Cyril Ramaphosa, diz que países serão admitidos no próximo ano no que seria a “primeira fase” do processo de expansão

Foto: BRICS/Handout/AA/picture alliance

Por Filipe Porto*

Os cinco países do BRICS convidaram Argentina, Egito, Etiópia, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para se juntarem ao grupo, conforme declaração feita nesta quinta-feira. O processo de ingresso terá início em 2024, no que parece ser uma “primeira fase” do processo de expansão do grupo.

“Valorizamos o interesse de outros países na construção de uma parceria com os Brics” e outras expansões seguir-se-ão no futuro, depois de os países centrais chegarem a um acordo sobre os critérios de adesão”, disse o presidente da África do Sul, Cyril Ramaphosa.

Nas redes sociais, o presidente Lula relembrou que trata-se da primeira expansão dos BRICS desde a adesão da África do Sul, em 2010, e declarou estar impressionado com a maturidade e os resultados que o grupo alcançou até então.

“A relevância do BRICS é confirmada pelo interesse crescente que outros países demonstram de adesão ao agrupamento. Como indicou o Presidente Ramaphosa, é com satisfação que o Brasil dá as boas-vindas aos BRICS a Arábia Saudita, Argentina, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã”, acrescentou o presidente.

A maturidade na qual o presidente Lula se refere não surge do além. A inclusão do Irã e da Arábia Saudita, maiores produtores mundiais de petróleo fora dos EUA, e também os primeiros membros do Oriente Médio no BRICS, ocorre no mesmo ano em que a China intermediou o processo de normalização das relações entre Riade e Teerã. A presença de países tão diversificados na cúpula mostra que apesar das complexidades de um cenário internacional turbulento, é possível fortalecer a cooperação.

Alguns dos novos membros despontam como parceiros estratégicos na cooperação em defesa com a Índia, como os Emirados Árabes Unidos e o Egito. Nesse sentido, a expansão do bloco fortalecerá ainda mais não só o BRICS, mas também impulsionar a política externa de Nova Délhi.

Em termos econômicos, a participação dos BRICS no PIB global passa de 32% para 37%, com base na paridade de poder de compra e muito representada pelos Emirados Árabes Unidos. “Respeitamos a visão da liderança do BRICS e apreciamos a nossa inclusão como membro deste importante grupo”, disse o príncipe Mohammed bin Zayed al-Nahyan.

Os líderes dos BRICS também incumbiram os seus ministros das finanças (e respectivamente governadores do Novo Banco de Desenvolvimento) a desenharem estratégias no âmbito dos bancos centrais para reduzir a dependência do dólar estadunidense no comércio intrabloco, impulsionar a utilização de moedas locais, acordos financeiros e sistemas de pagamentos alternativos.

* Filipe Porto é mestrando em Relações Internacionais pela Universidade Federal do ABC e pós graduado em Jornalismo Internacional pela FAAP. É pesquisador associado do Observatório de Política Externa Brasileira (OPEB/UFABC) e do Núcleo de Avaliação da Conjuntura (EGN/Marinha do Brasil), com ênfase nas relações da China com o mundo. @filipeporto_ filipesporto@oulook.com

Via GGN

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