Lula e a paz aos palestinos – Por Wagner Rocha*

As reações contra o corajoso posicionamento de Lula ao condenar o massacre na Palestina provém, em sua maioria, de pessoas que desprezam a paz e estão ao lado dos que promovem a guerra a qualquer custo, extremistas de direita, admiradores de monstros como Hitler e Mussolini, propagadores da cultura do ódio e da intolerância. Essas pessoas carregam uma identidade. Não se trata de seres abstratos. Não são personagens de narrativas ficcionais. Elas são reais, concretas, e atuam diuturnamente motivadas pelo instinto de dominação, escravização e aniquilamento das diferenças. Elas sabem que em sua fala Lula não minimizou os efeitos catastróficos sofridos pelos judeus durante o holocausto, as torturas, os assassinatos… Sabem que em toda a sua trajetória Lula sempre agiu pautado por uma ética humanista e solidária. E é justamente por isso que lhe perseguem. Se Lula fosse um ditador, um defensor dos carrascos e poderosos sem escrúpulos, com certeza, seria aplaudido pelos inimigos da paz. Se Lula tivesse a estupidez como norteadora dos seus atos políticos já teria sido ovacionado pelos malfeitores espalhados por diversas partes do mundo. Mas não. Lula tem a coragem de se manifestar bravamente contra a morte e o sofrimento extremo imposto ao povo palestino e não se curva diante das ameaças e dos frequentes ataques à sua atuação em defesa da democracia e dos direitos humanos. Mesmo quando foi preso injustamente por aqueles que alçaram ao poder um representante inequívoco do fascismo, Lula não se acovardou. Através das suas palavras a favor da paz na Palestina, Lula disse ao mundo uma verdade incontestável: é necessário acabar com as ações violentas e assassinas que têm vitimado mais de trinta mil inocentes, ceifado vidas, destruído sonhos e esperanças. O seu protesto tem como alvo o governo sionista de Israel, responsável por todo esse genocídio produzido pela atuação militar na Faixa de Gaza, e não o povo judeu. Diante disso, o aspecto que deve ser considerado é a essência da mensagem de Lula, ou seja, a força expressiva do seu clamor pela piedade dos terroristas do Hamas. É este o ponto central do seu discurso. Trata-se de uma súplica dirigida aos algozes para que esses se conscientizem quanto ao número alarmante de mulheres, crianças, pessoas jovens e idosas que estão sendo devastadas pelos bombardeios, mortas a sangue frio, e as tantas que se encontram gravemente feridas e desamparadas. A fala de Lula, em hipótese alguma, não pode ser distorcida por aqueles que legitimam o massacre. O que tentam, de maneira leviana e afrontosa, é desviar o foco da sua questão principal: o genocídio precisa parar. * Wagner Rocha é poeta e professor da Unimontes.

Censura à impressa em Montes Claros – Por João Figueiredo*

Historiadora conclui, em pesquisa de mestrado, que houve intensa censura à imprensa montes-clarense durante o Regime Militar. A imprensa montes-clarense, via de regra, sempre esteve vinculada às elites locais, ainda que muitos profissionais, funcionários do setor, fossem trabalhadores assalariados com consciência do conflito de classes vivenciado dentro dos próprios veículos. Os veículos, em sua maioria, historicamente sempre estiveram a serviço de correntes político-partidárias da classe dominante. Houve até jornais que, em determinado período, se apresentavam como isentos de vínculo partidário – curiosamente o proprietário de um deles foi o latifundiário envolvido diretamente no conflito com “Saluzinho”, um pequeno posseiro, no município de Varzelândia. O dito latifundiário utilizou jagunços e até a polícia a seu favor, além de usar o seu jornal para criar uma imagem desfavorável ao pequeno posseiro, tachando-o de “comunista”, “terrorista”, “invasor de terras”, dentre outros adjetivos considerados ultrajantes. Mas, esse conservadorismo da imprensa local não a isentou da censura a suas publicações, durante o Regime Militar. A historiadora Camila Gonçalves Silva trata da questão da censura à imprensa montes-clarense em sua dissertação de mestrado, defendida na Universidade Federal de Juiz de Fora, em 2013, com o título: “A censura veste farda: elites conservadoras, policiais militares e o consentimento da imprensa escrita à censura, durante o Governo Militar em Montes Claros de 1964-1985”. Coincidentemente a historiadora utilizou como uma referência um artigo de nossa autoria sobre a presença dos militares em Montes Claros desde sua criação, publicado na Revista Tempo em 2007. Silva mergulhou fundo nas publicações do período de que trata a sua dissertação e entrevistou figuras importantes do jornalismo montes-clarense, como Felipe Gabrich, Décio Gonçalves de Queiroz, Haroldo Lívio de Oliveira, dentre outros. Ela concluiu que a censura esteve presente na cidade, com a presença física de policiais militares atuando como censores nas redações; trata da leitura prévia das edições pelos censores e das estratégias que muitos jornalistas usavam para burlar essa censura. Diz a autora que a censura se tornou intensa na cidade, antes mesmo de se instituir essa prática como parte da política do Regime Militar em todo o país. Há, porém, um ponto que merece crítica no seu trabalho: ela afirma que havia soldados e oficiais desempenhando essa atividade. Se considerarmos que os soldados da Polícia Militar, nessa época, eram profissionais cuja escolaridade exigida para ingresso na corporação era o então 4º ano primário (hoje exige-se formação universitária para se tornar soldado), estes não teriam condições de exercerem essas atividades, por falta de capacitação intelectual. Logo, essa censura só poderia ser feita por oficiais. A autora destaca que essas atividades ocorreram por iniciativa do então comandante do 10º Batalhão da PM na cidade, que tinha uma destacada atuação política em prol do Regime Militar.   * Historiador, sociólogo, jornalista e escritor.

Eco 135 responsável por mais mortes na BR 135, em Montes Claros

Ontem, dia 10 de março de 2023, mais três pessoas perderam a vida de forma violenta na Br 135, na subida da serra, região sul de Montes Claros. Fato revoltante por si com o agravante da forma como foi e está sendo tratado pelas maiores fontes de informação da região. O acontecido não foi uma fatalidade, no sentido de falta de sorte, nem tão pouco um acidente no sentido de imprevisibilidade. Apesar de pagarmos um dos pedágios mais caros do Brasil somos submetidos as ações absurdas e muitas vezes desumanas da empresa Eco 135, desde a sua habilitação como concessionária da Br 135. A empresa gere um bem público extremamente sensível para milhares de usuários de forma autocrática e com a conivência do governo de Minas Gerais, desde a sua concessão. Suas decisões sobre as obras na rodovia levam em conta muitos interesses, mas na maioria das vezes contrários aos interesses dos usuários. As escolhas da empresa Eco 135 estão causando a morte de seus usuários. Por limite de espaço vamos listar aqui apenas três motivos os quais sustentam essa afirmação. Primeiro: caso fossem levados em conta os interesses dos usuários o processo de duplicação teria sido iniciado pelo trecho mais letal, ou seja, o trecho de Montes Claros a Bocaiúva. Como existem duas serras durante esse percurso, o que encarece sobremaneira a obra, a empresa optou pelo percurso entre Corinto e o trevo da BR 040. O trajeto de Montes Claros até Bocaiúva ainda hoje não consta no projeto de duplicação publicizado pela empresa. Será que ele existe de fato? Como você produz um material caro como o vídeo promocional presente no site da empresa sem constar o trecho mais letal da rodovia. Qual motivo? Segundo: obras já realizadas na rodovia apontam para um futuro de continuidade de mortes na mesma. Exemplo importante é a distância entre as duas pistas no trecho já duplicado, entregue alguns dias atrás. A mesma não garante o mínimo de segurança em caso de descontrole de um veículo na pista da via de direção oposta. A passarela do Planalto, em construção, também indica que a distancia entre as duas pistas ali será praticamente igual a distancia existente atualmente, antes da duplicação. Terceiro: as barreiras de contenção instaladas na serra da BR 135, na saída de Montes Claros para Bocaiúva são verdadeiras armas para tirar a vida dos usuários da mesma, como ocorrido ontem com os três usuários. Nesse caso a Eco 135 é diretamente responsável por essas mortes. Eu mesmo já presenciei, mais de uma vez, caminhões saindo pelo acostamento naquele local, em caso de perda de freio. Mesmo operando uma manobra ilegal, os mesmos acabavam evitando a perda de vidas, ao contrário do ocorrido ontem. As decisões tomadas sem ouvir os usuários podem levar ao aumento da letalidade. Desde sempre caminhões perdem os freios naquele declive. Reduzir o acostamento com as barreiras de contenção colocou como única opção para os condutores de veículos pesados, em caso de perda dos freios, jogar esses veículos na contra mão. Ou seja, azar de quem está passando no momento. Quanto a empresa resta apenas anunciar mais uma fatalidade e seus gestores vão dormir tranquilos mais uma noite, ao contrário dos familiares daqueles que perderam a vida e mesmo dos sequelados. Um detalhe, estamos diante de uma concessão pública e elegemos pessoas para nos representar na defesa da população de forma geral. Onde estão essas pessoas já que para a imprensa de forma geral estamos apenas diante de uma fatalidade? Onde estão nossos representantes? Caminhão perdeu o freio na descida de uma serra e atingiu uma carreta, dois carros pequenos e uma moto

Carnaval 2023 no Vale do Jequitinhonha – Por Albano Silveira*

Mais de 100 mil caem na folia em diversas cidades do Vale. Povo do Vale faz festa no Carnaval Apresentação do Bloco Biri Biri, na Praça do Mercado de Diamantina. Diamantina tem blocos, criatividade e irreverência  Minas Novas vai dos lados, à frente e atrás do trio elétrico   Berilo pula com bandas e praia do rio Araçuaí  Jequitinhonha anima ruas e praças com blocos caricatos Uma migração de foliões invade as praias do sul da Bahia O povo do Vale é alegre e festeiro. Os maiores carnavais do interior de Minas estão por aqui. Muitas cidades têm tradição de realização do Carnaval, blocos, fantasias, desfiles, concursos de marchinhas, matinês, bailes de idosos e o escambau. Tem de um tudo um pouco. Muitos blocos já acabaram no tempo, outros renasceram. Fantasias muitas, esquecidas, são resgatados pela galera jovem, tiradas do baú dos pais ou da vovó. Mas, ainda são poucos que se fantasiam. A moda é o bloco com vestimenta padronizada com bermuda e camiseta, música axé e o renascimento dos trios elétricos. Essa semana as cidades se agitam e fervem de aprontações. Já entra em ebulição com a chegada de foliões, os filhos ausentes do Vale, o coração presente que vale. O clima de festa, folia, farra, alegria, cantoria, dança, irreverência, criatividade, já transforma cada lugar, cada rua. Carnavais mais antigos na animação e desfile de gente bonita são os mais chamativos: Diamantina é atração sem igual. Minas Novas é do mais antigo trio elétrico. Berilo tem bandas e praia de rio.  Itinga volta com força. Jequitinhonha  faz festa à beira do rio com muitos blocos. Os foliões de municípios vizinhos vão para essas cidades. Geralmente, são contratadas bandas de música axé com um palco fixo na praça principal ou em praias dos rios Araçuaí e Jequitinhonha. Algumas cidades procuram na realização do Carnaval botar fogo na energia festiva da moçada. Para o povo de Coronel Murta fazer folia na Praça e nas praias do rio Jequitinhonha já tá valendo. Outras cidades esperam que as prefeituras contratem bandas. Algumas fizeram isso, outras não. Porém, aqueles que gostam de carnaval e moram nesses e outros lugares já programam viagens para outras cidades vizinhas do Vale. Ou então, vão para as folias das praias de Porto Seguro, Arraial D’Ajuda e Belmonte, no jequitinhonha baiano. O que o povo do Vale não quer é perder a oportunidade de fazer festa nos dias de carnaval. O movimento em todas as cidades deve chegar a 100 mil pessoas brincando carnaval. Diamantina: o Carnaval dos turistas O carnaval mais famoso e diferente das cidades do Vale é o de Diamantina. Diamantina tem característica específica com desfiles de blocos caricatos, com músicas próprias. Para Diamantina vão turistas estrangeiros e de todos os estados brasileiros. Muitos foliões do Vale já descobriram essa opção e para lá vão curtir 4 dias de canto, dança e fantasia. Os moradores da cidade alugam suas casas mobiliadas e viajam. Aproveitam para faturar algum. É o carnaval mais forasteiro de todos. Há poucos diamantinenses curtindo a festa. A preocupação com a preservação do patrimônio cultural tem levado a  população a cobrar da Prefeitura mais fiscalização e orientação aos foliões. Neste ano, a Prefeitura e o Conselho de Patrimônio Cultural dividiram espaços na cidade para vários tipos de manifestações carnavalescas, indo de blocos, batuque, desfiles como som automotivo. Na programação, há 51 Blocos que sairão pelas ruas e becos calçados de pedras tortuosas na cidade colonial. A Prefeitura estima que cerca de 20 mil visitantes por dia passarão na cidade. Minas Novas dança, pula e vai atrás do trio elétrico “Atrás do trio elétrico só não vai quem já morreu…” O povo de Minas Novas conhece bem este canto frevoso de dança, de paz e folia do Caetano Veloso. Só que o povo não obedece: vai atrás, dos lados e na frente do trio elétrico. * Jornalista

Exigências da Anvisa levam Pfizer a desistir de fazer registro para uso emergencial da vacina no Brasil

Um dia após a Pfizer confirmar que desistiu da intenção de pedir o registro de uso emergencial da sua vacina contra a covid-19 no Brasil, o infectologista e pesquisador da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz), Júlio Croda, disse que não vê sentido nas exigências feitas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) para avaliar com urgência o imunizante. Croda argumentou que outros países já estão aplicando a vacina da Pfizer/BioNTech. “Não tem sentido nenhum, ainda mais que a gente tem duas agências que são até superiores em termos de avaliação do que a Anvisa, o FDA [agência reguladora dos Estados Unidos] e a agência europeia, aprovando isso, a agência do Reino Unido também”, disse o pesquisador em entrevista à GloboNews. “Não tem nenhum sentido essa vacina da Pfizer não ser aprovada pela Anvisa e as exigências serem superiores a essas outras agências”, reforçou o infectologista da Fiocruz, instituição federal que será responsável no Brasil pela produção da vacina de Oxford. O imunizante é desenvolvido pelo laboratório AstraZeneca em parceria com a Universidade de Oxford e é a principal aposta do governo brasileiro para o plano nacional de vacinação contra a covid-19. Croda criticou ainda a afirmação feita ontem pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido), de que seriam os laboratórios os maiores interessados em venderem vacinas contra a covid-19 para o Brasil. “Nenhuma empresa pediu a aprovação no Brasil, então a gente está neste cenário, enquanto a Argentina, por exemplo, país que está aqui do lado, manda um avião buscar a Sputnik V na Rússia [o país iniciou a vacinação contra a covid-19 hoje com o imunizante russo], o presidente está discutindo que as empresas devem procurar o Ministério da Saúde para vender suas vacinas. A gente não vai ter vacinas, vai ter uma disputa enorme no mundo”, argumentou. O pesquisador reforçou que faltou planejamento ao governo brasileiro para garantir doses suficientes para começar a vacinação. O imunizante da Pfizer, responsável por já ter iniciado campanhas em vários países do mundo, tentará agora junto à Anvisa o registro de uso definitivo, mas Croda lembrou que o laboratório não deve ter um grande quantitativo de doses disponíveis para o Brasil. “A previsão, que está no próprio plano nacional [de vacinação], é de 8,5 milhões de doses. Não dá nem para a gente terminar a fase 1 do nosso plano de vacinação”, afirmou o pesquisador, lembrando a primeira fase da vacinação, destinada a grupos prioritários e que ainda não tem data de início. “Infelizmente, o Brasil errou lá no passado, não fez nenhum termo de cooperação com outras empresas. Vamos ter uma falta de vacinas para os países pobres, para a África, Ásia e alguns países da América do Sul como o Brasil. A gente colocou nossas esperanças em duas vacinas”, completou Croda. Além da vacina de Oxford, o governo federal também prevê no seu plano nacional de vacinação poder contar com a CoronaVac, a vacina desenvolvida e testada pelo Instituto Butantan em parceria com o laboratório chinês Sinovac. O imunizante, porém, tem sido motivo de disputa entre Bolsonaro e o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), já que o Butantan é ligado ao governo paulista. Mesmo que possa contar apenas com as duas vacinas, tanto o imunizante da AstraZeneca como a CoronaVac ainda não entraram com pedido de aprovação de uso definitivo na Anvisa. A vacina do Butantan, porém, está teoricamente na frente por já ter quase 10 milhões de doses à disposição no país e uma promessa de divulgar no início de janeiro o resultado dos testes clínicos de eficácia, que permitem a entrada no processo de registro. *Com informações do Uol

Alô Barroso, viu que a fococaiada foi periciada pela PF que comprovou autenticidade da Vaza Jato?

 O único pronunciamento que o ministro lavajatista Luis Roberto Barroso fez sobre a série de reportagens do Intercept, batizada de Vaza Jato, foi: “vazamento criminoso e fofocaiada”. A perícia da PF acaba de provar o contrário. Como afirmou Lewandowski, a Polícia Federal mostra que os dados apreendidos na operação “spoofing” foram devidamente periciados e tiveram sua autenticidade comprovada. “Todos os dispositivos arrecadados foram submetidos a exames pelo Serviço de Perícias em Informática do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, que objetivaram a extração e análise do conteúdo do material, com a elaboração de Laudo Pericial de Informática Específico para cada item apreendido”, diz o relatório. Em outras palavras, não há apelação barata que conteste isso. Nem Barroso, o mais lavajatista dos ministros do STF, tem como negar o que foi revelado nas mensagens entre os procuradores da Lava Jato vazadas pelo Intercept.

Perícia Da PF Atesta Integridade Das Mensagens Dos Procuradores Da Lava Jato Divulgadas Pelo Intercept

 Embora o Ministério Público Federal no Paraná tenha repetido de modo reiterado não reconhecer a veracidade das mensagens divulgadas pela “vaza jato”, três decisões judiciais de 2020 citaram perícia que atestou a integridade do material que revelou o conchavo entre procuradores e o ex-juiz Sergio Moro. A última delas foi publicada nesta segunda-feira (28/12). Trata-se da decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, determinando que a 10ª Vara Federal Criminal do Distrito Federal compartilhe com a defesa do ex-presidente Lula parte das mensagens trocadas entre procuradores. As conversas foram apreendidas no curso da chamada operação “spoofing”, que investiga a invasão dos celulares de Moro, de procuradores e de outras autoridades da República. Na decisão, Lewandowski cita relatório da Polícia Federal que mostra que os dados apreendidos na “spoofing” foram devidamente periciados e tiveram sua autenticidade comprovada. “Todos os dispositivos arrecadados foram submetidos a exames pelo Serviço de Perícias em Informática do Instituto Nacional de Criminalística da Polícia Federal, que objetivaram a extração e análise do conteúdo do material, com a elaboração de Laudo Pericial de Informática Específico para cada item apreendido”, diz o relatório. “Dessa forma”, prossegue o documento mencionado por Lewandowski, “qualquer alteração do conteúdo em anexo aos Laudos (remoção, acréscimo, alteração de arquivos ou parte de arquivos), bem como sua substituição por outro com teor diferente, pode ser detectada”. Diogo Castor Se em discursos públicos alguns integrantes do MPF no Paraná afirmaram de forma ensaiada que não reconhecem a veracidade das conversas reveladas pela “vaza jato”, em autos sigilosos a versão apresentada é outra. O procurador Diogo Castor de Mattos, ex-integrante da autointitulada força-tarefa da “lava jato”, solicitou, em meados de junho deste ano, acesso a uma parte das conversas que lhe faziam referência. O pedido foi atendido, ainda que Castor não conste entre os investigados na “spoofing”, ao que se sabe. Em 5 de junho, Ricardo Augusto Soares Leite, juiz substituto da 10ª Vara Federal Criminal do DF, deu ao procurador acesso a um laudo pericial comprovando que ele teve o celular invadido. “Defiro. A autoridade policial deverá disponibilizar à defesa de Diogo Castor de Mattos o acesso ao laudo pericial que comprova a invasão do celular do procurador Diogo Castor de Mattos e uma mensagem específica trocada entre o procurador da República José Robalinho e o hacker (que estava usando o celular do conselheiro do CNMP Marcelo Weitzel).” Castor ficou conhecido após vir a público que ele teria pago por um outdoor em homenagem à “lava jato”. O painel foi colocado em uma via de acesso ao aeroporto Afonso Pena, na região metropolitana de Curitiba, em março de 2019, quando Castor ainda integrava a força-tarefa. Ele chegou a confessar que pagou pela instalação, mas o processo que apurava a sua responsabilidade acabou sendo arquivado. Também foi ele o responsável por um pedido de investigação em proveito próprio — conforme a ConJur revelou, ele pediu para a PF investigar mensagens de WhatsApp que falavam dele mesmo. Hackers Por fim, em 10 de julho, decisão também do juiz Ricardo Augusto Soares Leite deu a uma série de réus acesso ao material aprendido na “spoofing”. Na ocasião também foi dito que os documentos passaram por perícia. “Defiro o acesso das defesas aos arquivos obtidos em razão da operação spoofing e já periciados e que se encontram com a autoridade policial, ficando a cargo de cada advogado de defesa e à Defensoria Pública da União entregar um HC externo ao delegado de Polícia Federal, Dr. Zampronha, que providenciará a disponibilização do material e transferência de 7 TB de arquivos, certificando a entrega do material às partes que estarão cientes do tempo necessário para baixar essa elevada quantidade de dados, bem como a necessidade de se resguardar o sigilo de tais dados por conterem informações privadas de pessoas físicas”, diz a decisão. O pedido foi feito pelos réus Danilo Cristiano Marques, Suelen Priscila de Oliveira, Gustavo Henrique Elias Santos, Thiago Eliezer Martins Santos, Walter Delgatti Neto e Luiz Henrique Molição, acusados de ter invadido os celulares de Moro e dos procuradores. Os autos do inquérito da “spoofing”, que tramitam na 10ª Vara Federal Criminal do DF, estão sob sigilo. O pedido feito pelos réus foi encontrado em um HC público. O mesmo ocorreu com o pedido formulado por Castor. As duas solicitações de acesso foram utilizadas pela defesa do ex-presidente Lula para pedir, em agosto deste ano, que o ministro Luiz Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal, também compartilhasse o material da “spoofing” com o petista. O pedido, feito no processo que trata da suspeição de Moro e de procuradores — entre eles Castor —, é assinado pelos advogados Cristiano Zanin, Valeska Martins, Maria de Lourdes Lopes e Eliakin Tatsuo. Em agosto deste ano, a 2ª Turma do Supremo já entendeu que, por ter atuado na produção de provas, Moro não poderia ter julgado o caso Banestado, que o tornou famoso. *Do Conjur

Montes Claros convoca artistas selecionados em edital para formalização das assinaturas

Lei Aldir Blanc – A Prefeitura de Montes Claros, através da Secretaria Municipal de Cultura convoca os artistas premiados no Edital 016/2020 – Projetos Culturais, a comparecerem nesta segunda-feira (28), das 8h30 às 17h, na Diretoria de Licitação, que fica no 2º andar do Prédio da Prefeitura (Av. Cula Mangabeira, 211), com o objetivo de recolher as assinaturas dos premiados para declaração de aceite dos termos do Edital e formalização dos recibos financeiros, com a indicação de suas contas bancárias, onde serão depositados os recursos. A Lei Aldir Blanc (Lei Federal nº 14.017/2020) é uma vitória para o setor cultural, que foi um dos mais impactados pela pandemia da Covid-19. A iniciativa homenageia o escritor e compositor carioca Aldir Blanc, falecido em maio, vítima da doença

De mãos vazias, Bolsonaro faz pronunciamento à nação sem mostrar um feito sequer

O Brasil é governado por um tolo, um fraco, sem qualquer empenho no comando do país. O Brasil nunca se viu tão desanimado, instável e débil. Independente de sua política genocida durante a pandemia, o que coloca o Brasil em 2º lugar em números absolutos de morte por Covid, o governo Bolsonaro não tem o que mostrar, mas o que esconder depois de 2 anos de um governo débil economicamente, flácido de ideias, sem força moral para propor alguma coisa útil para o povo e, sobretudo, franzino em seu caráter institucional. O Brasil é governado por um tolo, um fraco, sem qualquer empenho no comando do país. O Brasil nunca se viu tão desanimado, instável e débil. Não é uma questão de mudança de direção, é falta de direção, que fará padrão, essa palavra que significa um mínimo de civilidade. As pessoas ainda não entenderam que o Brasil está totalmente à deriva sendo escorado pelos interesses e normas do mercado e pela burocracia do Estado. Ou seja, temos uma administração fraudulenta até para um padrão de administração de condomínio. O governo Bolsonaro não é uma crise permanente por acidente. É projeto de quem não tem a mínima ideia de como se governa um país. Mas nada disso é novidade. Todos sabiam de sua total incapacidade por ter atuado 28 anos no legislativo sem apresentar um único projeto sequer de sua autoria. O camarada é um nulo, um inútil convicto. Bolsonaro só disse bobagens em cadeia de rádio e televisão e, na contramão dos discursos de outros líderes mundiais, ele não citou o distanciamento social nem a vacinação, dizendo que o Brasil é referência mundial de combate à Covid. É um cínico? É. Mas o que ele falaria em seu pronunciamento? Não se trata de um idiota que não pensa antes de agir. É um idiota apoplético, que vive vermelho de cólera, exaltado e furioso porque tem uma família de criminosos. Sobre governar o país, ele não sabe aonde começa a cabeça e termina o rabo do bicho. *Carlos Henrique Machado Freitas Via Antropofagista

Na mensagem de Natal deste ano, Papa Francisco cita dom Helder Câmara

 Francisco recorreu às palavras de dom Helder Câmara, para pedir “uma colaboração generosa e apaixonada no anúncio da boa-nova” Papa Francisco dá sua mensagem natalina: cuidar dos próximos (L’Osservatore Romano) Dom Hélder, aquele que chamavam de comunista Em discurso à Cúria romana, Francisco exalta o arcebispo brasileiro a caminho da canonização Dom Hélder e o papa Francisco cometeram o mesmo ‘pecado’: denunciar um sistema que gera pobreza Luis Miguel Modino* No Discurso à Cúria Romana para as Felicitações de Natal, pronunciado segunda-feira, que tradicionalmente tem sido uma oportunidade para nos mostrar a dimensão profética de um Papa que não duvida em denunciar os pecados da Igreja, Francisco refletia de novo sobre a importância do pobre na vida daquele que quer caminhar com Deus. Em suas palavras, ele afirmava que “só conhece verdadeiramente a Deus quem acolhe o pobre que vem de baixo com a sua miséria e que, precisamente nestas vestes, é enviado do Alto; não podemos ver o rosto de Deus, mas podemos experimentá-lo ao olhar para nós quando honramos o rosto do próximo, do outro que nos ocupa com as suas necessidades”. Alguém que se posicionou em favor do cuidado e da defesa dos mais pobres foi Dom Helder Câmara, um dos bispos mais destacados da Igreja do Brasil no século XX. Lembrando que “os pobres são o centro do Evangelho”, o Papa Francisco recordava, sem citar o nome, as palavras daquele de quem tem sido iniciado seu processo de canonização, mas que no coração do povo e do Papa, ele é santo: “recordo o que dizia aquele santo bispo brasileiro: “Quando me ocupo dos pobres, dizem de mim que sou um santo; mas, quando me pergunto e lhes pergunto: ‘Por que tanta pobreza?’, chamam-me ‘comunista’”. Aqueles que chamavam comunista a Dom Helder, ou os filhos deles, são os mesmos que hoje chamam comunista ao Papa Francisco. Os dois cometeram o mesmo “pecado”, denunciar um sistema que gera pobreza. O poder político e econômico são frequentemente aliados, fazendo com que o sofrimento se espalhe no meio daqueles que a sociedade coloca do lado de fora. A pandemia tem escancarado mais uma vez essa realidade, como dizia o Papa Francisco à Cúria, lembrando suas palavras pronunciadas no dia 27 de março: “A tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa a descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades”. Em suas palavras, seguindo o escrito em Fratelli tutti, o Papa Francisco lembrava “como é importante sonhar juntos! (…) Sozinho, corres o risco de ter miragens, vendo aquilo que não existe; é juntos que se constroem os sonhos”. Suas palavras nos lembram uma frase de Dom Helder, escrita numa carta endereçada a Jerônimo Podestá, no início dos anos 80: “Quando se sonha sozinho é apenas sonho. Quando sonhamos juntos é apenas o começo da realidade”. Podemos dizer que Dom Helder foi alguém que teve a capacidade de construir caminhos comuns, a partir dos pequenos, dos que não contam, mostrando que a soma dos pequenos constrói coisas grandes, igual Jesus nos mostra no Evangelho. Dom Helder, exemplo de uma Igreja presente nas periferias geográficas e existenciais, que vivia de maneira simples na Igreja das Fronteiras, nunca se afastou dos pobres, mesmo sendo perseguido abertamente pela Ditadura Militar, que foi instaurada no Brasil, pouco tempo depois dele ser nomeado arcebispo de Olinda e Recife. Vigiado dia e noite, com proibição expressa de citar seu nome na imprensa, ele nunca deixou de denunciar no exterior o que estava acontecendo no Brasil, se tornando uma pedra no sapato de um sistema que ao longo de 20 anos provocou censura rigorosa, perseguições políticas, prisões arbitrárias, torturas e mortes nos cárceres. Mesmo assim, mesmo diante de tantas crises vividas, ele sempre ficou firme e do lado dos pobres, no caminho da santidade. *Luis Miguel Modino, espanhol da província de Castilla y León, é pároco na Diocese de São Gabriel da Cachoeira, em Manaus Via Dom Total “Feliz Natal, mas que seja feliz e causa de felicidade para todos os filhos e filhas de Deus…” “Gosto de pensar o Natal como um ato de subversão… – Um menino pobre; – Uma mãe “solteira”; – Um pai “adotivo”; – Quem assiste seu nascimento é a ralé da sociedade (pastores); – É presenteado por gente “de outras religiões” (magos, astrólogos); – A “família” tem que fugir e viram refugiados políticos; – Depois volta e vai viver na periferia. O resto, a gente celebra na Páscoa… mas com a mesma subversão… Sim! A revolução virá dos pobres! Só deles pode vir a salvação! Feliz Natal! Feliz subversão!” Dom Helder Câmara