Escola quilombola em Januária é referência em ensino público de inclusão social

Instituição se destaca por implementar projetos pedagógicos interdisciplinares  Agência Minas – Na comunidade quilombola de Alegre, distrito de Riacho da Cruz, em Januária, no Norte de Minas, a Escola Estadual Antônio Corrêa e Silva é referência em qualidade de ensino público de inclusão social, pela diretriz da educação escolar quilombola que oferece à comunidade local, pela Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais (SEE/MG). Na unidade, diversas ações e projetos implementados têm permitido aos alunos melhorias contínuas no aprendizado e resultados positivos no ensino. O diretor da escola, Odair Nunes de Almeida, comenta que essa conquista é fruto de muito trabalho e comprometimento da equipe educacional que prepara desde cedo os alunos, com projetos como “Lendo, Escrevendo e Cantando no Quilombo”. “Os professores trabalham as competências para desenvolver as habilidades nas crianças por meio da leitura, escrita, interpretação, criando contos, causos e poesias da história quilombola, valorizando as tradições dos antepassados que deram origem ao povo quilombola, durante o ano letivo”, destacou Odair. Uma das ações deste projeto é a dança folclórica maculelê, de raiz afro-brasileira, que simula uma luta com bastões de madeira, ao som de atabaques e cânticos. A dança foi apresentada pelos alunos para recepcionar o secretário de Estado de Educação, Igor de Alvarenga, a subsecretária de Educação Básica, Izabella Cavalcante, e a equipe da SEE/MG que esteve, na última sexta-feira (21/10), em visita à escola. O grupo de apresentação é formado por alunos do ensino médio e ex-alunos, como a estudante de Direito Júlia Vasconcelos, que também é um exemplo da qualidade de ensino da escola quilombola. Ela foi premiada como aluna nota 11 no Programa “Como Será”, da TV Globo, em 2018, em São Paulo. Júlia falou como a escola a ajudou a alcançar suas metas na vida. “Os professores, o diretor Odair e os servidores de modo geral acolhem, incentivam, acreditam no potencial de seus alunos e trabalham para que possam alcançar seus objetivos. Isso faz toda a diferença e torna a escola um espaço que nos prepara não só para o mundo acadêmico, mas também para a vida, é isso que me permitiu chegar onde estou”, explicou a aluna. Outra referência do resultado positivo da qualidade do ensino da escola que trouxe conquistas importantes para a educação na região, é a ex-aluna Marileide Moreira Costa, filha de pai pescador e mãe doméstica, que atualmente mora fora do Brasil. “Me orgulho muito de ter chegado onde estou. Sou pesquisadora no Westerdijk Fungal Biodiversity Institute (Instituto Científico de Pesquisa), em Utrecht, na Holanda. E se cheguei até aqui, é porque sempre fui incentivada a lutar para conquistar meus objetivos. Esse incentivo veio principalmente por parte dos professores, do diretor Odair Nunes e da estrutura de ensino que a escola me oferecia”, destacou Marileide. De acordo com Odair, ela fez intercâmbio na Itália, pelo curso de doutorado, realizado na Universidade Federal de Lavras (UFLA), na área de agronomia, e que agora, está em outro intercâmbio. Segundo o diretor, outros jovens que também foram alunos da escola já ingressaram em diversos cursos superiores. “É uma grande conquista para o ensino público da rede estadual mineira. Isso nos mostra que projetos pedagógicos assertivos e incentivos aos estudos, transforma a vida dos alunos e muda a realidade social”, relatou o diretor. Educação quilombola A assessora da Subsecretaria de Educação Básica, Iara Viana, destacou, durante a visita, a importância de garantir e preservar essa modalidade de ensino que apresenta resultados cada vez mais satisfatórios para a educação pública estadual, como os exemplos citados acima. “A Educação Quilombola em Minas Gerais tem sentido e significado, diz respeito à riqueza intelectual e científica dos povos tradicionais. São os mais de 392 quilombos sendo vistos a partir da potência empreendedora do que entregam, são estudantes quilombolas protagonizando sua história”, pontuou Iara. A Escola Estadual Antônio Corrêa e Silva atende cerca de 300 alunos do ensino fundamental, ensino médio e educação de jovens e adultos (EJA), além do curso técnico em Administração. A escola foi criada em 11 de março de 1983 para preservar as origens do povo quilombola na região do Norte de Minas Gerais. A unidade de ensino conquistou duas premiações na 3ª edição do Prêmio Escola Transformação 2021. Mais projetos Mas as ideias inovadoras da Escola Estadual Antônio Corrêa e Silva não param por aí. Há ainda mais projetos que convergem com a qualidade de ensino que a instituição apresenta a cada ano. A Web TV Quilombola, uma das ações do projeto Jovem de Futuro, promove o protagonismo juvenil, aprimorando técnicas importantes no aperfeiçoamento da escrita e da interpretação, além de fomentar e divulgar as ações da escola. Investimentos O Governo de Minas já investiu, desde o início desta gestão, mais de R$ 2 milhões na melhoria da infraestrutura dessa escola. Os recursos foram para a realização de obras de reforma geral na unidade, que contemplam ampliação de sala multimeios, banheiros, depósito, arquivo e varanda, construção de quadra poliesportiva coberta, além da renovação dos computadores e aquisição de mobiliários e equipamentos diversos para a escola.

Montes Claros recebe Encontro Literário do Cerrado

Começa nesta segunda-feira (17) e segue até o dia 26, em Montes Claros o Encontro Literário do Cerrado (Elicer), uma feira de livros com participação de escritores, contadores de história, música, teatro, dança, literatura e gastronomia. O evento acontecerá no Estacionamento Sul do Montes Claros Shopping, das 8 às 21 horas. A expectativa dos organizadores é receber cerca de 55 mil pessoas, durante os cinco dias do evento. O tema é “Quintais da Imaginação: uma viagem literária por Minas Gerais”. O evento é aberto para a comunidade em geral, com entrada gratuita. Serão 16 expositores que vão levar uma grande variedade de livros, com valores a partir de R$ 5,00 e muitas promoções. A aquisição pode ser feita com dinheiro, cartão de crédito ou débito e com vale-livro. A organização é de Humberto Paes Leme, da Pool Comunicação, de Uberlândia. Desde sua primeira edição, em 2015, o Elicer já recebeu mais de 250 mil pessoas. Em 2022, a primeira etapa foi em Ituiutaba, com 35 mil visitantes. Em Uberlândia, foram 54 mil. Campo Belo somou 36 mil pessoas. Agora o evento segue para Montes Claros, Uberaba e Juiz de Fora. O Encontro contribui também para movimentar a economia da cidade e gerar empregos, com contratação de serviços de transporte, alimentação e hospedagem e pessoal de apoio. A programação traz literatura, contação de histórias, cinema, arte e gastronomia. O Elicer é voltado para escolas públicas e privadas e tem como propósito desenvolver o hábito da leitura, em crianças, jovens e adolescentes. As atividades do Elicer acontecem diariamente das 8h às 21h. Além dos estudantes, toda a comunidade pode participar da programação e aproveitar as oportunidades oferecidas pelo Elicer, que terá contação de histórias, música, arte e muita animação. A Rede Estadual de Ensino participará do Elicer com 170 escolas de 30 municípios que fazem parte da Superintendência Regional de Ensino de Montes Claros. O evento em uma área de 5,9 mil metros quadrados. Serão 16 expositores distribuídos em 1,1 mil metros quadrados. Foram disponibilizados 40 mil vales-livro para estudantes da rede estadual de Montes Claros, no valor de R$ 50,00 cada. Para professores e professoras, são 4 mil vales, no valor de R$ 100,00 cada. Isso permitirá que, ao visitar o Elicer, esse público possa escolher os livros literários de sua preferência na Feira do Livro. Para os seis eventos previstos em 2022, foram destinados R$ 9,6 milhões em vales-livro para todas as etapas do Elicer. Na feira, cada estudante vai escolher o livro literário que quer comprar, apresentar o vale e fazer o pagamento por meio de um QR Code. O objetivo é que a partir do contato com a literatura, crianças e jovens tenham autonomia para escolher e pagar por seus livros. Para isso, foi desenvolvida uma plataforma digital, que será usada pelas empresas expositoras e pelas escolas, que permitirá as vendas digitais e acompanhamento do movimento em tempo real. Quem tiver interesse pode adquirir vales-livros antecipadamente, pelo site www.elicer.com.br, onde também é possível acessar a programação completa:

15 de outubro – Dia do Professor – Conheça a história desta data

O Dia do Professor é celebrado em 15 de outubro. Trata-se de uma data comemorativa importantíssima, que reforça o valor desses profissionais tão essenciais para a formação humana e desenvolvimento da sociedade.  CRIAÇÃO DO DIA DO PROFESSOR O décimo quinto dia do mês de outubro não foi escolhido para celebrar o Dia do Professor aleatoriamente. Nessa data, no ano de 1827, foi decretado, por Dom Pedro I, a criação do Ensino Elementar no Brasil. A Lei de 15 de outubro de 1827 buscava alfabetizar os cidadãos brasileiros, tendo como o primeiro artigo a seguinte definição: “Em todas as cidades, villas e logares mais populosos, haverão as escolas de primeiras letras que forem necessarias.”* *a ortografia original foi mantida. Uma outra definição da lei promulgada foi a definição do que seria ensinado nas escolas. Além de ler e escrever, os professores deveriam ensinar operações matemáticas básicas, a gramática da língua portuguesa, a história do país e os princípios da moral cristã. Para atrair mais docentes, também foi decretado alguns direitos dos denominados mestres e mestras, como salário igual independentemente do gênero e aumento da remuneração. Muitos anos depois, em 1947, o professor do estado de São Paulo, Salomão Becker, teve a ideia de transformar a data da lei no Dia do Professor, iniciando as comemorações nas instituições educativas e uma pausa nas atividades do segundo semestre letivo. A ideia do professor foi muito bem aceita e realizada em outras escolas. Foi então, em 1963, que o Dia do Professor foi oficializado como um feriado escolar. A oficialização ocorreu por meio do Decreto Federal nº 52.682, e ainda ressalta a importância de envolver todos da comunidade escolar (como demais funcionários da escola, alunos e suas famílias) na comemoração para o professor. HOMENAGEM DE DIA DOS PROFESSORES O Dia do Professor é um momento excelente para prestar uma homenagem aos profissionais. E incluir os alunos da escola nessa homenagem torna tudo ainda mais especial. Aproveite a data para planejar um momento de comunhão,  no qual a comunidade escolar se reúna e demonstre o seu apreço por meio de apresentações, leitura de poemas e até presentes.

Marcadas as eleições para Reitor e Vice-Reitor da Unimontes: 10 de novembro

As eleições para a escolha dos componentes das listas tríplices para os cargos de Reitor e Vice-Reitor da Universidade Estadual de Montes Claros (Unimontes) estão marcadas para o dia 10 de novembro. A data-limite para o registro de candidaturas encerrou no dia 9 de setembro. O processo eleitoral conta a participação dos professores, servidores técnico-administrativos e alunos matriculados em todos os cursos ministrados pela Universidade no campus-sede e em suas demais unidades. As candidaturas para os cargos de Reitor e Vice-Reitor são registradas separadamente, sem a formalização de chapas. A resolução nº 018/2022 do Conselho Universitário da Unimontes (Consu), que disciplina e regulamenta o processo eleitoral para a composição das listas tríplices, está disponível no Portal Unimontes (www.unimontes.br). As publicações oficiais do Processo Eleitoral da Unimontes podem ser acompanhados no link. Conforme a legislação, o voto para a composição das listas tríplices para reitor e vice-reitor da Unimontes é paritário, com os respectivos pesos: professores (70%), servidores técnico-administrativos (15%) e acadêmicos (15%). Serão instaladas mesas receptoras de votos nos prédios do campus-sede e nas demais unidades da instituição em Montes Claros (Hospital Universitário Clemente de Faria e Centro de Educação Profissional e Tecnológica da Unimontes (CEPT), nos campi de Almenara, Bocaiuva, Brasília de Minas, Espinosa, Janaúba, Januária, Paracatu, Pirapora, Salinas, São Francisco e Unaí, nos núcleos de Joaíma, de Pompéu; no Escritório de Representação da Unimontes em Belo Horizonte. Concorrem ao cargo de reitor da Unimontes os professores Antônio Alvimar Souza (atual reitor), Geélison Ferreira da Silva e Wagner de Paulo Santiago. Os candidatos a vice-reitor são os professores Danilo Fernando Macedo Narciso, Dalton Caldeira Rocha e Helena Amália Papa (atual Pró-Reitora de Ensino). Site: Unimontes

Jovens brasileiros dividem o dia-a-dia entre trabalho e os estudos

Trabalhar durante o dia e estudar à noite ou vice versa tornou-se a rotina comum de milhões de jovens brasileiros. Também é comum que, muitas vezes, o cansaço e a rotina atrapalhem o desempenho de quem deseja realizar ambas as atividades com qualidade. Mas, fato é que, no Brasil o número de jovens que vive a dupla jornada vem aumentando a cada ano. É o caso de Mayara Santos, 21 anos. Estudante de Música na Universidade Estadual de Montes Claros, ela tem jornada dupla, às vezes tripla. A jovem se desdobra entre trabalho como autônoma em casa, pela manhã; seu emprego formal, durante a tarde; e, logo em seguida, a faculdade. Indagada sobre como tem sido a rotina, Mayara relata: “é exaustivo. O cansaço físico e mental às vezes bate forte, me obrigando a escolher em quais atividades prosseguir para não chegar ao meu limite. Eu trabalho durante a tarde para estudar à noite, e a minha ideia inicial era fazer isso e me dedicar ainda mais aos estudos, mas surgiram muitos obstáculos, como a distância, os ônibus e a saúde mental. Atualmente, considerando tudo isso, eu optei por não cursar todas as disciplinas para conseguir dar conta de fazer as duas coisas e também seguir com a minha atividade como artesã”. A estudante está entre um percentual de jovens de 19 a 24 anos que estudam e trabalham no Brasil. Em 2021, 48,3%, aproximadamente 2,5 milhões de estudantes mantinham esta rotina; número que é maior que o apresentado em 2020, que era de 45,4%. Os dados apontam que jovens, como a entrevistada, são levados cada vez mais a se apresentar ao mercado de trabalho para que possam se manter estudando ou conseguir al guma renda para auxiliar nas contas de casa. Como conselho para outros universitários, que estão na mesma situação, Mayara recomenda: “não se sobrecarregue sem precisar. A maioria de nós não tem como escolher, mas, se a minha experiência puder ajudar, antes ficar mais tempo na universidade cursando apenas as disciplinas que você dá conta naquele determinado momento, a prejudicar sua saúde se obrigando a fazer tudo de uma vez. A gente sabe que não é fácil, mas nós, que não temos o apoio financeiro, desde sempre aprendemos que quando não tem jeito, a gente dá o jeito que tem”, finaliza.

UFMG: como a Lei de Cotas multiplicou universitários negros e indígenas

Faltam dados oficiais sobre impacto geral da reserva de vagas, mas estudo da Federal indica que o sistema ampliou diversidade étnica no ensino superior Integrante de tribo em solenidade na Reitoria da UFMG: segundo estudo da universidade, total de universitários negros e indígenas em instituições federais e estaduais saltou de menos de 8 mil para 86 mil entre 2009 e 2016 Apesar da ausência de documento mostrando o impacto das cotas na educação superior brasileira, pesquisa nacional coordenada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) dá uma ideia das mudanças causadas pelas ações afirmativas numa das modalidades que ela contempla: a inclusão de negros e indígenas nos câmpus país afora. Esse grupo de cotistas parte de um total de 7.889 novas matrículas no ano de 2009 e chega a 2016 com 86.717 registros em universidades federais e estaduais brasileiras, mais de 10 vezes mais alunos que no primeiro momento observado. É o que indica o estudo “Reafirmando direitos: Trajetórias de estudantes cotistas negros (as) no ensino superior brasileiro”, publicado em 2019, considerado o único levantamento do tipo financiado pelo Ministério da Educação (MEC). Foi coordenado pelo Programa Ações Afirmativas na UFMG, tendo como responsável Rodrigo Ednilson de Jesus, doutor em educação e coordenador-geral do programa. E contou com seis equipes regionais: nas universidades Federal do Amapá (Unifap), do Rio Grande do Norte (UFRN), do Recôncavo da Bahia (UFRB), de São Carlos (Ufscar), de Goiás (UFG) e de Santa Catarina (UFSC). O documento revela que, depois dessa fase de grande crescimento, as entradas de alunos pretos, pardos e indígenas por meio de programas de reserva de vagas chegam ao ano de 2016 representando 21,18% do total de ingressos em universidades federais e estaduais. Em 2009, esse percentual era de apenas 2,29%. E, em 2012, ano da publicação da Lei 12.711, os cotistas negros e indígenas respondiam por 3,24% dos “calouros”. Ainda em 2009, dos 344.326 ingressos, apenas 7.801 registros (2,27%) eram de estudantes negros que acessaram a universidade por meio de estratégias para reserva de vagas, ao passo que 12,7% eram negros que ingressaram por ampla concorrência ou outra forma de acesso. “Esse processo culmina, em 2016, com a primeira vez em toda a série em que os negros cotistas aparecem em maior quantidade que os negros não cotistas”, diz o texto. “Os resultados sugerem que a maior parte dos estudantes cotistas negros e indígenas acessam a universidade por meio de critérios que associam características étnicas à trajetória escolar. Estabelecendo as combinações referentes aos tipos de reserva, esses resultados ficam ainda mais evidentes”, completa. Dos 86.717 ingressantes cotistas negros e indígenas, 30.312 tiveram acesso às cotas a partir de critério étnico e referente. Aqueles que além da classificação étnica e da trajetória escolar ainda foram classificados no programa de reserva de vagas em função da renda domicilia representam 24,4% do total de cotistas negros e indígenas, a segunda situação mais frequente. As reservas exclusivamente do tipo étnico ou de escola pública representam, respectivamente, 15% e 13,3% do total dos ingressantes cotistas no ano de 2016. PERSPECTIVA Ela esperou quatro anos para entrar na faculdade desde a formatura no ensino médio. Para Ana Mariana Florêncio Afonso Meireles Lima, de 24 anos, a educação pública, que havia frequentado durante toda a sua vida parava no ensino médio. Universidade, ainda mais gratuita, não passava pela esperança de futuro da garota, cujas perspectivas iam até a papelaria, onde tinha um emprego temporário. “Tudo mudou quando meu tio me deu oportunidade de fazer um cursinho. Já estava mais velha e entendi que a vida seria mais difícil se eu não tivesse um diploma”, conta. No Chromos, ela descobriu letras, curso para o qual entrou com as cotas. “Antes eu achava que não poderia passar na UFMG. Foi muito emocionante descobrir que, sim, eu podia. Mesmo com cota, tive de me esforçar para ser aprovada. Saber que tinha capacidade mudou algo em mim, me deu confiança”, relata a estudante do 6º período. “Hoje não me preocupa o fato de ter diploma, com o que vou lidar depois. Escola pública não é problema só para os alunos, mas também para os profissionais que trabalham nela, e minha vontade é ensinar inglês na rede pública. Foram meus professores que mudaram minha visão de vida e queria passar isso para os meninos. Mas a valorização dos docentes me preocupa”, avalia Ana Mariana. “O aluno tem que acreditar nele mesmo e deixar de lado a ideia de que estudante de escola pública não pode entrar na faculdade que quer. E entender que é uma luta. Muita gente sai da rede particular para entrar na faculdade que quer, e a gente tem que insistir mais. E saber que não é fácil para ninguém, mas também não é impossível para ninguém”, aconselha. “Mudou a cara da UFMG” Se, há 10 anos, questionamentos associaram cotas à possível redução da qualidade de ensino nas universidades federais, hoje parece claro que o temor não se concretizou. Mérito, esforço e assistência aos estudantes compõem a fórmula de sucesso dos alunos cotistas na Universidade Federal de Minas Gerais. “Para nós, é muito claro: no primeiro semestre, as notas são um pouco diferentes no início, mas ao fim do segundo semestre não tem mais diferença de rendimento entre quem entra por cotas e pela ampla concorrência”, afirma a reitora da UFMG, Sandra Goulart. Ela cita estudo que mostra ainda mais: estudantes assistidos pela Fundação Mendes Pimentel (Fump) têm menor evasão. Entre quem entra pela ampla concorrência, é maior o número de estudantes que deixam de lado suas vagas. “O grande problema do ensino superior no Brasil é que o aluno entra e não consegue se manter. Isso sinaliza que as políticas de permanência têm impacto importante entre os que precisam da cota. Por isso é tão importante mantê-la: mudou a universidade e deu oportunidade de fazer curso superior a muitas pessoas que historicamente foram excluídas”, avalia. “Mudou a cara da UFMG. Lembro-me de falar na primeira turma de medicina (com cotistas). É visual. Antigamente, não víamos pessoas pardas

Escolas do Norte de MG são premiadas pelo Sistema Faemg

Escolas públicas de quatro cidades do Norte de Minas receberam premiação especial do Sistema Faemg, dentro do Programa Transformação em Jogo, que buscou trabalhar com os jovens alunos, de 11 a 18 anos, temas sobre empreendedorismo e protagonismo juvenil. * Por Ricardo Guimarães O Programa Transformação em Jogo, do Sistema Faemg em parceria com o Sebrae, premiou nesta semana quatro escolas do Norte de Minas, das cidades de Nova Porteirinha, Glaucilândia, Januária e Coração de Jesus. As instituições participaram de um concurso de vídeos que abordou as perspectivas de futuro dos jovens do meio rural, concorrendo com escolas de todo o estado. Cada escola levou o prêmio de R$ 5 mil, que deverá ser destinado para promover melhorias nas instalações das unidades de ensino. Participaram do projeto alunos de escolas públicas estaduais e municipais, de 11 a 18 anos, divididas entre ensino fundamental e médio. Ao longo de vários meses, alunos e professores trabalharam em sala de aula temas ligados à educação empreendedora e o protagonismo juvenil, desenvolvendo importantes valores e novo olhar sobre o mercado de trabalho rural. Escolas premiadas Na categoria ensino fundamental, foram premiadas as escolas estaduais Erezinha Antunes Martins, de Nova Porteirinha, e Maria Carneiro da Cruz, de Glaucilândia. Já para o ensino médio, foram premiadas as escolas estaduais Antônio Corrêa e Silva, de Januária, e São Sebastião, da cidade de Coração de Jesus. Joice Emanuele Santos Silva, de 15 anos, foi a escolhida para conduzir o vídeo premiado da escola Erezinha Antunes. Na unidade escolar foi criado um bazar como projeto de encerramento do Transformação em Jogo. Com a sala decorada, os alunos colocaram diversos itens de vestuário, como roupas e sapatos, doados por professores e profissionais da escola. A produção do vídeo completou a ação, mostrando os bastidores da montagem do bazar e também o dia da realização do evento, que teve todo lucro revertido para a festa do estudante. “Fiquei surpresa com o resultado e a conquista do prêmio. O vídeo teve objetivo de mostrar a culminância do projeto, onde aprendemos muito sobre o empreendedorismo. Gostei muito, foi um aprendizado diferente, que já desperta sonhos”, comentou a jovem estudante. “Trabalhar este projeto na sala de aula foi muito importante, tanto para mim quanto para os alunos, que acataram a ideia de imediato. Essa ação certamente vai trazer uma visão de mundo diferente e será importante para o crescimento deles, meios para sonharem cada vez mais”, finalizou a professora da Erezinha Antunes, Maria Bremotilde Damasceno, que foi a responsável pelas aulas do Programa Transformação em Jogo. Quem também celebrou a conquista foi Marcos Saulo dos Reis, de 13 anos, estudante da escola Maria Carneiro da Cruz. Na unidade de ensino a escolha para o projeto final foi a de construir com os alunos um empreendimento, através de uma confeitaria. No vídeo final, Marcos ensina o passo a passo para a produção de um bolo caseiro. “Essa foi uma experiência legal, divertida. Nunca tinha feito um vídeo, por isso fiquei nervoso no começo. Até então, nunca tinha estudado sobre empreendedorismo, então foi importante, podemos experimentar algo novo”, relatou o jovem. Para o diretor da escola, o resultado do prêmio será muito bem-vindo para reformas e melhorias na estrutura. Mas ele revela que o maior ganho será na perspectiva futura dos jovens que participaram do programa. “O Transformação em Jogo despertou em todos da escola. Vimos o quanto essas parcerias são importantes para desenvolver na vida dos alunos, resgatando ensinamentos e incorporando o que aprendem em casa. Serão seguramente adultos ainda mais conscientes”, comentou Evandro dos Reis Costa. Na escola São Sebastião, em Coração de Jesus, os temas bem-estar, beleza e estética fizeram parte da condução do programa Transformação em Jogo, que contou com a experiência prática vivenciada por uma das alunas da escola. A jovem empreendedora Nicole Kinberli Lamberti Silva, de 16 anos, tem um pequeno negócio de estética, onde atua nas horas de contraturno escolar. Ela levou para dentro da sala de aula um pouco do que já realiza no seu próprio negócio. “Consegui levar um pouco da experiência que tenho, para incentivar mais colegas a também buscarem alternativas de trabalho, já que muitos costumam encerrar o ensino médio sem saber o que fazer. Achei muito interessante o programa exatamente por ter essa oportunidade, trabalhar este tema dentro da escola”, destacou a aluna. O professor de história da escola, Antônio Geraldo Alves Barbosa, que orientou o Transformação em Jogo, revela que trabalhar teoria e prática do universo empreendedor ajudou os alunos a abrirem ainda mais a cabeça para novas possibilidades locais, evitando que muitos deles deixem a cidade em busca de empregos. “Foi possível eles visualizarem este potencial dentro da própria realidade, da possibilidade de exercer atividade profissional. Aqui vivemos uma realidade de êxodo rural, então, é importante pensar possibilidades de renda na própria região. Ao longo do programa falamos sobre diversos tipos de prestação de serviços, do negócio próprio, para quando chegarem ao fim do ensino médio saberem onde podem trilhar, como se orientar para o mercado de trabalho. Vendo essas portas ainda na formação básica, estes alunos podem pensar melhor qual caminho vão seguir”, explicou o docente. * Jornalista

RESISTÊNCIA NEGRA – Da escravidão ao trono no maior quilombo do Pantanal

Conheça a incrível história de Tereza de Benguela – Ícone da luta contra a opressão no Brasil colonial, é em sua homenagem que o 25 de julho marca o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra Hoje, 25 de julho, é celebrado em todo o continente o Dia Internacional da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A data foi criada durante o Primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, realizado em 1992 na cidade de Santo Domingo, capital da República Dominicana. No Brasil, a data tem um nome próprio após a aprovação da Lei 12.987/2014: Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra. Ícone da luta contra a escravidão no Brasil colonial, Tereza de Benguela liderou o principal quilombo localizado na então Capitania de Mato Grosso, por duas décadas, contra as investidas da Coroa Portuguesa. Vida e luta de Tereza de Benguela De acordo com artigo publicado pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), o local de nascimento de Tereza de Banguela é desconhecido. Supõe-se que ela tenha nascido em algum lugar no continente africano, ou no próprio Brasil, onde sua história se desenrolou. Tereza viveu no século XVIII, uma época onde a resistência à escravização fazia com que muitos negros, trazidos pelo odioso tráfico humano que formou nossa sociedade, se organizassem para escapar das fazendas e refugiarem-se nos sertões do Brasil, dentro de comunidades conhecidas como quilombos. E, assim como nas ocupações de terras e por moradia da atualidade, as autoridades constituídas perseguiam os fugitivos. Tereza foi casada com José Piolho, principal líder do Quilombo Quaritetê, localizado onde hoje o Estado do Mato Grosso faz fronteira com a Bolívia, no Vale do Guaporé. Era o maior quilombo da região e abrigava mais de 100 pessoas, entre negros e indígenas. Quando o marido foi morto por soldados da colonização portuguesa, Tereza assumiu o trono do Quaritetê e, durante mais de duas décadas liderou a resistência da comunidade contra a escravização. Nesse período, a Rainha Tereza costumava navegar em barcos imponentes pelos rios do Pantanal. Mas seus principais feitos foram organizar a defesa da comunidade que estava localizada em uma área de difícil acesso, com armas que roubavam de vilas próximas ou mesmo que trocavam com brancos, além de articular um tipo de parlamento que tomava as decisões comunitárias. A economia do Quaritetê funcionava à base do cultivo de algodão, milho, feijão, mandioca, banana – e da venda dos seus excedentes, especialmente para a obtenção das armas. Segundo informações da UFRB, o Quilombo resistiu até 1770, quando foi destruído pelos homens comandados por Luís Pinto de Sousa Coutinho, bandeirante a serviço da Capitania do Mato Grosso. Já sobre a morte da Rainha Tereza, não há registros. Uma versão dá conta de que teria se suicidado após sua captura pelos bandeirantes, enquanto uma segunda versão aponta que teria sido executada e tido a cabeça exposta no centro do Quilombo. Além do dia instituído, a Rainha Tereza recebeu diversas outras homenagens póstumas. Entre as mais destacadas está o samba enredo “Tereza de Benguela: uma rainha negra no Pantanal”, cantado pela Viradouro no carnaval de 1994.

Bolsonaro tirou 32% da verba destinada a escolas públicas inclusivas

Por ordem de Bolsonaro, Ministério da Educação ficou sem R$ 9,1 milhões para cuidar da infraestrutura de escolas inclusivas e para surdos As ações do Ministério da Educação para cuidar da infraestrutura física de escolas inclusivas perderam 32% da verba autorizada para este ano. Por determinação de Jair Bolsonaro, o bloqueio atingiu R$ 9,1 milhões do total de R$ 28,2 milhões destinados para o setor. A área em questão supervisiona a infraestrutura de escolas comuns inclusivas, escolas especiais e escolas bilíngues de surdos na educação básica. O tema é caro para a primeira-dama Michelle Bolsonaro, que fez da inclusão uma de suas principais bandeiras políticas, sobretudo no que diz respeito à integração de surdos na sociedade. Escolas inclusivas são reconhecidas por garantir o acesso ao ensino de acordo com as necessidades de cada aluno e sem levar em conta etnia, sexo, idade, deficiência e condição social. Já escolas especiais se notabilizam pelo preparo em atender alunos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação O cálculo foi feito pela organização Todos Pela Educação. O bloqueio de R$ 3,6 bilhões do Ministério da Educação foi autorizado por Bolsonaro em decreto publicado no dia 30 de maio. A educação básica foi a principal área atingida na pasta, com perda de R$ 1 bilhão. “Esses cortes em infraestrutura de escolas públicas, infelizmente, não chegam a surpreender, pois trata-se de um governo que tem colocado muito mais energia na defesa do homeschooling do que na defesa da escola pública”, afirmou Priscila Cruz, presidente-executiva do Todos Pela Educação.

Cenário de abandono – Plano Nacional de Educação descumpre 15 de um total de 20 metas

O número de crianças fora da escola ou que não concluíram o ensino fundamental quase dobrou de 2020 para 2021, passando de 540 mil para 1,072 milhão   A três anos do fim de sua vigência, o Plano Nacional de Educação (PNE) mais retrocedeu do que avançou. Do total de 20 metas, 15 ainda não foram cumpridas – sete anos após a entrada em vigor. E entre as cinco parcialmente cumpridas, estão aquelas que já estavam avançadas no momento da aprovação da Lei do PNE, em 2014. Portanto, isso não indica propriamente progresso do sistema educacional. A avaliação é da Campanha Nacional pelo Direito à Educação, que lançou hoje (20) relatório da situação atual de cada uma das metas. Segundo o relatório da organização, a vigência do PNE tem sido marcada pelas amarras impostas pela austeridade fiscal aprofundada pela aprovação da EC 95/2016, do Teto de Gastos. “Destaque dos retrocessos fica para a meta 20, que trata do financiamento da educação”, disse a coordenadora da Campanha, Alessandra Pellanda, em reunião hoje no Senado, para discutir o atraso educacional do país. “Além de cortes seguidos, além do teto dos gastos, há também queda na execução dos recursos nos últimos 10 anos, que impactam todas as demais metas”. Um dos mais graves retrocessos está na meta 2, pela qual se estabelece que, até o último ano da vigência, em 2024, o ciclo de nove anos do ensino fundamental seja universalizado para toda a população de 6 a 14 anos. E que pelo menos 95% dos alunos concluam essa etapa na idade recomendada. Mas a Campanha concluiu que o número de crianças nessa faixa etária que não frequentam nem concluíram a etapa quase dobrou de 2020 para 2021. Saltou de 540 mil para 1,072 milhão. Também houve queda no percentual de jovens concluindo o ensino fundamental na idade adequada. No segundo trimestre de 2020, esse percentual era de 81,9%, caindo para 81,1% em 2021. Com isso, o saldo do período de 2014 a 2021 é de um avanço médio de 1,5 ponto percentual ao ano, cerca de metade do necessário ao cumprimento da meta no prazo. Falta de transparência nos dados Segundo frisou Alessandra Pellanda, o governo de Jair Bolsonaro impõe a falta de transparência dos dados e a dificuldade de acesso às informações, o que impede a análise detalhada da realidade da situação. Das 20 metas do PNE, oito não possuem dados abertos suficientes para serem completamente avaliadas. “Em alguns casos só conseguimos dados por meio da Lei de Acesso à Informação e em outros, não recebemos resposta”, disse. Apesar das dificuldades do PNE em relação ao seu cumprimento, o professor da Faculdade de Educação da USP Daniel Cara defendeu o plano. O especialista, que também participou da audiência no Senado, disse que “o descumprimento é muito dramático”. “Quando uma criança não tem acesso à creche, para a sociedade é um número, mas para aquela criança é um impacto terrível na vida dela”. “Vale a pena ter o PNE? Vale, mesmo que ele esteja sendo descumprido, porque é um instrumento de luta. Ele é uma referência para a sociedade fazer o monitoramento do direito à educação. As metas do PNE são ousadas diante do fato de que o Brasil ainda trata a educação como privilégio e não como direito. A educação é um direito, e vamos continuar lutando pelo cumprimento do PNE. E estamos na luta pela construção do novo Plano”. Clique aqui e confira a situação do Plano Nacional de Educação Assista a íntegra da reunião