Limpando a barra do genocida Borba Gato

Uma turma de “colunistas neutros e de esquerda”, além da mídia oficial, tomou conta da imprensa para condenar o incêndio da estátua de Borba Gato em São Paulo. Os principais argumentos: “Isso só favorece os bolsonaristas que condenam a violência”; “a história não pode ser apagada”; “cada coisa a seu tempo” e assim por diante.

* Por Ricardo Melo 
Um pouco mais e os mesmos escribas vão defender que o Minhocão em São Paulo volte a se chamar Artur da Costa e Silva, ditador de um dos períodos mais tenebrosos do Brasil. Ou uma homenagem em mármore a Jair Bolsonaro como primeiro acusado de miliciano a sentar no Planalto.

No mundo afora, desafortunados pela voracidade capitalista têm atacado “monumentos” que idolatram responsáveis pela situação de caos que o mundo –sim, o mundo— conhece atualmente. É uma reação mais do que compreensível. Trata-se de momentos em que a revolta diante da decomposição das condições de vida procura um meio de se manifestar.

Examinemos o Brasil. O problema mais exposto é o genocídio promovido pelo governo no caso da pandemia. O boicote à vacinação e às medidas de proteção são crimes passíveis de punição internacional.

Genocida e corrupto
Todas as evidências indicam que a imunização antecipada poderia ter evitado centenas de milhares de mortes. Em vez disso, sabe-se hoje que o governo Bolsonaro e seus asseclas trocaram a saúde do povo por uma rede de propinas em torno de vacinas.

Atrasaram o quanto puderam a compra dos medicamentos e campanhas de prevenção. Resultado: mais de 500 mil mortos, a maioria gente pobre e desassistida. O problema diminuiu? Cerca de nove capitais simplesmente suspenderam a aplicação de doses por falta de imunizantes –para não falar de inúmeras cidades menores.

Enquanto isso, 16 milhões de doses permaneciam estocadas nos armazéns federais. Aos que procuram a segunda dose a resposta vem sendo a mesma: “Procure noutro posto”. Qual? Vire-se como pode.

Na área do emprego e da miséria, a situação é desesperadora. Os números não param de crescer. É mentira que seja culpa da pandemia. Antes da Covid, em 2019, o Brasil exibia o vistoso crescimento de…1% (um por cento!) O país, depois de vários anos, voltou a figurar no território da fome nas estatísticas internacionais.

O exemplo mais degradante são as pessoas que vão atrás de ossos de animais para fazer refeições antes destinadas a animais. O aumento do preço dos alimentos básicos ultrapassa 30%, a inflação oficial bate em 9% e os reajustes salariais (para quem tem emprego) mal passam de 2%.

Não há mais ministério de nada. O superministro da Economia é um morto-vivo, ou um vivo morto (à escolha do freguês). Paulo Guedes acaba de perder a área do Trabalho e Previdência. O único emprego garantido, além do de Guedes, foi o de Onyx Lorenzoni, o ministro que abocanhou mais um cargo. Um portento. Deve ter muito segredo escondido na cartola.

Haveria muitos mais exemplos a citar, como a situação do Ministério da Educação ou do CNPq. Ambos estão literalmente abandonados. O Enem tem o menor número de inscritos da história. No MEC, nem os computadores funcionam. A Secretaria da Cultura está nas mãos de um arrivista que mal sabe por que viaja e quem homenageia; apenas sabe que terá direito a diárias polpudas para representar a si mesmo à custa do dinheiro público.

Sim, Bolsonaro rendeu-se ao centrão, uma tropa de parlamentares à venda desde sempre. Há “articulistas” que comparam esta negociata com o apoio que Lula obteve do bloco. Preguiça de pensar ou alinhamento de nascença.

Os resultados do governo Lula não se comparam aos objetivos de Bolsonaro. Durante o governo petista, o salário mínimo aumentou, houve o Bolsa Família, universidades foram inauguradas, a educação foi prestigiada, a miséria e a fome despencaram, o emprego aumentou, respeitou-se a democracia, a diversidade social e de gênero aconteceu e o PIB, com o que os “especialistas” de plantão se preocupam, disparou.

Tudo o que Bolsonaro combate e quer destruir, como um Borba Gato redivivo. Pena que o fogo na estátua acabou antes do serviço completo.

Via Jornalistas Livres

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