Governo baiano afirmou que recebeu um documento do consulado argentino informando a decisão da União
O Ministério das Relações Exteriores negou autorização do envio de ajuda humanitária por parte do governo da Argentina às vítimas das enchentes na Bahia, segundo informou, em nota, o governo do estado.

De acordo com o comunicado, o governo argentino se colocou disposto a enviar imediatamente ao sul da Bahia uma missão com profissionais especializados nas áreas de água, saneamento, logística e apoio psicossocial para as vítimas dos estragos que foram causados pelas fortes chuvas no estado.
O governo baiano afirmou que recebeu um documento do consulado argentino informando a decisão da União na noite desta quarta-feira (29). Na dispensa aos esforços do país vizinho, o governo brasileiro afirmou que a crise na Bahia está “sendo enfrentada com a mobilização interna de todos os recursos financeiros e de pessoal necessários”.

No documento em que recusa a ajuda da Argentina, o governo Bolsonaro, como justificativa para recusar a ajuda, afirma que os recursos federais e de pessoal são suficientes para a crise humanitária que assola a Bahia.

“Na hipótese de agravamento da situação, requerendo-se necessidades suplementares de assistência, o Governo brasileiro poderá vir a aceitar a oferta argentina de apoio da Comissão Capacetes Brancos, cujos trabalhos são amplamente reconhecidos”, diz outro trecho do documento.

Rui Costa: Bolsonaro “não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”

Em meio à tragédia provocada pelas enchentes no sul da Bahia, o governador do Estado, Rui Costa (PT), afirmou que lamenta o desprezo de Jair Bolsonaro (PL), que passa férias em Santa Catarina, e disse que o presidente “não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”.

“O presidente durante toda a sua gestão demonstrava desprezo em relação à vida humana. Se você me perguntar: “O senhor esperava ele aí?”, vou dizer que não. Durante três anos, em nenhum momento, em nenhum outro desastre, na pandemia, ou em qualquer situação que significasse prestar solidariedade à vida humana ele fez qualquer gesto. É um presidente que não demonstra nenhum sentimento em relação à dor do próximo”, afirmou Costa em entrevista à Folha de S.Paulo durante atendimento à população no local da tragédia.

O governador baiano diz que essa é a maior tragédia que já enfrentou desde que assumiu o governo do estado e que tem trabalhado principalmente para preserar vidas. Até esta quarta-feira (29), 24 pessoas haviam morrido na tragédia, que já conta com milhares de desabrigados.

“Graças a Deus o principal a gente conseguiu, que foi evitar a tragédia de vidas humanas perdidas. O prejuízo material, mesmo que leve mais tempo, você recupera. A vida humana não”, disse.

Costa ressalta que tem evitado falar da falta de atenção de Bolsonaro para não politizar a tragédia, mas que esperava ao menos uma palavra de conforto dirigida pelo presidente, que recusou nesta quarta a ajuda humanitária da Argentina.

“O mínimo que qualquer presidente pode fazer é dirigir uma palavra de conforto ao seu povo num momento de sofrimento. Tem uma frase que diz que quando você não pode fazer nada, pelo menos transmita uma palavra de conforto. Nem isso ele se preocupa em fazer. Só tenho que lamentar. Tenho evitado falar disso porque num momento de dor as pessoas não querem ver debate político”.

Segundo o governador, o estado colocou toda a estrutura possível para reduzir os estragos das chuvas, mas que conta com a ajuda de outros estados para isso, já que mesmo a infraestrutura das Forças Armadas é inadequada para muitas ações, como resgate de pessoas.

“O governo federal não tem nenhuma estrutura de ajuda aos estados para desastres. Os helicópteros do Exército, da Marinha, são completamente inadequados para esse tipo de coisa. São helicópteros para a guerra, não para sobrevoar áreas urbanas. Um helicóptero daquele tamanho, quando baixa a uma altura mais reduzida, arranca as telhas, é um desastre”.

Randolfe quer que ministro explique recusa de ajuda da Argentina à Bahia

O senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) revelou por meio de suas redes que a oposição vai convocar o ministro das Relações Exteriores, Carlo Alberto Franco França, para que explique o motivo de ter recusado ajuda humanitária oferecida pela Argentina a Bahia, que neste momento vive uma tragédia humanitária após sofrer com as maiores enchentes de sua história.

Presidente em férias

O senador Randolfe Rodrigues também revelou por meio de suas redes que vão representar o presidente no Tribunal de Contas da União (TCU) para devolva o dinheiro público que está utilizando em suas férias e que tão quantia seja destinada às vítimas da Bahia.

“Representaremos ao TCU para que o Presidente devolva ao erário o dinheiro que está utilizando em suas “férias” e que esse dinheiro seja destinado às vítimas na Bahia”, afirmou Rodrigues.

Como se sabe, o presidente Bolsonaro, enquanto o estado da Bahia enfrenta a sua pior crise humanitária da história após as enchentes, está de férias em São Francisco do Sul, em Santa Catarina.

E, para piorar a situação, o presidente, enquanto andava de jet-ski declarou que esperava não ter que adiar as suas férias por causa da Bahia.

Na noite do último dia 28, o presidente reagiu irritado ao comentário do seguidor Marlon Luiz Santos Vilhena, que criticou o desprezo pela enchente na Bahia, “um estado que você não teve muitos votos”.

“Queria saber (SIC) se fosse no Sul?”, indagou o seguidor.

#BolsonaroVagabundo

O presidente Jair Bolsonaro ganhou um adjetivo nada elogioso nas redes sociais nesta terça-feira (28/12): vagabundo. O chefe do Executivo é alvo de intensas críticas de usuários do Twitter por viajar para Santa Catarina, andar de jet ski e pescar, enquanto moradores da Bahia sofrem com as enchentes que têm destruído casas e deixado milhares de desabrigados no estado. A hashtag #BolsonaroVagabundo é o assunto mais comentado da rede social durante todo o dia.

“O presidente em férias em Santa Catarina. O vice-presidente em férias na parte não alagada da Bahia. E o país à deriva em toda a velocidade, na direção dos rochedos. Só faltam os violinistas do Titanic. #BolsonaroVagabundo”, escreveu uma usuária.

O chefe do Executivo desembarcou em Navegantes, no litoral norte de Santa Catarina nesta segunda-feira (27/12), e deve ficar no estado até a próxima semana. Para jornalistas que o esperavam no aeroporto da cidade, ele afirmou que foi “tirar uma folga”.

Os usuários também alfinetaram os apoiadores do presidente. “Bahia pedindo ajuda e esse merda de férias. Tem que ser muito fdp para ainda apoiar esse bosta e não adianta usar a desculpa do PT porque não cola mais (nunca colou)”, declarou uma usuária, que foi apoiada por outras 328 pessoas que curtiram o tuíte.

O artista Orlando Guerreiro fez uma observação sobre a ausência do presidente na agenda oficial como chefe do Executivo. “Bolsonaro não está de férias, está, sim, faltando ao trabalho, pois sequer transmitiu o cargo ao vice”, declarou. Na agenda do chefe do Executivo, não há compromissos oficiais marcados.

Uma usuária também comparou a atitude de Bolsonaro com os dois últimos presidentes petistas: Lula, que sobrevoou Santa Catarina em 2008 após sofrer enchentes; e Dilma Rousseff, que visitou a Boate Kiss e chorou ao ver o local após o incêndio que matou centenas, em 2013. “Não temos presidente, temos um parasita vagabundo mamando dinheiro público e destruindo nosso país”, escreveu a usuária.

Políticos da oposição também participaram da hashtag. O deputado federal Zeca Dirceu (PT-PR) afirmou que Bolsonaro, de férias, continua a fazer “nada na vida”. “O presidente que nunca fez nada na vida, e, enquanto a Bahia sofre com tanta tragédia e tantos desabrigados, continua não fazendo nada, de férias e pescando. #BolsonaroVagabundo”, escreveu o parlamentar.

Já o senador Eliseu Neto (Cidadania-SP) pediu para os seguidores que ajudassem a fortalecer a hashtag. “Vamos ajudar a subir essa tag. No meio de um desastre de chuva na Bahia o vagabundo está de férias”, alfinetou.

A cantora Zélia Duncan também criticou o comportamento de Bolsonaro. “Quanto mais gente desabrigada pelas enchentes na Bahia, mais ele acelera o jetski na cara do povo”, escreveu.

Memes se multiplicam em hashtag: “Não fez nada o ano todo e tá de férias de novo”.

Os internautas também criaram montagens de momentos em que o presidente está em festa ou boceja em compromissos oficiais para afirmam que Bolsonaro “não faz nada”.

 

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