– A crise em Minas não existe para os militares. Embora não deixe de mencionar a situação fiscal do estado em nenhum pronunciamento ou aparição pública, o governo Zema parece se esquecer dela quando o assunto afeta interesses dos servidores estaduais fardados.
Os militares mineiros receberam no final de 2019, junto com todo o pessoal de segurança pública estadual, a promessa de aumentos de 37% nos próximos três anos, o que segundo nossos cálculos vai consumir a economia de R$ 6 bilhões feita com adesão do Estado ao Regime de Recuperação Fiscal. Agora, eles não precisarão se preocupar com a Reforma da Previdência por pelo menos mais um ano.
O governo de Minas foi um dos nove que assinaram uma medida que adia em um ano o início da vigência dos pontos da reforma que atingem policiais e bombeiros militares. Com essa atitude, Zema mais uma vez os coloca numa posição de privilégio muito maior que as demais categorias de servidores estaduais.
Segundo a Folha de São Paulo, a justificativa do governador é de que, caso não aderisse ao decreto, o Estado poderia perder 7 mil militares em condições de se aposentarem ao final de 2019. Fora isso, a categoria representaria uma importante base do governo, conquistada no momento em que o governador se alinhou a Bolsonaro e seu discurso militarista.
Se continuar assim, a obsessão do atual governo do Estado pela segurança na base da força representada pela Polícia Militar, além de torná-lo refém das fardas, coloca em risco a popularidade do governador.
Zema, que constrói seu discurso e justifica todas suas ações com base no fato de Minas estar quebrada, pode ser desbancado pelas medidas financeiramente irresponsáveis em prol dos militares e pelo desdém para com as demais categorias.