Pelas previsões da Cepal, a região crescerá apenas 0,5% este ano, um índice abaixo do 1,3% estimado em abril
A América Latina crescerá apenas 0,5% este ano, um índice abaixo do 1,3% estimado em abril. A principal razão dessa queda na projeção é a deterioração generalizada na maioria dos países, especialmente da América do Sul. As economias da Venezuela, Brasil e Argentina são as que mais preocupam, de acordo com as previsões da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), divulgadas nesta quarta-feira 31.
Um cenário global desfavorável – com fortes quedas nos preços das commodities – e o baixo dinamismo do mercado interno na maioria dos países são um peso para a região, que concluiu 2018 com uma expansão de 0,9%. “Diferentemente de anos anteriores, em 2019 a desaceleração será generalizada e afetará 21 dos 33 países da América Latina e do Caribe. Em média, espera-se que a América do Sul cresça 0,2%, a América Central 2,9% e o Caribe 2,1%”, aponta o relatório da Cepal.
A região está mergulhada em “incerteza e desaceleração (…), já são cinco anos de desaceleração econômica. Este é um assunto de enorme preocupação”, alertou a secretária-executiva da Cepal, Alicia Bárcena, ao apresentar o relatório em Santiago.
O colapso da economia venezuelana, que deve recuar 23% neste ano, é o principal motor da queda na região. Em meio a uma profunda crise política, o país caribenho arrasta para baixo toda a América do Sul, que também sofre com o recuo previsto de 1,8% na Argentina.
A economia venezuelana enfrenta seu sexto ano de retração somada à hiperinflação, porque “toda a questão das sanções, restrições e seus efeitos sobre o comércio exterior estão batendo muito forte”, com as exportações caindo “brutalmente”, comentou Bárcena.
Impacto no primeiro ano do governo Bolsonaro
Para o Brasil, o organismo prevê uma expansão fraca, de 0,8%. A queda dos investimentos, especialmente no setor da mineração, e a crise da vizinha Argentina, afetam o plano econômico no primeiro ano de governo de Jair Bolsonaro.
O crescimento fraco estimado para o Brasil ficaria longe do dinamismo das economias do Peru, da Colômbia e do Chile, com expansões de 3,2%, 3,1% e 2,8%, respectivamente.
Mas a situação brasileira não é tão preocupante quanto a da Argentina. A Cepal prevê uma retração de 1,8% este ano na economia argentina e alerta para a “incerteza” ligada às próximas eleições presidenciais que, no fim do ano, decidirão se o presidente de direita Mauricio Macri continua no poder, ou entrega o governo à esquerda, explicou Bárcena.
A Cepal espera que a inflação desacelere na Argentina nos próximos meses, mas sem deixar de ter um nível elevado, que afeta a estabilidade a médio prazo.
*Com informações da Carta Capital e AFP