Trump veta negociações com o Brasil sobre tarifaço

Senadores embarcam para os EUA para tentar adiar tarifaço, mas enfrentam silêncio da Casa Branca e sabotagem de bolsonaristas Interlocutores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) que estão nos Estados Unidos relataram ao g1 que o presidente Donald Trump não autorizou o governo norte-americano a abrir diálogo com o Brasil sobre as tarifas de 50% que entram em vigor em agosto. Na quinta-feira (24), o próprio presidente Lula afirmou que Trump não quer negociar. Uma comissão de senadores embarca nesta sexta-feira (25) para os Estados Unidos, com a missão de tentar abrir um canal de negociações diretas em território americano sobre o tema. A viagem, no entanto, é vista com apreensão por diplomatas brasileiros e sofre boicote do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do blogueiro Paulo Figueiredo. Embora existam contatos com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick — como relatou o vice-presidente Geraldo Alckmin —, o recado que os negociadores têm ouvido é de que tudo está centralizado na Casa Branca. O presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Vital do Rêgo, que está em missão na ONU, também comentou com interlocutores que teve várias conversas nos Estados Unidos e ouviu que realmente Trump não está permitindo a reabertura de negociações com o Brasil. Segundo ele relatou, há um “clima de medo e apreensão” nos EUA. Tudo estaria centralizado em Trump e ninguém tem coragem de desafiá-lo. Geraldo Alckmin revelou que, no último sábado (19), voltou a conversar por telefone com o secretário Howard Lutnick. A ligação durou cerca de 50 minutos, mas o vice-presidente não quis divulgar o conteúdo do diálogo. Mesmo diante do cenário adverso, o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Nelsinho Trad (PSD-MS), defende a ida dos parlamentares. Para ele, a viagem é necessária para tentar ao menos adiar a entrada em vigor do tarifaço e abrir espaço para uma retomada das negociações. “Queremos também esclarecer o que o governo americano exatamente quer negociar, como eles não retomaram oficialmente as negociações, ninguém sabe exatamente os limites de Trump. Se ele realmente emperrou por questões políticas, de Bolsonaro, se tem a questão da nova moeda dos Brics, Irã”, afirmou Trad. A primeira reunião de trabalho da comissão está marcada para domingo (27). Os senadores já foram informados de que Eduardo Bolsonaro e Paulo Figueiredo estariam trabalhando para dificultar as reuniões em Washington e até impedir encontros com representantes do governo Trump. A maioria dos senadores embarca nesta sexta-feira (25), e os demais no sábado (26). Na segunda-feira (28), eles terão reunião na embaixada do Brasil nos EUA e um encontro com empresários da Amcham (Câmara Americana de Comércio para o Brasil). Na terça-feira (29), a comissão irá ao Capitólio para reuniões com parlamentares americanos.
Após tarifaço de Trump, pecuaristas dos EUA querem banir carne do Brasil

Entidade ligada ao agronegócio dos EUA apoia tarifa de Trump e acusa Brasil de riscos sanitários; governo rebate e defende status internacional do país – Enquanto o governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, eleva a retórica protecionista com a imposição de tarifas a diversos parceiros comerciais, um setor específico do agronegócio americano expressa apoio entusiástico: os pecuaristas. A Associação Nacional dos Pecuaristas dos Estados Unidos (NCBA, na sigla em inglês) declarou apoio irrestrito à proposta da Casa Branca de aplicar uma tarifa de 50% sobre a carne bovina brasileira e chegou a defender a suspensão total das importações do produto. “A Associação Nacional de Pecuaristas dos Estados Unidos (NCBA) apoia firmemente o plano do presidente Trump de impor ao Brasil com uma tarifa de 50%”, afirmou a entidade à CNN. O grupo representa a indústria de carne bovina norte-americana desde 1898 e sustenta que, há anos, pleiteia a interrupção definitiva da entrada do produto brasileiro nos Estados Unidos. No comunicado, a associação declarou que “uma tarifa de 50% é um bom começo, mas precisamos suspender as importações de carne bovina do Brasil para que possamos conduzir uma auditoria completa”. A NCBA ainda lançou duras críticas à cadeia produtiva brasileira, classificando como “abismal” a falta de responsabilidade sanitária dos criadores nacionais. A principal preocupação recai sobre os registros de Encefalopatia Espongiforme Bovina (EEB), conhecida como “doença da vaca louca”. “A falha do Brasil em reportar casos atípicos de EEB e seu histórico de febre aftosa são uma grande preocupação para os produtores de gado dos EUA”, alegou a entidade. O Ministério da Agricultura reagiu às acusações com uma nota técnica, esclarecendo que o Brasil nunca registrou um “caso clássico” da doença da vaca louca – que ocorre pela ingestão de rações contaminadas, a exemplo dos surtos que afetaram países europeus há algumas décadas. Segundo a pasta, o país teve apenas seis episódios considerados “atípicos”, causados por mutações espontâneas em animais idosos, sem relação com a alimentação. “Assim, o Brasil mantém o reconhecimento pela OMSA como país de risco insignificante para a doença desde 2012”, destacou o ministério, referindo-se ao status conferido pela Organização Mundial de Saúde Animal.
Governo Trump revoga visto de Moraes e de ministros do STF

Em comunicado, o secretário de Estado, Marco Rubio, acusou a Corte de perseguir Bolsonaro O secretário de Estado do governo de Donald Trump, nos EUA, Marco Rubio, afirmou na noite desta sexta-feira (18) que determinou o cancelamento do ministro Alexandre de Moraes e de ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). Somente André Mendonça, Nunes Marques e Luiz Fux foram excluídos das sanções. “O presidente Trump deixou claro que seu governo responsabilizará estrangeiros responsáveis pela censura de expressão protegida nos Estados Unidos. A caça às bruxas política do Ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, contra Jair Bolsonaro criou um complexo de perseguição e censura tão abrangente que não apenas viola direitos básicos dos brasileiros, mas também se estende além das fronteiras do Brasil, atingindo os americanos. Portanto, ordenei a revogação dos vistos de Moraes e seus aliados no tribunal, bem como de seus familiares próximos, com efeito imediato”, declarou Rubio. .@POTUS made clear that his administration will hold accountable foreign nationals who are responsible for censorship of protected expression in the United States. Brazilian Supreme Federal Court Justice Alexandre de Moraes's political witch hunt against Jair Bolsonaro created a… — Secretary Marco Rubio (@SecRubio) July 18, 2025 A decisão de Marco Rubio ocorre no mesmo dia em que o ex-presidente Jair Bolsonaro foi alvo de operação da Polícia Federal (PF), determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, que entendeu que Bolsonaro, em conluio com seu filho Eduardo Bolsonaro, atentou contra a soberania do Brasil ao provocar o governo de Donald Trump a sancionar o país e, dessa forma, interferir no julgamento de todos os envolvidos na trama golpista. Moraes cita Abraham Lincoln e diz que Bolsonaro e Eduardo auxiliam Trump em “atos hostis” Nas 47 páginas da decisão em que determinou medidas restritivas, entre elas a colocação de tornozeleira eletrônica, a Jair Bolsonaro (PL), o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirma que o ex-presidente e o filho, Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atuam junto ao presidente dos EUA, Donald Trump, “com o intuito de obter a imposição de sanções contra agentes públicos do Estado Brasileiro”. Para Moraes, as condutas de Bolsonaro e Eduardo configuram “claros e expressos atos executórios e flagrantes confissões da prática dos atos criminosos, em especial dos crimes de coação no curso do processo, obstrução de investigação de infração penal que envolva organização criminosa e atentado à soberania e permanecem, sempre no sentido de induzirem, instigarem e auxiliarem governo estrangeiro à prática de atos hostis ao Brasil e à ostensiva tentativa submissão do funcionamento do Supremo Tribunal Federal aos Estados Unidos da América, com a finalidade de ‘arquivamento/extinção’ da AP 2668”. A ação citada por Moraes é referente ao julgamento de Jair Bolsonaro e a quadrilha que tentou um golpe de Estado no Brasil e que deve levar o ex-presidente à prisão. Em seguida, Moraes cita o escritor brasileiro Machado de Assis para dizer que “a soberania nacional é a coisa mais bela do mundo, com a condição de ser soberania e de ser nacional” e afirma que “Soberania Nacional não pode, não deve e jamais será vilipendiada, negociada ou extorquida, pois é um dos fundamentos da República Federativa do Brasil”. O ministro diz ainda que “o Supremo Tribunal Federal sempre será absolutamente inflexível na defesa da Soberania Nacional e em seu compromisso com a Democracia, os Direitos Fundamentais, o Estado de Direito, a independência do Poder Judiciário Nacional e os princípios constitucionais brasileiros” e faz referência a Abraham Lincoln, 16º presidente dos Estados Unidos da América, responsável pela manutenção da União e pela Proclamação de Emancipação, que afirmava que “os princípios mais importantes podem e devem ser inflexíveis”. A pedido de Moraes, o presidente da Primeira Turma, ministro Cristiano Zanin, convocou uma sessão extraordinária virtual para que a decisão seja submetida ao referendo. O Plenário Virtual começará hoje (18) ao meio-dia, e terminará na próxima segunda-feira, às 23h59.
Trump reafirma tarifa de 50% ao Brasil e admite motivação política

“O que fazem com Bolsonaro é uma desgraça” – Fala desta quarta repete o teor da carta enviada por Trump a Lula na semana passada, na qual classificou o processo contra Bolsonaro como “caça às bruxas” – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a justificar nesta quarta-feira (16) a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros com base em razões políticas. Em fala à imprensa na Casa Branca, após reunião bilateral com o príncipe do Bahrein, o republicano confirmou que a punição ao Brasil tem como objetivo pressionar o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Supremo Tribunal Federal (STF) por conta do julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “[Taxamos] 50% em um caso, o Brasil, porque o que estão fazendo com o ex-presidente é uma desgraça”, declarou Trump, de acordo com o portal g1, acrescentando: “Conheço o ex-presidente e ele lutou muito pelo povo brasileiro. Acredito que ele é um homem honesto e o que estão fazendo com ele é terrível”. O republicano se refere ao processo no STF que julga Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022. A Procuradoria-Geral da República já apresentou alegações finais pedindo a condenação do ex-presidente. A fala desta quarta repete o teor da carta enviada por Trump a Lula na semana passada, na qual classificou o processo contra Bolsonaro como “caça às bruxas” e uma “vergonha internacional”. Ele também ameaçou ampliar as tarifas caso o Brasil não ceda a suas exigências — o que inclui, segundo ele, “liberdade para plataformas digitais americanas” e fim de “barreiras comerciais”
Brasil responderá tarifaço dos EUA com lei de reciprocidade, diz Lula

Legislação libera contramedidas como suspensão de concessões O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou nesta quarta-feira (9) que o tarifaço de 50% a todos os produtos brasileiros exportados para os Estados Unidos será respondido com a Lei de Reciprocidade Econômica. Em rede social, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu a soberania do país e disse que é falsa a alegação do presidente norte americano Donald Trump de que a taxação seria aplicada em razão de déficit na balança comercial com o Brasil. A lei brasileira sancionada em abril estabelece critérios para a suspensão de concessões comerciais, de investimentos e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual em resposta a medidas unilaterais adotadas por país ou bloco econômico que impactem negativamente a competitividade internacional brasileira. “Neste sentido, qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica. A soberania, o respeito e a defesa intransigente dos interesses do povo brasileiro são os valores que orientam a nossa relação com o mundo”, afirmou o presidente O lei autoriza o Poder Executivo, em coordenação com o setor privado, “a adotar contramedidas na forma de restrição às importações de bens e serviços ou medidas de suspensão de concessões comerciais, de investimento e de obrigações relativas a direitos de propriedade intelectual e medidas de suspensão de outras obrigações previstas em qualquer acordo comercial do país”. O governo defende que é falsa a informação sobre o alegado déficit norte-americano. “As estatísticas do próprio governo dos Estados Unidos comprovam um superávit desse país no comércio de bens e serviços com o Brasil da ordem de 410 bilhões de dólares ao longo dos últimos 15 anos”. Lula afirma ainda que o Brasil é um país soberano “com instituições independentes que não aceitará ser tutelado por ninguém”. No documento encaminhado por Trump ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o presidente estadunidense cita o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de Estado, para justificar o ataque ao país. Ele também citou ordens do STF emitidas contra apoiadores do ex-presidente brasileiro que mantêm residência nos Estados Unidos. “O processo judicial contra aqueles que planejaram o golpe de estado é de competência apenas da Justiça Brasileira e, portanto, não está sujeito a nenhum tipo de ingerência ou ameaça que fira a independência das instituições nacionais”, rebateu Lula. O presidente brasileiro abordou ainda as críticas de Trump às decisões do Supremo Tribunal Federal contra perfis em redes sociais que praticavam discurso de ódio e divulgavam fake news. O presidente afirmou que, “no contexto das plataformas digitais, a sociedade brasileira rejeita conteúdos de ódio, racismo, pornografia infantil, golpes, fraudes, discursos contra os direitos humanos e a liberdade democrática”. “No Brasil, liberdade de expressão não se confunde com agressão ou práticas violentas. Para operar em nosso país, todas as empresas nacionais e estrangeiras estão submetidas à legislação brasileira”, escreveu. Antes de publicar a nota, o presidente Lula coordenou uma reunião de emergência, no Palácio do Planalto, com a presença de seus principais ministros, como Fernando Haddad (Fazenda), Mauro Vieira (Relações Internacionais), Rui Costa (Casa Civil) e Sidônio Palmeira (Secom), além do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. O encontro terminou por volta das 20h.
Trump anuncia tarifas de 50% sobre produtos brasileiros e envia carta a Lula

Além de querer impor uma guerra comercial, o político da extrema-direita americana resolveu sair em defesa de Bolsonaro, réu no inquérito da trama golpista O presidente norte-americano, Donald Trump, anunciou nesta quarta-feira (9) uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros. De acordo com o governo dos Estados Unidos, a nova taxa passa a valer em 1º de agosto. O chefe da Casa Branca também enviou uma carta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). No documento, o político da extrema-direita norte-americana também resolveu sair em defesa de Jair Bolsonaro (PL), réu no inquérito da trama golpista, conduzido pelo Supremo Tribunal Federal no Brasil. “A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional”, afirmou Trump na carta a Lula. Após tentar defender Bolsonaro, o presidente dos EUA voltou a comentar sobre economia, em recado ao presidente Lula. “Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta”. Confira o documento na íntegra: 9 de julho de 2025 Sua ExcelênciaLuiz Inácio Lula da Silva Presidente da República Federativa do Brasil Brasília Prezado Sr. Presidente: Conheci e tratei com o ex-Presidente Jair Bolsonaro, e o respeitei muito, assim como a maioria dos outros líderes de países. A forma como o Brasil tem tratado o ex-Presidente Bolsonaro, um líder altamente respeitado em todo o mundo durante seu mandato, inclusive pelos Estados Unidos, é uma vergonha internacional. Esse julgamento não deveria estar ocorrendo. É uma Caça às Bruxas que deve acabar IMEDIATAMENTE! Em parte devido aos ataques insidiosos do Brasil contra eleições livres e à violação fundamental da liberdade de expressão dos americanos (como demonstrado recentemente pelo Supremo Tribunal Federal do Brasil, que emitiu centenas de ordens de censura SECRETAS e ILEGAIS a plataformas de mídia social dos EUA, ameaçando-as com multas de milhões de dólares e expulsão do mercado de mídia social brasileiro), a partir de 1º de agosto de 2025, cobraremos do Brasil uma tarifa de 50% sobre todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os Estados Unidos, separada de todas as tarifas setoriais existentes. Mercadorias transbordadas para tentar evitar essa tarifa de 50% estarão sujeitas a essa tarifa mais alta. Além disso, tivemos anos para discutir nosso relacionamento comercial com o Brasil e concluímos que precisamos nos afastar da longa e muito injusta relação comercial gerada pelas tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil. Nosso relacionamento, infelizmente, tem estado longe de ser recíproco. Por favor, entenda que os 50% são muito menos do que seria necessário para termos igualdade de condições em nosso comércio com seu país. E é necessário ter isso para corrigir as graves injustiças do sistema atual. Como o senhor sabe, não haverá tarifa se o Brasil, ou empresas dentro do seu país, decidirem construir ou fabricar produtos dentro dos Estados Unidos e, de fato, faremos tudo o possível para aprovar rapidamente, de forma profissional e rotineira — em outras palavras, em questão de semanas. Se por qualquer razão o senhor decidir aumentar suas tarifas, qualquer que seja o valor escolhido, ele será adicionado aos 50% que cobraremos. Por favor, entenda que essas tarifas são necessárias para corrigir os muitos anos de tarifas e barreiras tarifárias e não tarifárias do Brasil, que causaram esses déficits comerciais insustentáveis contra os Estados Unidos. Esse déficit é uma grande ameaça à nossa economia e, de fato, à nossa segurança nacional! Além disso, devido aos ataques contínuos do Brasil às atividades comerciais digitais de empresas americanas, bem como outras práticas comerciais desleais, estou instruindo o Representante de Comércio dos Estados Unidos, Jamieson Greer, a iniciar imediatamente uma investigação da Seção 301 sobre o Brasil. Se o senhor desejar abrir seus mercados comerciais, até agora fechados, para os Estados Unidos e eliminar suas tarifas, políticas não tarifárias e barreiras comerciais, nós poderemos, talvez, considerar um ajuste nesta carta. Essas tarifas podem ser modificadas, para cima ou para baixo, dependendo do relacionamento com seu país. O senhor nunca ficará decepcionado com os Estados Unidos da América. Muito obrigado por sua atenção a este assunto! Com os melhores votos, sou, Atenciosamente, DONALD J. TRUMP PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA
Brasil e China selam aliança estratégica para corredor ferroviário bioceânico

Acordo assinado em Brasília prevê estudos conjuntos para integrar a malha ferroviária brasileira ao porto de Chancay, no Peru, fortalecendo a cooperação Sul-Sul e a infraestrutura continental Em mais um gesto concreto de aproximação entre os dois gigantes do Sul Global, Brasil e China assinaram nesta segunda-feira (7), em Brasília, um memorando de entendimento para a realização de estudos conjuntos sobre o corredor ferroviário bioceânico, que conectará os oceanos Atlântico e Pacífico. O projeto, de grande valor geopolítico e logístico, visa integrar ferrovias brasileiras já em operação ou construção ao recém-inaugurado porto de Chancay, no Peru, com infraestrutura financiada por Pequim. O acordo foi firmado entre a estatal brasileira Infra S.A. e o Instituto de Planejamento e Pesquisa Econômica da China State Railway Group, braço técnico da maior empresa ferroviária pública do mundo. A cerimônia simbolizou um passo decisivo no avanço de uma parceria que une o Novo PAC brasileiro à Iniciativa Cinturão e Rota chinesa, sob o olhar atento dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Xi Jinping. Corredor Bioceânico: de Ilhéus ao Pacífico com escala na integração continental O corredor ferroviário começará em Ilhéus, na Bahia, pela Fiol (Ferrovia de Integração Oeste-Leste), seguirá por Mara Rosa, em Goiás, ponto de encontro com a Fico (Ferrovia de Integração Centro-Oeste) e a Ferrovia Norte-Sul, até chegar a Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso, ponto de partida da chamada Ferrovia Bioceânica. Daí em diante, o traçado avançará rumo à fronteira com a Bolívia, atravessará Rondônia e o Acre, e cruzará até o porto de Chancay, a cerca de 70 km de Lima. O traçado não é apenas um desenho sobre trilhos: ele representa a integração produtiva e comercial da América do Sul com a Ásia, abrindo novas rotas logísticas para as exportações brasileiras de grãos, minérios e produtos industrializados. Cooperação técnica de longo prazo: um pacto de desenvolvimento O secretário especial da Casa Civil, Maurício Muniz, celebrou o memorando como “o início de uma jornada técnica, institucional e diplomática que visa reduzir distâncias e fortalecer laços”. O presidente da Infra S.A., Leonardo Ribeiro, ressaltou que o projeto reflete uma visão conjunta de longo prazo entre os dois países, “com a expertise ferroviária chinesa se aliando ao potencial brasileiro de escoamento de cargas”. A diretora de Administração e Finanças da Infra S.A., Elisabeth Braga, destacou que a estatal já iniciou os trabalhos para viabilizar o eixo estruturante Fiol–Fico, cujo leilão está previsto para 2026, e que os estudos sobre o trecho internacional contarão com simulações técnicas, análises ambientais e modelagens de investimento. Brics, PAC e Cinturão e Rota: uma convergência estratégica A assinatura do acordo ocorre na esteira da XVII Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro, onde o grupo reafirmou, em declaração conjunta, o compromisso com a construção de infraestrutura sustentável e resiliente como eixo do desenvolvimento. A agenda também se encaixa nas diretrizes do Novo PAC, do Plano de Transformação Ecológica e da Nova Indústria Brasil, pilares do governo Lula. Pelo lado chinês, a cooperação se insere na estratégia da Iniciativa Cinturão e Rota, que busca ampliar os corredores de transporte e comércio no mundo em desenvolvimento. Para o diretor-geral da China Railway Group, Wang Jie, a parceria simboliza “a sabedoria e a confiança mútua entre nossos povos”. Desafios logísticos e esperança geoeconômica A integração ferroviária com o Pacífico poderá reduzir drasticamente os custos logísticos de exportação e acelerar o acesso a novos mercados. Hoje, a produção brasileira do Centro-Oeste enfrenta altos custos com transporte rodoviário até os portos do Sudeste. A nova rota — multimodal e transnacional — abre caminho para uma malha mais eficiente, menos poluente e mais estratégica. O desafio agora é garantir que os estudos, a ser conduzidos por técnicos brasileiros e chineses, avancem rapidamente e não fiquem na gaveta como projetos anteriores. A aposta é que, com financiamento estruturado e articulação entre os ministérios do Planejamento, Casa Civil e Transportes, a integração continental torne-se realidade — unindo Ilhéus a Chancay, o Atlântico ao Pacífico, e o Brasil à nova geografia do desenvolvimento global. “Celebramos não apenas trilhos, mas um futuro conectado”, declarou Maurício Muniz. Se concretizado, o corredor bioceânico pode ser o maior projeto logístico da América do Sul no século XXI — e uma chave para reposicionar o Brasil no centro da integração regional e global.
Países do BRICS se unem para eliminar “doenças da pobreza”

Pesquisas contra essas enfermidades recebem menos investimentos Os países do Brics lançaram oficialmente nesta segunda-feira (7) a Parceria para a Eliminação de Doenças Socialmente Determinadas (DSDs). O objetivo é fortalecer a cooperação, mobilizar recursos e avançar esforços coletivos para a eliminação integrada dessas doenças, que têm sua incidência agravada pela pobreza, desigualdade social e barreiras de acesso a saúde, o que faz com que sejam mais prevalentes no Sul Global. A ideia é que os países se unam para eliminar doenças que, muitas vezes, não afetam países ricos e, portanto, não são consideradas na destinação de recursos para pesquisas nesses países. A Parceria incluirá as doenças que são reconhecidas como DSDs pelos países membros do Brics, de acordo com as realidades de cada um deles. Entre as doenças citadas ao longo dos encontros que deverão entrar no escopo da ação estão tuberculose, hanseníase, malária e dengue. Até o momento, fazem parte da Parceria os 11 países do Brics ─ Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia – além da Malásia, Bolívia e Cuba, países parceiros do fórum, que também aderiram à medida. Os países deverão se unir para a promoção de pesquisa e desenvolvimento de abordagens inovadoras para saúde, vacinas, prevenção, detecção precoce, diagnóstico e tratamento. Além disso, deverão incentivar investimentos internacionais ampliados, fortalecendo esforços diplomáticos para colocar a eliminação das DSDs no centro da agenda global de saúde e buscando a priorização dessa questão em fóruns multilaterais e regionais. A iniciativa, que foi discutida nas reuniões que antecederam a Cúpula de Líderes do grupo, constou também da Declaração Final da 17ª Reunião de Cúpula, a Declaração do Rio de Janeiro, divulgada neste domingo (6). O tema foi uma das oito prioridades escolhidas pela presidência brasileira do Brics na área da saúde e teve como inspiração o Programa Brasil Saudável, que tem como objetivo enfrentar problemas sociais e ambientais que afetam a saúde de pessoas em maior vulnerabilidade social. Nesta segunda, o Brics divulgou documento específico que detalha a nova parceria. O texto inclui a utilização de tecnologias inovadoras, como a inteligência artificial, para o combate das doenças. “Para atingir os objetivos da Parceria, os membros promoverão e ampliarão iniciativas existentes voltadas para o fortalecimento do manejo de casos, expansão do acesso a áreas remotas e de difícil alcance, melhoria das condições de saneamento e habitação, combate à desnutrição e à pobreza, e aproveitamento de tecnologias inovadoras — como inteligência artificial, diagnóstico de doenças, terapêuticas, desenvolvimento de medicamentos e vacinas, plataformas digitais interoperáveis, sistemas de notificação harmonizados, mecanismos de detecção precoce, vigilância, intercâmbio de dados em tempo real, regulação e ferramentas integradas de eliminação de doenças”, diz o texto. Objetivos A Parceria terá cinco objetivos principais, alinhados às atividades de organizações internacionais como a Organização Mundial de Saúde (OMS): Reforçar sistemas de saúde resilientes e a prestação de serviços essenciais, garantindo o acesso equitativo a vacinas, prevenção, detecção precoce, diagnóstico, tratamento e educação em saúde para DSDs, fortalecendo serviços de saúde comunitária e focando em populações em situação vulnerável nas regiões mais afetadas por DSDs, avançando também na Cobertura Universal de Saúde (CUS); Fortalecer ações intersetoriais sobre os determinantes sociais, econômicos e ambientais da saúde, adotando uma abordagem integral de governo e sociedade; Expandir a colaboração em pesquisa, desenvolvimento, capacitação, inovação e transferência de tecnologia entre os membros, promovendo o compartilhamento de conhecimentos como estratégia para fortalecer a cooperação e impulsionar soluções inovadoras adaptadas às realidades locais para eliminação das DSDs; Advogar pela superação das barreiras financeiras à eliminação das DSDs, mobilizando recursos nacionais e internacionais e promovendo o engajamento com bancos de desenvolvimento, instituições financeiras, doadores e setor privado para garantir mecanismos sustentáveis e inovadores de financiamento; Alinhar posições sobre DSDs no âmbito das organizações internacionais, incluindo agências da Organização das Nações Unidas como a OMS e outros fóruns relevantes, além de partes interessadas do setor privado, facilitando a integração em estruturas mais amplas de cooperação internacional e assegurando alinhamento com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável globais. Para isso, de acordo com o documento, os países irão recorrer a financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB), o Banco do Brics, além do Banco Mundial e outros Bancos Multilaterais de Desenvolvimento. Os países irão buscar também doadores e o apoio do setor privado por meio de iniciativas público-privadas. O documento estabelece que os primeiros passos para o estabelecimento da parceria serão a realização de seminários técnicos, de atividades de capacitação e treinamento, além de reuniões da rede de pesquisa e engajamento com o NDB e outras instituições financeiras.
Trump diz que Elon Musk só existe graças a subsídios e sugere corte imediato

Donald Trump afirma que Musk teria de fechar suas empresas sem os subsídios públicos e que os EUA economizariam uma fortuna Reuters – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, sugeriu nesta terça-feira que o Departamento de Eficiência Governamental (DOGE, na sigla em inglês) avalie os subsídios recebidos pelas empresas de Elon Musk, CEO da Tesla, com o objetivo de cortar gastos. As declarações de Trump vieram após Musk, o homem mais rico do mundo, renovar suas críticas na segunda-feira ao amplo pacote de corte de impostos e gastos promovido por Trump. Musk prometeu trabalhar para derrotar parlamentares que apoiaram a medida após fazerem campanha prometendo limitar os gastos públicos. “Elon pode ter recebido mais subsídios do que qualquer ser humano na história, de longe, e sem subsídios, Elon provavelmente teria que fechar as portas e voltar para casa, na África do Sul. Sem mais lançamentos de foguetes, satélites ou produção de carros elétricos, e nosso país economizaria uma FORTUNA. Talvez devêssemos fazer o DOGE dar uma boa e dura olhada nisso? MUITO DINHEIRO A SER ECONOMIZADO!!!”, escreveu Trump em publicação na plataforma Truth Social, referindo-se ao DOGE. Musk respondeu na rede X, sua própria plataforma: “Estou literalmente dizendo para CORTAR TUDO. Agora”. Trump já havia ameaçado cortar subsídios e contratos governamentais de Musk no início de junho, quando o relacionamento entre os dois se deteriorou publicamente nas redes sociais devido ao projeto de lei que, segundo analistas independentes, pode aumentar a dívida dos EUA em cerca de US$ 3 trilhões. As empresas de Musk incluem a SpaceX, que atua como contratada do governo e já possui cerca de US$ 22 bilhões em contratos federais, além da Starlink, sua unidade de satélites. A ruptura com Trump também afetou o mercado da Tesla: em 5 de junho, as ações da montadora perderam aproximadamente US$ 150 bilhões em valor de mercado, o maior recuo diário da história da empresa — embora já tenham se recuperado desde então. Nesta terça-feira, os papéis da Tesla negociados em Frankfurt caíram 5%. Após semanas de silêncio, Musk voltou ao debate no sábado, quando o Senado retomou a discussão sobre o pacote de gastos, chamando-o de “completamente insano e destrutivo” em nova publicação na X. Na segunda-feira, ele voltou a criticar os congressistas que prometeram conter os gastos, mas votaram a favor da medida: “Deveriam abaixar a cabeça de vergonha!”. E completou: “E eles vão perder as primárias no ano que vem, nem que seja a última coisa que eu faça neste planeta”. Musk voltou a defender a criação de um novo partido político, afirmando que os gastos bilionários do projeto indicam que “vivemos em um país de partido único – o PARTIDO DO PORKY PIG!!”. As críticas de Musk marcam uma guinada drástica após o bilionário ter investido quase US$ 300 milhões na campanha de reeleição de Trump e liderado a controversa iniciativa de corte de custos do DOGE durante o atual governo. Musk argumenta que o projeto aumentaria significativamente a dívida pública e eliminaria as economias que ele afirma ter gerado com a atuação no DOGE. Ainda não está claro qual a influência de Musk sobre o Congresso nem o impacto de suas críticas na tramitação da proposta. No entanto, líderes republicanos têm demonstrado preocupação de que o conflito intermitente com Trump prejudique as chances do partido de manter a maioria nas eleições legislativas de meio de mandato em 2026.
Milhares de argentinos lotam a Praça de Maio em apoio a Cristina Kirchner

Multidão denuncia perseguição judicial e responde com mobilização à prisão domiciliar da ex-presidenta, pede à Justiça autorização para aparecer na sacada Milhares de pessoas ocuparam a Praça de Maio, em Buenos Aires, nesta quarta-feira (18), em uma grande manifestação em apoio à ex-presidenta argentina Cristina Fernández de Kirchner. A mobilização ocorre dois dias após a Justiça impor prisão domiciliar à ex-mandatária, em um contexto de crescente tensão institucional e denúncias de perseguição política. O protesto foi convocado por sindicatos das centrais CGT, CTA dos Trabalhadores e CTA Autônoma, além de movimentos populares de diversas províncias. A manifestação foi inicialmente planejada para ocorrer em frente ao tribunal de Comodoro Py, mas foi transferida para a Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, após a decisão judicial que restringiu a liberdade de Cristina. Desde as primeiras horas da manhã, militantes começaram a se reunir nas imediações do bairro Constitución, onde está localizada a residência da ex-presidenta. Ao longo do dia, a mobilização cresceu até tomar o centro da capital argentina. “Temos memória, e em momentos como este é preciso sair para defender Cristina e os direitos do povo”, disse Martín, estudante da região metropolitana de Buenos Aires, ao jornal El Tiempo Argentino. Oscar, aposentado e militante sindical, viajou de Quilmes para participar do ato. Para ele, a condenação tem motivação política: “Não é justiça, é uma vingança dos grupos econômicos. Tocaram em nossa líder, e o peronismo vai despertar”, afirmou ao Tiempo. “Vamos seguir nas ruas, com os dirigentes à frente, ou com a cabeça dos dirigentes. O povo inteiro está aqui para bancar Cristina.” Muitas pessoas viajaram longas distâncias até a capital. Maria, dona de casa de Corrientes, levou mais de 12 horas de ônibus para estar presente. “Ela fez muito pelo povo. Vim gritar bem alto que Cristina é inocente.” Já Maverick Márquez, ativista LGBT+ de Alvear, destacou os direitos conquistados durante os governos kirchneristas: “As trans não esquecem. Lutamos porque ela nos deu liberdade, futuro”. Durante o ato, também houve críticas ao governo de Javier Milei, acusado de estimular ações repressivas contra manifestações populares. Desde a semana passada, militantes mantêm vigília diante da casa de Cristina Kirchner, que governou a Argentina entre 2007 e 2015 e enfrenta processo por suposta corrupção em contratos de obras públicas. Sua defesa sustenta que o caso se trata de uma perseguição com motivação política. Sacada sob disputa judicial Enquanto a Praça de Maio era ocupada por milhares de pessoas, os advogados de Cristina Kirchner entraram com um pedido no Tribunal Oral Federal nº 2 para esclarecer se a ex-presidenta pode ou não sair à sacada de seu apartamento. A dúvida surgiu a partir das regras da prisão domiciliar, que impõem a ela a obrigação de “abster-se de adotar comportamentos que possam perturbar a tranquilidade do bairro”. A defesa argumenta que não há proibição expressa para que a ex-presidenta apareça na janela ou na sacada, e que impedir isso violaria garantias constitucionais. Cristina ainda não se manifestou publicamente desde que começou o cumprimento da medida, mas segundo seus advogados, poderá recorrer à Suprema Corte caso o pedido de esclarecimento não seja respondido rapidamente. O tema provocou debates entre magistrados e membros do Ministério Público. Parte dos juristas sustenta que não há base legal para restringir esse tipo de manifestação pública, enquanto outros alertam para os riscos de segurança e argumentam que o local não pode se transformar em ponto de aglomeração. A prisão domiciliar de Cristina, de 72 anos, foi concedida por sua idade, conforme prevê o Código Penal argentino. No entanto, a decisão gerou forte reação social. “Ela sempre esteve conosco, agora é nossa vez de estar com ela”, resumiu Juan Carlos, trabalhador de Buenos Aires. “Eles têm medo, porque sabem que o povo votaria nela. Ela não vai se render. E nós vamos voltar.”