Contra tanques e intimidação de Bolsonaro, oposição prepara ato na rampa do Congresso Nacional
Bolsonaro e Walter Braga Netto vão receber convites para a Operação Formosa, exercício militar da Marinha que neste ano contará com o Exército e a Força Aérea. Tanques e blindados serão estacionados em frente ao Palácio do Planalto
A audácia de Jair Bolsonaro (Sem partido) no uso político das Forças Armadas não tem limites. Nesta terça-feira (10), antes da votação da PEC do Voto Impresso no plenário da Câmara – após a proposta ser rejeitada em Comissão Especial da casa -, o presidente vai aguardar a chegada de um comboio com tanques e blindados de guerra no Palácio do Planalto.
Por volta das 8h30, o comboio militar vai desfilar pelas avenidas na Praça dos Três Poderes e estacionar em frente ao Planalto, onde generais vão entregar a Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, convites para a demonstração operativa da Operação Formosa.
Exercício militar realizado anuamento pela Marinha, a Operação Formosa deste ano contará pela primeira vez com efetivos do Exército e da Força Aérea, que vão simular uma operação anfíbia, empregando mais de 150 diferentes meios, entre aeronaves, carros de combate, veículos blindados e anfíbios, de artilharia e lançadores de mísseis e foguetes.
Ao todo, 2,5 mil soldados participaram da operação, que é considerado o maior exercício militar das Forças Armadas no ano.
Ao receber o comboio, Bolsonaro pretende passar uma mensagem subliminar ao legislativo e, especialmente, ao judiciário, com quem vem alimentando crises sucessivas desde que foi eleito.
Contra tanques e intimidação de Bolsonaro, oposição prepara ato na rampa do Congresso Nacional
PT ainda entrará com requerimento de informações para que o ministro da Defesa explique a manobra militar planejada para acontecer em Brasília durante a votação da PEC do voto impresso
Como reação à tentativa de intimidação de Jair Bolsonaro, parlamentares de oposição estão preparando para esta terça-feira (9) a realização de um ato político em defesa da democracia na rampa do Congresso Nacional em Brasília.
A ideia do ato é fazer frente ao evento planejado por Jair Bolsonaro. Ele participará de um desfile do Exército com carros blindados e tanques de guerra, que se posicionarão em frente ao Palácio do Planalto durante a votação da PEC do voto impresso – que já foi derrotada em comissão especial.
Por volta das 8h30, o comboio militar vai desfilar pelas avenidas na Praça dos Três Poderes e estacionar em frente ao Planalto, onde generais vão entregar a Bolsonaro e ao ministro da Defesa, Walter Braga Netto, convites para a demonstração operativa da Operação Formosa.
Políticos e partidos da oposição têm interpretado o ato de Bolsonaro como uma tentativa de intimidação e até mesmo um ensaio golpista contra a iminente derrota do voto impresso na Câmara. O presidente tem defendido a pauta como forma de tumultuar o processo eleitoral, visto que ele já deu sinalizações de que não aceitará o resultado da eleição de 2022 caso perca o pleito.
“Bolsonaro mais uma vez rebaixa as Forças Armadas ao papel de milícia presidencial. O desfile de blindados é uma violência contra o Poder Legislativo e o Estado de Direito. Não nos intimidaremos c/ as ameaças de um presidente delinquente. Vamos derrotar o golpe do voto impresso”, afirmou Marcelo Freixo (PSB-RJ), líder da Oposição na Câmara.
O horário do ato dos parlamentares contra Bolsonaro ainda não foi definido.
Requerimento de informações
O líder da bancada do PT na Câmara, deputado Elvino Bohn Gass (RS), prepara nesta segunda-feira (9) um requerimento de informações a ser enviado ao ministro da Defesa, general Braga Netto, para que ele explique a manobra militar planejada em Brasíia.
O parlamentar pedirá informações como custos com diárias, combustíveis, nomes dos comandantes envolvidos e o motivo da realização da operação.
A depender da resposta do ministro, Bohn Gass cogita acionar o Tribunal de Contas da União (TCU) e o Ministério Público contra o evento.
Tanques já estão posicionados
Os tanques e blindados que Jair Bolsonaro deve exibir em uma tentativa de intimidação nesta terça-feira (10) já estão, nesta segunda-feira (9), posicionados em Brasília, próximos à Esplanada dos Ministérios.
O flagrante dos veículos estacionados foi feito pela deputada federal Erika Kokay (PT-DF).
“Os tanques de guerra p/ o exibicionismo golpista de Bolsonaro já estão posicionados no Grupamento dos Fuzileiros Navais, localizado próximo à Esplanada dos Ministérios. Bolsonaro está dobrando a aposta e a reação dos democratas desse país precisa ser enérgica!”, escreveu a parlamentar, junto a um vídeo que mostra os carros militares posicionados.
Assista.
URGENTE
Os tanques de guerra p/ o exibicionismo golpista de Bolsonaro já estão posicionados no Grupamento dos Fuzileiros Navais, localizado próximo à Esplanada dos Ministérios. Bolsonaro está dobrando a aposta e a reação dos democratas desse país precisa ser enérgica! pic.twitter.com/96aqJskdzJ
— Erika Kokay (@erikakokay) August 9, 2021
Ações na Justiça
O PSOL protocolou junto à Justiça do Distrito Federal, nesta segunda-feira (9), um mandado de segurança para impedir a manobra militar que o ministro da Defesa, general Walter Braga Netto, e Jair Bolsonaro planejam em Brasília nesta terça-feira (9).
“A informação de que haverá uma manobra militar amanhã na Esplanada dos Ministérios é grave. O PSOL decidiu entrar com um Mandado de Segurança na Justiça do DF para proibir qualquer presença de veículos ou tropas militares durante as votações no Congresso Nacional”, disse o presidente do PSOL, Juliano Medeiros.
Quem também entrou na Justiça contra o ato militar atípico encampado por Bolsonaro no dia da análise da PEC do voto impresso foi o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
“Pedi à Justiça que impeça o gasto de recursos públicos em uma exibição vazia de poderio militar. As Forças Armadas, instituições de Estado, não precisam disso”, informou o congressista.
“Os brasileiros, sofrendo com as consequências da pandemia, também não. O Brasil não é um brinquedo na mão de lunáticos”, completou.
Revista Fórum