Saúde de Bolsonaro só piora, enquanto isso, Mourão está com os dedos cruzados na expectativa para assumir o posto. Mas versão oficial do presidente diz que ele está ótimo

Desde o dia 27 de janeiro, que o Brasil está sem presidente, já que Bolsonaro está internado há 13 dias no hospital Albert Einstein, com um quadro delicado e tendo febre constantemente. Mas a versão oficial informa que ele está “ótimo” e que todos os agravamentos que sofre desde a cirurgia seriam “esperados”. É tudo balela.
Enquanto isso, o vice-presidente Hamilton Mourão sinaliza que está se preparando para assumir a Presidência: “Vamos aguardar o que é esta questão da pneumonia”, disse ele a jornalistas na noite desta quinta (7) depois do boletim médio que informou o agravamento do estado de saúde de Jair Bolsonaro. O general vice-presidente fez questão de informar aos jornalistas que não conseguiu conversar com o presidente “porque ele não está falando”, mas que iria buscar mais informações com os familiares dele
Bolsonaro deveria ter tido alta na quarta-feira, 6 de fevereiro, na programação divulgada pelo hospital e pelo governo – ficaria, portanto, nove dias internado. Já está 13 e não tem previsão de alta. Está sem qualquer condição física para o exercício da Presidência da República. Ele sequer fala com as pessoas! Seu vice, o general Mourão, informou na noite desta quinta que não consegue falar com ele, que está incomunicável -só conversa com médicos, outros profissionais de saúde do hospital com a mulher e os filhos.
Mas como o bolsonarismo está transformado Mourão em seu inimigo jurado, é preciso manter o teatro do presidente saudável, enquanto o governo está cada dia mais paralisado.
O que assistimos nessas quase duas semanas foi uma cuidadosa edição que o governo e as mídias conservadoras fizeram dos boletins médicos, (des)informando o país que estava tudo sob controle. O 247, desde a cirurgia, tem alertado que nada está sob controle e que os sinais são de deterioração do quadro de saúde de Bolsonaro.
De fato os boletins médicos permitem essa edição que construiu a versão açucarada da saúde de Bolsonaro e que só agora começa a azedar. Vale a pena examinar cada boletim. Eles contém informações relevantes, mas sua divulgação foi editada diariamente pelo governo, pelas mídias bolsonaristas e pela mídia conservadora corporativa, para iludir o país. Todos podem ser encontrados no site do próprio Albert Einstein.

Boletim de 28 de janeiro, sobre a cirurgia – Ela “ocorreu sem intercorrências”.
29 de janeiro (10h10) – Jair Bolsonaro “apresenta boa evolução clínicocirúrgica”.
29 de janeiro (18h10) – o paciente “manteve-se estável durante o dia, sem sangramentos ou qualquer outra complicação”.
30 de janeiro – “boa evolução clínico-cirúrgica”.
31 de janeiro – “mantém boa evolução clínica”.
1 de fevereiro – “quadro clínico estável”.
2 de fevereiro – “Mantém-se sem dor, afebril e com exames laboratoriais normais”.
3 de fevereiro – “evolução clínica estável”.
4 de fevereiro – informou febre e “uma coleção líquida ao lado do intestino na região da antiga colostomia”; mas manteve margem para a “venda” de otimismo oficial: “Está no momento sem dor, afebril, em jejum oral, com sonda nasogástrica e nutrição parenteral exclusiva. Já apresenta movimentos intestinais e teve dois episódios de evacuação. Segue realizando exercícios respiratórios e de fortalecimento muscular no quarto”.
5 de fevereiro – “Houve melhora do seu estado de saúde nas últimas 24 horas”.
6 de fevereiro – “Evolui com quadro clínico estável, sem dor ou febre, com melhora dos exames laboratoriais e de imagem”.
7 de fevereiro – o boletim da pneumonia. A redação, cuidadosa, buscou evidentemente minimizar o quadro: “Apresentou, ontem à noite, episódio isolado de febre sem outros sintomas associados, foi submetido à tomografia de tórax e abdome que evidenciou boa evolução do quadro intestinal e imagem compatível com pneumonia”.
A sequência dos boletins, com os recortes feitos acima -os que o governo fez e a mídia conservadora amplificou- tem um fundo claramente esquizofrênico e começou com a própria informação sobre a retirada da bolsa de colostomia.
Uma cirurgia para tal procedimento é “considerada de porte pequeno para médio, não é considerado difícil, e tem duração média de duas a três horas”, segundo Fábio Campos, membro titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia. A cirurgia de Bolsonaro durou quase três vezes mais que o tempo previsto. Mas, exceto pelo 247 e alguns veículos da mídia independente, tudo estava “normal”.
Desde a cirurgia, em 28 de janeiro, acumulam-se incidentes e más notícias sobre a saúde de Bolsonaro. Mas se nos fiarmos nos boletins, nas redes sociais do bolsonarismo e na mídia conservadora, Bolsonaro está ótimo.
Se nos fiarmos nos relatos do simpático porta-voz da Presidência, general Otávio Rêgo Barros, tudo “está dentro do esperado”. É a expressão mais frequente em seus briefings. Já vimos esse filme antes.
Com informação do Brasil 247

 

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