Próximo ao Centrão, ministro da Educação foi indicado por empreiteiro e denunciado por sonegação

 Renato Feder, que já havia sido recebido por Bolsonaro após a demissão de Abraham Weintraub, ganhou o apelido de “CoronaFeder, um vírus letal para a educação” entre os professores do Paraná Com proximidade a políticos do Centrão, o empresário Renato Feder já foi alvo de duas denúncias do Ministério Público sob acusação de sonegação fiscal que totalizam R$ 22 milhões pela sua empresa, a Multilaser, por não ter recolhido ICMS no Rio de Janeiro e em São Paulo. Secretário de Educação do governo de Ratinho Jr. – filho do apresentador bolsonarista Carlos “Ratinho” Massa, do SBT – no Paraná, Feder foi indicado pelo empreiteiro Meyer Nigri, dono da construtora Tecnisa, que fez a articulação da candidatura Jair Bolsonaro na elite paulista. O novo ministro, que já havia sido recebido por Bolsonaro após a demissão de Abraham Weintraub, ganhou o apelido de “CoronaFeder, um vírus letal para a educação” entre os professores do Paraná, que fizeram uma campanha para denunciar a mercantilização do ensino no Estado. “O CoronaFeder é um ‘vírus’ que chegou ao Paraná a partir de uma ratazana. Tem infectado o sistema público de educação do Paraná e parece querer levá-lo ao colapso para que outra forma de educação privada possa gerenciá-lo”, diz a campanha. Em reportagem de capa na revista IstoÉ Dinheiro, Feder foi classificado como “o empresário que vende tudo”. “Se eu estivesse sozinho, a Multilaser, provavelmente, ainda seria pequena. Mas se o Renato fosse o único no comando, talvez ela tivesse quebrado no primeiro ano”, afirmou na reportagem o sócio de Feder na Multilaser, Alexandre Ostrowiecki. Revista Fórum

Aplicativo utilizado em aulas online da rede pública oferece “TV Bolsonaro” a alunos

 – Plataforma foi desenvolvida por empresa ligada a políticos bolsonaristas e a um acusado de participar de uma rede de prostituição de menores de idade – Milhares de alunos da rede estadual do país estão sendo obrigados a utilizar um aplicativo para aulas online que oferece a “TV Bolsonaro” entre seus conteúdos. Contratada a toque de caixa durante a pandemia do coronavírus, a plataforma foi criada por pessoas ligadas a políticos bolsonaristas e a um acusado de participar de uma rede de prostituição de menores de idade. De acordo com reportagem de Amanda Audi e Pedro Zambarda, do Intercept, a IP.TV, empresa responsável pelo aplicativo de aulas online, era conhecida no mercado por outro produto. Trata-se do Mano, um aplicativo de streaming de vídeos criado em 2018 para veicular conteúdos voltados à campanha de Jair Bolsonaro. O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) foi um dos primeiros a divulgar amplamente o aplicativo em suas redes sociais. O principal canal do Mano é a TV Bolsonaro, que continua a reproduzir programas com discursos, propagandas e depoimentos voltados ao bolsonarismo, como o uso de armas e à ditadura militar, além de notícias falsas. A TV Bolsonaro está no aplicativo oferecido a estudantes de Amazonas, Pará e Piauí, que têm entre quatro e 17 anos de idade. Alunos de São Paulo e Paraná também têm utilizado serviços da IP.TV – desta vez, sem acesso a TV Bolsonaro. Ainda de acordo com o Intercept, a empresa tem sede em uma sobreloja sem identificação na Região dos Lagos do Rio de Janeiro. Ao todo, 7,7 milhões de alunos e professores têm utilizado os serviços da IP.TV durante a pandemia. Para tanto, usuários são obrigados a realizar um cadastro e fornecer dados pessoais, como o álbum de fotos do celular e de conexão de rede Wi-fi. Rede de prostituição O proprietário da IP.TV, Eduardo Patrício Giraldez, é sócio de Waldery Areosa Ferreira Junior, empresário do ramo da educação e acusado de participar de uma rede de prostituição de menores de idade junto com o pai. A informação consta em reportagem do Fantástico, de março de 2014. Os dois são sócios da Hexágono Soluções em Tecnologias da Informação, sediada em Manaus. Giraldez hoje mora nos Estados Unidos e defende o sistema de homeschooling, a educação domiciliar.

Weintraub já pediu duas vezes auxílio-mudança: total de R$ 51 mil

 – Ministro da Educação de Jair Bolsonaro, que assumiu o cargo em abril Há pouco mais de um ano como Ministro da Educação de Jair Bolsonaro, Abraham Weintraub já recebeu duas vezes o auxílio-mudança, penduricalho pago ao primeiro escalão do governo para aqueles que precisam se mudar de casa ou cidade, segundo informações de Lauro Jardim na edição deste domingo (14) do jornal O Globo. No total, Weintraub recebeu R$ 51 mil, segundo o jornalista, de um dos muitos benefícios pagos aos integrantes do governo – e que foi alvo de críticas do ministros na fatídica reunião do dia 22 de abril, em ele também pediu a prisão dos magistrados do Supremo Tribunal Federal (STF). Em fevereiro, reportagem de Luísa Fragão na Fórum revelou que o ministro usou o nome da Escola Paulista de Política, Economia e Negócios da Universidade Federal de São Paulo (EPPEN-Unifesp) em um centro de estudos dele para fechar contrato de R$ 45 milhões com o governo de Goiás. O Centro de Estudos em Seguridade (CES), uma organização não governamental (ONG) que foi acusada de usar de forma irregular o logotipo da universidade federal, tem como sócios, além de Abraham, o irmão Arthur Weintraub, e o professor Ricardo Hirata Ikeda, que foi responsável direto pela aprovação do atual ministro na controversa banca que o tornou professor da Unifesp.

Edital “Equidade Racial na Educação Básica” tem inscrições abertas

Estão abertas as inscrições para o Edital Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisa Aplicada e Artigos Científicos, que vai financiar projetos e artigos científicos que busquem reduzir as desigualdades étnico-raciais nas escolas. Com investimento total de R$ 3 milhões, a iniciativa, do Itaú Social e do Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades (Ceert), tem o apoio do Instituto Unibanco, da Fundação Tide Setubal e do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Interessados podem se inscrever pelo site do edital até o dia 13 de junho. “Combater a desigualdade racial nas escolas é uma questão urgente. Para tanto, é fundamental mobilizarmos escolas, organizações da sociedade civil e a academia para desenvolver estratégias exitosas no enfrentamento das desigualdades étnico-raciais na educação”, afirma Ricardo Henriques, superintendente executivo do Instituto Unibanco. Categorias O Edital está dividido em duas categorias: Pesquisa aplicada e Artigo científico. Os interessados podem concorrer apenas com uma proposta em cada categoria. Na categoria Pesquisa aplicada, podem se inscrever pesquisadores mestres ou doutores, que já possuam ou estabeleçam cooperação formal com escola(s) pública(s) ou rede de ensino municipal ou estadual ou, eventualmente, com um terceiro ator, uma organização da sociedade civil (OSC) da área da educação. Serão selecionados 15 projetos de pesquisa aplicada, que receberão um aporte de R$ 150 mil cada, além de uma bolsa no valor de R$ 3 mil para o pesquisador coordenador, no período de 18 meses. Já na categoria Artigo científico, podem participar graduados, mestres e doutores, desde que o artigo seja inédito e a titulação do autor tenha sido obtida há no máximo cinco anos. Dois artigos de cada modalidade receberão reconhecimento financeiro. As modalidades e os valores são: Graduados, R$ 3 mil; Mestres, R$ 5 mil; e Doutores, R$ 8 mil. Também receberá menção honrosa um artigo de cada modalidade. Para garantir a transparência em todo o processo seletivo, as cinco instituições realizadoras e parceiras formam uma estrutura de governança, com o apoio de um conselho consultivo constituído por profissionais da temática racial, educação básica, assim como fomento e organização de editais de pesquisa. A divulgação dos resultados será feita no dia 15 de setembro no site do edital. Serviço – Edital Equidade Racial na Educação Básica: Pesquisa Aplicada e Artigos Científicos Inscrições: até 13 de junho, apenas pelo site do edital Divulgação de resultados: 15 de setembro Regulamento, FAQ e demais informações: https://editalequidaderacial.ceert.org.br/

Em nova derrota política, governo Bolsonaro anuncia adiamento do Enem

O Ministério da Educação (MEC) e o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) anunciaram nesta quarta-feira (20) que o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) deste ano será adiado por 30 a 60 dias. A prova estava prevista inicialmente para novembro, deve acontecer agora em dezembro ou janeiro de 2021. Em média, 5 milhões de candidatos participam do Enem. De acordo com a pasta, mais de 4 milhões fizeram a inscrição para o exame deste ano até o momento. “Atento às demandas da sociedade e às manifestações do Poder Legislativo em função do impacto da pandemia do coronavírus no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2020, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) e o Ministério da Educação (MEC) decidiram pelo adiamento da aplicação dos exames nas versões impressa e digital. As datas serão adiadas de 30 a 60 dias em relação ao que foi previsto nos editais”, diz um comunicado oficial. “Para tanto, o Inep promoverá uma enquete direcionada aos inscritos do Enem 2020, a ser realizada em junho, por meio da Página do Participante. As inscrições para o exame seguem abertas até as 23h59 desta sexta-feira, 22 de maio”, acrescenta. As instituições informaram que o período de inscrições para o exame continua inalterado. O prazo para cadastro termina às 23h59 desta sexta-feira (22). O ministro vinha resistindo à iniciativa de adiar o exame, o que gerou muitas críticas por causa da pandemia do coronavírus, que deixa o Brasil em quarto lugar no ranking mundial de confirmações (275,3 mil), de acordo com a plataforma Worldometers. Em primeiro lugar estão dos Estados Unidos (1,5 milhão). A Rússia (308 mil) ocupam a segunda posição, seguida pela Espanha (279 mil).

Bioética em tempos de pandemia – Por Lucreciano Gonçalves da Rocha

 –  Encontrei no plano de aula Do professor de filosofia que me antecedeu, O tema da Bioética pensou em substituí-lo, Mas agora vejo que o colega tinha razão – – A bioética é uma discussão relativamente nova no campo da filosofia, nela travam-se debates éticos como: Eutanásia, aborto, erro médico, além de escolher quem deve morrer. Nesse último caso, o médico de pronto socorro às vezes tem que escolher entre dois, qual salvar a vida se há uma apenas uma chance. Ou seja, apenas um leito disponível. Nesse caso o filósofo pode ser procurado, é dele a tarefa de elaborar critérios válidos quando essa escolha se fizer necessária. (Quem de vê morrer) A bioética já invalidou algum critério absurdamente utilizado como: cor, etnias nível social. Mas com o advento da pandemia do Covic-19, um critério vem sendo muito abordado como válido; o critério de idade apóia-se em um discurso fácil de que são os idosos que devem morrer para salvar os jovens e a economia. Nessa carência de critérios valido, podemos estabelecer alguma hipótese, até sugerir um critério novo para ser debatidos, (Zelo pela vida), todos amam a vida, mas zelam por esse valor? Exemplo I: Dois indivíduos disputam uma vaga na UTI, Ambos caíram de uma altura de trinta metros, o primeiro era operário da construção civil caiu de onde trabalhava, (acidente de trabalho) o outro caiu de uma montanha em que escalava na, prática de esporte radical e gostava de viver perigosamente (adrenalina), Exemplo II: Quem merece uma chance de viver quando dois indivíduos atingidos por disparo de armas de fogo disputam o mesmo leito na UTI; uma vítima de disparo de arma de fogo (bala perdida) no seu local de trabalho, enquanto o outro brincava de roleta russa em casa com sua própria arma, (diversão) O zelo pela vida (valor) pode ser atribuído na mesma proporção? Nesse contexto de pandemia em que centenas de pessoas enfrentarão esse problema de falta de leitos, imaginemos dois cenários: dois indivíduos chegam a essa situação, alem de serem todos da mesma idade, cor nível social, ambos são médicos, O primeiro estava vindo de um hospital, onde atendia pacientes com convém 19 e foi contaminado, (acidenta de trabalho), o outro vinha da Avenida Paulista embrulhado numa bandeira do Brasil onde participava de um ato negacionista da doença, que pedia o fim do isolamento social. Diante da grande dificuldade de escolha, se o médico pedisse o parecer bioético do filósofo, eu não tenho a resposta, Não sei se ZELO pela vida seria um é um critério valido? Vou levar para debater com meus alunos, ta no plano de aula. Lucreciano é professor de filosofia

Justiça Federal determina adiamento do Enem devido à Covid-19

 – A juíza Marisa Claudia Gonçalves Cucio, da 12ª Vara Cível Federal de São Paulo, determinou que a União reprograme as datas do Enem, decisão que abrange os dias de realização da prova e os prazos para os requerimentos de isenção das taxas de inscrição. Weintraub é contra o adiamento – – A justiça de São Paulo determinou que o governo reveja as datas do Enem, incluindo os dias de realização do exame e os prazos para a solicitação de isenção da taxa de inscrição. O ministro da educação Abraham Weintraub já soltou dura declaração contra o adiamento da prova. A reportagem do site jurídico Jota destaca que “de acordo, com a determinação judicial, o cronograma deve ser adequado à “realidade do atual ano letivo” por meio de uma comissão ou consulta, de forma a dar ciência a todos os órgãos e representantes dos Poderes necessários à medida.” A matéria ainda acresenta que “a decisão foi tomada em uma ação civil pública movida pela Defensoria Pública da União. O argumento é o de que “como consequência deste grave problema de saúde pública [pandemia do coronavírus], escolas fecharam e aulas presenciais foram suspensas”. A Defensoria pondera que “as condições de ensino à distância para os estudantes brasileiros são desiguais”. A petição inicial é assinada pelo defensor Regional de Direitos Humanos, João Paulo de Campos Dorini, e pelos defensores públicos federais Viviane Ceolin Dallasta Del Grossi e Alexandre Mendes Lima de Oliveira.”

Programa Bem Viver explica o direito à alimentação escolar durante pandemia

Na edição desta quinta-feira (09) do Bem Viver, o programa traz informações sobre o direito à alimentação dos alunos da rede pública de ensino durante a pandemia do novo coronavírus, causador da covid-19. Nesta semana, foi sancionado o Projeto de Lei 13.987, assegurando a distribuição da merenda escolar às famílias dos estudantes enquanto as aulas estiverem suspensas. Apesar de considerar o PL essencial, o advogado Thalles Gomes, em conversa com a nossa reportagem, defendeu que a medida é insuficiente caso não acompanhada de uma resolução do Ministério da Educação (MEC) que norteie estados e municípios sobre o cálculo do valor a ser repassado às famílias dos 41 milhões de estudantes atualmente beneficiados pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar. Como estamos na véspera da Sexta-Feira da Paixão, tradição cristã da qual muitas famílias brasileiras são adeptas, esta edição também lembra regras de higiene importantes na hora de comprar e preparar o peixe em substituição à carne vermelha. No quadro Alimento é Saúde, a tradição sertaneja ocupa a sua casa. O repórter Daniel Lamir, de Pernambuco, conta como agricultores e movimentos populares trabalham pela preservação do milho crioulo, ou seja, sem modificação genética. Sem agrotóxicos, o cereal dá um gosto diferenciado ao cuscuz. Sintonize O programa Bem Viver vai ao ar de segunda a sexta-feira, das 11h às 12h, com reprise aos domingos, às 10h, na Rádio Brasil Atual. A sintonia é 98,9 FM em São Paulo; 102,7 FM no Noroeste Paulista; e 93,3 FM na Baixada Santista. No mesmo horário, de segunda a sexta-feira, o programa é transmitido na Rádio Super de Sorocaba (SP), em 87,5 FM; Rádio Interativa de Senador Alexandre Costa (MA); Rádio Comunitária Malhada do Jatobá, de São João do Piauí (PI); e Rádio Terra Livre (MST), de Abelardo Luz (SC), em 104,9 FM. A programação também fica disponível na Rádio Brasil de Fato, das 11h às 12h, de segunda a sexta-feira, e nos aplicativos Spotify e Google Cast. Assim como os demais conteúdos, o Brasil de Fato disponibiliza o programa Bem Viver de forma gratuita para rádios comunitárias, rádios-poste e outras emissoras que manifestarem interesse em veicular o conteúdo. Para fazer parte da nossa lista de distribuição, entre em contato pelo e-mail: radio@brasildefato.com.br.  

Weintraub contraria resolução que pede fechamento das universidades e manda alunos voltarem às aulas

–  Em vídeo, ministro diz que “precisa” que estudantes de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia voltem à rotina – O ministro da Educação, Abraham Weintraub, publicou um vídeo em suas redes sociais na noite desta terça-feira (17) pedindo que os estudantes da área da saúde, como alunos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia, voltem às aulas, mesmo em meio à pandemia do coronavírus. Declaração de Weintraub vai na contramão da resolução do Ministério da Saúde que aconselha as pessoas a evitarem aglomerações neste período para evitar a propagação da doença. “Peço aos alunos de Medicina, Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia que VOLTEM ÀS AULAS! Os departamentos de Saúde das universidades não podem parar. A NAÇÃO, nesse momento, precisa de gestores serenos e da união de todos”, escreveu Weintraub no Twitter. No vídeo, Weintraub também critica governadores, prefeitos e reitores por terem cancelado as aulas nas universidades, chamando a decisão de “antecipada”. “Tenho certeza que nós brasileiros, juntos, vamos dar uma lição ao mundo de como uma nação se comporta diante de um desafio desses”, finaliza. Confira:

As trapalhadas de Weintraub e a educação à beira do abismo (e nas mãos da elite)

 – Só um novo ‘tsunami da educação’ poderá varrer essa incompetência do MEC. Primeiro ato irá às ruas em 18 de março Por Iago Montalvão – Via Carta Capital Já não é mais segredo para ninguém que o Ministério da Educação é hoje a pasta mais desastrosa no governo Bolsonaro. Isso porque há uma disputa acirradíssima entre ministros em uma competição em que vence aquele que é mais irresponsável, atrapalhado, arrogante e incompetente. Nesses quesitos, Weintraub tem dado show. Muitos são os setores que apontam a completa impossibilidade de que esse ministro continue no cargo. Há quase uma unanimidade nessa questão e essa é sim a frente mais ampla que já se formou, a que exige a demissão de Weintraub. Entre os que defendem que 2019 sob essa gestão do MEC foi um ano perdido para a educação estão diversos veículos da imprensa; a comissão externa de avaliação do MEC criada na Câmara dos Deputados e a própria Comissão de Educação; um número expressivo de deputados da oposição e da base do governo; bem como variadas entidades e movimentos da área da educação. Entre os que já se posicionaram defendendo a retirada de Weintraub do cargo de ministro da Educação a lista é ainda mais extensa, e conta com figuras do Partido Novo, uma resolução do MBL e até mesmo um editorial do site O Antagonista, um veículo fortemente alinhado ao governo Bolsonaro. ➤ Leia também: https://emcimadanoticia.com/2020/01/12/a-bocalidade-do-ministro-da-educacao-do-governo-de-bolsonaro/ É claro que todas essas opiniões reforçam o fato de que o MEC está voltado para um verdadeiro processo de destruição da educação brasileira enquanto trava sua cruzada ideológica. Para nós, do movimento estudantil, o problema é ainda mais profundo: trata-se de um projeto que visa minar políticas públicas importantes, como o Enem, o Sisu, o Prouni e o Fies, e ao mesmo tempo negar métodos e estudos pedagógicos para substituir qualquer vestígio de uma educação crítica, emancipadora, democrática, por valores conservadores, reacionários e mercadológicos. Nesse sentido, não é nenhum absurdo afirmar que são fortes os indícios de que esse amontoado de trapalhadas e equívocos podem na verdade fazer parte de um propósito e não são frutos de uma sabotagem. A educação superior era, por exemplo, desde sua fundação e até pouco tempo atrás, uma exclusividade das elites no Brasil. Programas como o Enem, o Sisu, o Prouni, o Fies e as cotas, são uma pequena, mas importante, tentativa de ampliar e democratizar o acesso do povo brasileiro nas universidades, e hoje já é possível ver com nitidez a diferença na composição social e étnica do ensino superior. Logo, é difícil acreditar que erros tão grotescos no Enem, que não se equiparam a erros anteriores, são frutos de simples deslizes ou sabotagem. Reforçam esse argumento os fatos de que o governo foi alertado diversas vezes sobre os riscos que esse exame corria, desde quando apresentaram uma comissão de avaliação (censura) de conteúdo nas questões que estariam na prova que até hoje não chegou a conhecimento público, passando pelas trocas sucessivas na presidência e na equipe do Inep que levaram a descontinuidades com fortes prejuízos condução do Enem. Se soma ainda a dispensa de licitação utilizada pelo MEC na escolha da gráfica responsável pelas provas, que deixaram nas mãos de uma gráfica menos preparada para essa finalidade e que no final das contas foi responsabilizada pelos erros por apontamento do próprio ministério. ➤ Leia também: https://emcimadanoticia.com/2020/01/25/justica-federal-determina-suspensao-dos-resultados-do-sisu/ É ainda mais difícil acreditar que esses erros são fruto de deslizes quando o governo negou qualquer transparência aos estudantes e ao povo brasileiro e deixou um clima de insegurança como nunca se viu em edições anteriores do Exame Nacional do Ensino Médio. Se instalou um verdadeiro caos, uma enxurrada de reclamações e ações de estudantes e famílias contra os resultados do Enem e uma guerra judicial de decisões que suspendiam os resultados do Sisu até que o MEC provasse que as correções foram devidamente feitas. O governo ainda assim sustentou a posição de não abrir o jogo e passar a limpo o que ocorreu. Hoje, com o resultado liberado fruto da decisão do STJ, após dois recursos da AGU, muitos estudantes não sabem se sua nota foi de fato corrigida, o que pode significar uma vaga perdida na universidade por irresponsabilidade do governo. Só um novo “tsunami da educação” poderá varrer essa incompetência do MEC e, claro, contribuir para derrotar o governo Bolsonaro. Nós estudantes já estamos nos preparando para contra-atacar com o retorno do calendário letivo. Lançaremos uma campanha intitulada “Eu defendo a Educação!” para envolver estudantes, entidades, artistas e toda a sociedade na defesa das nossas universidades e escolas, da ciência e da inovação. Dentre as atividades dessa campanha estarão festivais universitários, ações de pesquisa e extensão em praças e comunidades (“Aula na Rua”) e é claro uma jornada de lutas com paralisações e manifestações de rua. A primeira já está marcada para o dia 18 de março, junto com professores e trabalhadores da educação para parar o Brasil. Derrotar Weintraub, ainda que haja a absurda chance de vir coisa pior, é uma lição que precisamos dar ao governo. Ninguém que seja tão nocivo a educação pode seguir em paz nessa posição. Assim criamos condições de avançar. Em defesa da educação: fora Weintraub! IAGO MONTALVÃO É estudante de Economia da USP e presidente da União Nacional dos Estudantes.