Durante sua live semanal, o presidente Jair Bolsonaro reagiu nesta quinta-feira (8) com irritação à carta enviada a ele pela cúpula da CPI do Genocídio. Os senadores haviam cobrado que ele se manifestasse sobre o depoimento dos irmãos Miranda na CPI.

À comissão, o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou que conversou com Jair Bolsonaro sobre esquema de corrupção na compra da vacina Covaxin e que o mandatário responsabilizou o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). Até o momento, o mandatário não negou a informação.

“Eu agora sou ‘corrupto’… Como se seu pegasse 1 centavo com a vacina. Zero. Não vou responder questão de CPI para esses caras, esse tipo de gente que quer desgastar o governo. O Renan quer a volta do Lula. Hoje o Renan, o Omar e o saltitante (sic) fizeram uma festa lá embaixo entregando um documento para eu responder. Pergunto à CPI: sabe qual a minha resposta? Caguei. Caguei para a CPI. Não vou responder nada. É uma CPI de 6 pessoas que não estão preocupadas com a verdade. O que a CPI produziu de bem?”, disse Bolsonaro durante transmissão ao vivo.

“Não tenho paciência para ficar ouvindo patifes. CPI de picaretas, 7 picaretas”, completou. “Dentro da Saúde tem os filtros, tem a CGU, um servidor não pode fazer um esquema sozinho”, agregou.

“Deita aí para esperar minha resposta”, afirmou em outro momento da live.

Na carta enviada ao presidente, os senadores que integram a cúpula da CPI cobraram um posicionamento sobre o depoimento de Miranda. Em entrevista coletiva, Aziz afirmou que o contato era uma oportunidade para Bolsonaro dar sua versão sobre a conversa com o parlamentar e defender o deputado federal Ricardo Barros (PP-PR), líder do governo.

A postura do presidente em insistir que não está atento à CPI parece ser uma forma de negar a realidade. Pesquisas de opinião de diferentes institutos mostram o aumento da rejeição do governo e a queda na aprovação.

Renan Calheiros ironiza “caguei” de Bolsonaro: “Já tem o slogan de 2022”

Senadores membros da CPI do Genocídio reagiram à declaração chula de Bolsonaro com um misto de ironia e desprezo. “Resposta não é à CPI, é ao povo brasileiro”, afirmou Randolfe Rodrigues

Relator da CPI e um dos alvos prediletos de Bolsonaro, Renan Calheiros (MDB-AL) usou da ironia e rebateu dizendo o presidente já encontrou um slogan para a campanha à reeleição no próximo ano.

“Que síntese. Nunca um governo foi tão bem definido em uma palavra. Parabéns Bolsonaro, foi o que o senhor fez mesmo. Já tem o slogan de 2022”, tuitou.

“É importante frisar: a resposta do Presidente não é à CPI, é ao POVO BRASILEIRO! Seu desprezo pela vida é a resposta dele para as mais de meio milhão de famílias enlutadas. Ele ofende o povo que quer vacina, que está com medo de morrer enquanto tem gente ROUBANDO”, escreveu Randolfe.

Delegado de polícia por 17 anos, Alessandro Vieira (Cidadania-RS) afirmou que “a única diarreia do Bolsonaro relevante para o país é a mental, que está na base de uma gestão fracassada e irresponsável”.

“Nós brasileiros é que vamos limpar essa sujeira. Qualquer outra manifestação tosca e grosseira não merece resposta. Já passamos de meio milhão de mortos”, tuitou.

Eliziane Gama (Cidadania-MA), que representa a bancada feminina na CPI, diz que “ao usar palavra chula para atacar a CPI da Covid e esconder denúncias de corrupção sob o tapete, o presidente apenas mostra a sua falta de grandeza”. “E a sua linguagem definitivamente não é compatível com a grandeza do povo brasileiro”.

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