça ao espaço. Ainda assim, os presentes relataram constantes riscos e reivindicaram mais participação na discussão das políticas públicas.

O local abriga atualmente o Centro de Capacitação de Profissionais da Educação e de Atendimento às Pessoas com Surdez de Montes Claros (CAS-MOC). Muitos usuários do espaço e membros da comunidade de pessoas com surdez da região Norte de Minas Gerais estiveram presentes no encontro e ressaltaram que o espaço é resultado da luta da sociedade civil e precisa ser preservado.

Segundo Pedro Julião Prates, representante de pais de alunos, o lugar foi conquistado inicialmente para ser uma escola para pessoas com deficiência e, agora, funciona como CAS.

Um dos cinco CAS de Minas Gerais, o Centro atende a nove superintendências regionais de ensino. A representante da Secretaria de Educação, coordenadora de Educação Especial, Esther Augusta Barbosa, explicou que nunca esteve nos planos da pasta fechar o CAS.

Ela afirmou que o órgão regula o trabalho inclusive dos tradutores de libras lotados nessas superintendências e, assim, é importante para a capilaridade do serviço no Estado. Atendendo a solicitação dos presentes, ela afirmou que vai marcar uma reunião com representantes da comunidade para tratar de políticas da área de educação especial para os próximos anos.

Os presentes lembraram que não é a primeira vez que uma instituição do Estado reivindica o prédio do CAS em Montes Claros e disseram que isso gera instabilidade ao seu trabalho.

A deputada Beatriz Cerqueira (PT), presidenta da comissão e autora do requerimento que deu origem à reunião, defendeu a manutenção do CAS e a discussão de outros problemas que dizem respeito à comunidade com surdez para que o Estado possa avançar na inclusão de todos.

Escolas bilingues, orçamento e outras demandas foram apresentadas na reunião

Outra cobrança que surgiu ao longo da reunião, essa colocada pela representante da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos, Lais Cristine Drumond, foi a de inclusão de ações voltadas para a educação bilingue (português e libras) no Plano Plurianual de Ação Governamental (PPAG) 2020-2023, atualmente em discussão na ALMG.

O deputado Professor Cleiton (PSB) afirmou que a Comissão de Defesa da Pessoa com Deficiência já apresentou emendas ao PPAG para destinar recursos à manutenção dos CAS e vai batalhar pela sua aprovação.

Os presentes pediram, ainda, que fossem incluídos nas discussões de políticas públicas em geral. O professor e instrutor de libras Gabriel Franco de Couto lembrou das dificuldades para conseguir, por exemplo, atendimento médico nos hospitais, já que poucos contam com pessoas treinadas em libras. Para ele, profissionais da segurança pública também precisam desse treinamento. Ele reivindicou, ainda, que os CAS contem com psicólogos para atendimento de pessoas com surdez.

O deputado Zé Guilherme (PRP) lembrou que o Projeto de Lei (PL) 919/19, de sua autoria, pretende criar escolas bilingues (português e libras) na rede estadual de educação e pediu apoio aos pares para a sua aprovação. Os presentes comemoraram a iniciativa.

Via: ALMG

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