O ódio de Jair Bolsonaro contra os pobres é nítido em suas ações; durante governo Dilma, o programa de distribuição de leite atingiu ‘ápice’ (Imagem: Reprodução)
Uma das principais ações do governo federal no combate à fome no interior nordestino e de Minas Gerais, a distribuição de leite às famílias em extrema pobreza pelo programa Alimenta Brasil — antigo PAA, Programa de Aquisição de Alimentos —, foi “desmontado” pelo governo de Jair Bolsonaro (PL). Entre janeiro e agosto de 2022, o total de litros distribuídos caiu 87% em comparação ao mesmo período do ano passado. As informações são do UOL.
A distribuição de leite dentro do programa Alimenta Brasil é executada apenas no território da Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), que abrange os nove estados da região Nordeste e o norte e nordeste de Minas Gerais.
A escolha dessa área ocorre pelo maior grau de insegurança alimentar. É na região da Sudene que estão 11 milhões —ou seja, mais da metade— dos 20 milhões de famílias que recebem o Auxílio Brasil.
O programa do leite, como é conhecido, é tradicional no Nordeste há pelo menos duas décadas e, segundo gestores, enfrenta hoje o seu maior desfinanciamento federal e a menor quantidade distribuída.
Em agosto deste ano, por exemplo, apenas 54 produtores venderam ao governo um total de 236 mil litros de leite. Para efeito de comparação, em outubro de 2021, eram 4.443 produtores leiteiros que venderam 5,9 milhões de litros de leite. Em janeiro deste ano, nenhum litro de leite foi comprado.
Entre 2011 e 2012, durante o governo de Dilma Rousseff (PT), o programa atingiu o ápice, quando 28 mil produtores vendiam leite ao governo federal.
Descaso do governo Bolsonaro com a população pobre
Para Kiko Afonso, diretor-executivo da ONG Ação da Cidadania, a redução na compra de leite é “assustadora” e revela como o governo tem deixado de lado programas de segurança alimentar de locais com mais famílias vulneráveis. “Isso está ligado à visão de gasto essencial do governo, que é vencer a eleição a qualquer custo, mesmo que isso signifique tirar leite das crianças”, afirma.
Ele lembra que o leite é um dos principais componentes alimentares das crianças, e a redução no momento em que país tem recorde de pessoas com fome no século é um contrassenso.
“Você nota que tem mês [janeiro] que isso chega a zero. Isso é completamente absurdo, somando a problemas como o congelamento do repasse da merenda e corte nos programas de auxílio de entrega alimenta as famílias. Isso aumenta a fome das pessoas”, avalia.