Carlos Bolsonaro esteve em clube de tiro no mesmo período que Adélio, aquele que esfaqueou seu pai

A paranoia do filho de Jair Bolsonaro, Carlos Bolsonaro, o Carluxo, sobre a faca que roda do ex-jogador Júnior

Carlos Bolsonaro considerou provocação trecho de transmissão da Globo de jogo da seleção onde Júnior faz comentário sobre uma hipotética facada

O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) parece ver problemas e conspirações em tudo. Desta vez, o filho do presidente Jair Bolsonaro (Sem Partido) foi repreendido até mesmo por seus seguidores, após atribuir um comentário de futebol do ex-jogador Júnior na TV Globo à facada que seu pai levou em Juiz de Fora, durante as eleições de 2018.

No trecho do vídeo, durante o jogo da seleção brasileira de futebol masculino contra a Alemanha, pelas Olimpíadas de Tóquio, na última quinta-feira (22), o comentarista lembra do ensinamento de um técnico de futebol: “Quando você enfiar a faca, você roda. Para não deixar sobreviver o adversário”.

O vereador ligou o fato à facada e lascou: “Inacreditável? Não! É daquele canal de tv aberta!”.

Nem mesmo os fieis seguidores bolsonaristas engoliram essa do Carlucho e o lembraram que o ex-craque usa desde sempre a frase.

“Carluxo, o maestro Junior fez uma referência ao antigo técnico dele que fala isso nos treinos para o time do Flamengo. Inclusive ele já dizia isso antes de toda essa polarização política”, disse um.

“Nessa eu vou discordar Carlos, o Junior usa essa frase há muitos anos, quem acompanha o futebol e mais específico ao Flamengo sabe! Foi uma triste e infeliz coincidência”, completou outro.

Será que que esta paranoia de Carlos Bolsonaro procede? Será que ele tem medo é de uma apuração mais isenta ou será que foi um mero deliro?  

A ex-aliada Joice Hasselmann põe em dúvida esta tal facada.

Segundo ela, numa entrevista ao DCM, Bolsonaro disse a ela 10 ou 15 dias antes do suposto atentado perpetrado por Adélio Bispo de Oliveira: “Se eu tomasse uma facada, ganhava a eleição”.

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A jornalista Joice Hasselmann é do Paraná. Se fez politicamente em cima do bolsonarismo e do lavajatismo. Viajou o país ao lado do então candidato a presidente Jair Bolsonaro, em 2018, portanto ela sabe do que está falando.

“Eu viajei algumas vezes com o presidente bem naquela época do quente da campanha e, numa daquelas viagens, a gente tava fazendo Rio Preto, Ribeirão, Araçatuba, aquela região ali, e em uma das cidades, eu acho que foi Araçatuba, eu tava no carro com ele, aquela multidão e tal e toda vez que eu estava com ele, eu fazia ele sair de colete. Então as vezes tava calor e ele tava de manga comprida por conta do colete. E aí, na volta a gente entrou no carro e ele olhou pra mim assim e eu falei: ‘olha, você tem que tomar cuidado, muita gente, questão de segurança’, ai ele falou assim: ‘olha, se eu tomasse uma facada, eu ganhava a eleição’. Ele usou essa frase acho que uns 10, 15 dias antes. E eu falei: ‘ah, fica quieto, vira essa boca pra lá’”, relatou a deputada do PSL, partido pelo qual Bolsonaro foi eleito.

A deputada Joice Hasselmann ainda revelou que “no dia em que teve essa tragédia aí, algumas coisas me deixaram no estranhamento. Primeiro, o número de policiais no entorno dele, a célula que a gente chamava, tava reduzido, tinha metade do número de policiais. Ele sempre andava com um número de policias que fazia toda a volta. Então se você pegar a imagem da época da campanha, tava ele, eu do lado com um tripé do meu celular fazendo live, e os policias no entorno pra impedir que as pessoas não o derrubassem, porque era muita gente mesmo”, revelou. “Naquele dia não, naquele dia a célula não estava completa. E algumas pessoas que geralmente estavam naquele momento da campanha do lado dele, como o Bebianno e eu, nós não fomos comunicados dessa agenda. E outra coisa que a gente estranhou foi que, mesmo não tendo a célula, ele está em cima do ombro de alguém”, disse.

No vídeo abaixo, um documentário sobre a “facada”, reforça a necessidade de uma investigação séria. 

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– Mais um vídeo produzido pelo ‘True or Not’ chama a atenção para outras perguntas sem respostas que se acumulam em torno da ‘facada’ sofrida pelo então candidato à presidência da república Jair Bolsonaro. Desta vez, o vídeo destaca a presença do ‘homem da camiseta azul’, que tentou evitar a aproximação de Adélio ao candidato e que teve seu depoimento suprimido pelas investigações. As novas imagens divulgadas – com nitidez impressionante – corroboram a tese de que houve uma ação deliberada que contou com vários participantes e que houve mais de uma tentativa de ataque, antes da ‘facada’ propriamente dita. Pode-se ouvir a frase: “calma, tem que ter paciência”.

O documentário prossegue até o momento fatídico. Neste ponto, pode-se ouvir as frases: “não te falei?” e “Acertaram ele, porra”. As imagens mostram que havia uma expectativa ampla e generalizada por um ‘ataque’.

Os novos vídeos divulgados são elementos extremamente relevantes para as investigações que ainda correm sob responsabilidade da Polícia Federal.

O mais impressionante, no entanto, é que nem Bolsonaro, nem seus filhos e nem seus aliados pedem uma apuração mais rigorosa do caso. Tudo parece estar devidamente tranquilo para todos eles que, em tese, deveriam ser os maiores interessados em esclarecer a motivação e restituir a cena do ‘crime’ com fidedignidade técnica.

As imagens do atentado de 6 de setembro de 2018 que definiu as eleições nas próprias palavras de Boslsonaro ainda submergem em uma cortina de fumaça promovida agora, de maneira surpreendente, pelo governo liderado pela ‘vítima’.

As investigações ‘independentes’ do caso devem continuar até que a pressão popular pela busca da verdade factual do episódio ganhe o contorno dramático dos expectadores que perdem a cena principal de um filme.

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