PALESTINA SOB ATAQUE – Brasil apoia denúncia contra Israel por genocídio

Começam nesta quinta as audiências públicas sobre ação judicial impetrada pela África do Sul Lucas Estanislau e Julio Adamor O Brasil apoia a iniciativa da África do Sul de mover uma ação judicial contra Israel por crimes de genocídio contra o povo palestino junto à Corte Internacional de Justiça (CIJ). Foi o que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) informou nesta quarta-feira (10) ao embaixador da Palestina em Brasília, Ibrahim Alzeben, durante encontro em Brasília para discutir a situação dos palestinos na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. “À luz das flagrantes violações ao direito internacional humanitário, o presidente manifestou seu apoio à iniciativa da África do Sul de acionar a Corte Internacional de Justiça para que determine que Israel cesse imediatamente todos os atos e medidas que possam constituir genocídio ou crimes relacionados nos termos da Convenção para a Prevenção e Repressão do Crime de Genocídio”, informou o Itamaraty por meio de nota à imprensa. Em entrevista ao Brasil de Fato, o embaixador palestino elogiou o encontro e disse que o posicionamento do Brasil terá um peso importante na luta da comunidade palestina contra o massacre perpetrado por Israel. “A reunião com Lula foi muito boa. O presidente estava muito receptivo, assim como o chanceler Celso Amorim e todos os funcionários que estavam na reunião. Depositamos muita confiança na posição do Brasil, que é muito importante porque é alinhada ao direito internacional, e a causa palestina é uma causa de direitos internacional e humanitário”, declarou. “Eu acho que a posição brasileira é muito próxima à posição palestina, de que a paz é a única posição viável para este conflito”. Alzeben afirmou que o apoio do Brasil deve colocar “mais peso a essa iniciativa na CIJ”, uma vez que, na visão dele, trata-se de um país “muito importante na arena internacional e a palavra do Brasil tem muito peso”. “Lembramos com muita gratidão a posição do Brasil ao longo desses 76 anos de questão palestina, desde 1947”. Audiências começam nesta quinta Nesta quinta (11) e sexta-feira (12), a CIJ, o mais alto órgão judicial da ONU, realizará as primeiras audiências públicas para tratar do pedido de uma ação judicial de autoria da África do Sul, que acusa o Estado de Israel de cometer crimes de genocídio contra o povo palestino. Segundo o país denunciante, as ações perpetradas por Israel contra Gaza são de “natureza genocida”, pois “têm a intenção de provocar a destruição de uma parte substancial do grupo nacional, racial e étnico palestino”. O embaixador palestino afirmou que deposita muita esperança de que a CIJ vai tomar uma “decisão certa, que possa por fim a esse genocídio que Israel está cometendo na nossa terra há praticamente 96 dias consecutivos”, uma vez que os países membros da corte que “são comprometidos em combater a limpeza étnica e o genocídio”. No encontro em Brasília, Lula recordou ao embaixador que o Brasil condenou imediatamente os ataques do Hamas em 7 de outubro de 2023, que serviram de pretexto para o massacre perpetrado desde então por Israel. Reiterou, contudo, que “tais atos não justificam o uso indiscriminado, recorrente e desproporcional de força por Israel contra civis”, segundo a nota. O presidente ressaltou que falou pessoalmente com vários chefes de Estado e de governo em prol do cessar fogo, da libertação dos reféns em poder do Hamas e da criação de corredores humanitários para a proteção dos civis, além da atuação do Brasil no exercício da presidência do Conselho de Segurança da ONU na busca de uma saída diplomática para o conflito.

Trump, Clinton e Príncipe Andrew: nomes da lista de Epstein são revelados

Registros de voo de avião usado em esquema de tráfico de crianças jogam suspeita em figurões da política Uma nova lista de documentos revelada pela Justiça dos EUA mostra que dois ex-presidentes do país viajaram em diversas ocasiões com o bilionário pedófilo Jeffrey Epstein no ‘Lolita Express’. O ‘Lolita Express’ era o avião usado por Epstein e por sua mulher, Ghislaine Maxwell, para traficar menores de idade – muitas vezes abaixo dos 13 anos de idade – para prática de pedofilia. Entre os amigos de Epstein localizados no processo como viajantes do Lolita Express estão John Doe 36, também conhecido como Bill Clinton, e Donald Trump. Clinton nega ter ido às ilhas de Epstein, mas uma das vítimas de tráfico humano afirma que o ex-presidente dos EUA esteve no local e a conheceu lá. Trump sempre foi muito próximo de Epstein e Maxwell, e chegou a visitá-los em pelo menos sete ocasiões entre 1993 e 1997, segundo os logs de viagem. Epstein foi preso, mas se matou na cadeia em 2019, antes que fizesse um acordo para revelar as práticas em sua ilha particular localizada nas Ilhas Virgens dos EUA. Entre 20 e 100 mulheres menores de idade foram traficadas para as ilhas de Epstein, onde acabam vivendo como escravas sexuais do bilionário e de seus colegas. Uma delas acusa o príncipe Andrew, da família real britânica, de ter sido um dos que se beneficiaram do esquema. De acordo com a imprensa local, o nome de Trump e Clinton nos logs de viagem não implicam o envolvimento dos ex-presidentes com os crimes de Epstein. Ron DeSantis, candidato republicano que desafia Trump na campanha presidencial, já está acusando seu colega de partido de envolvimento no esquema de pedofilia.

Reciprocidade: Brasil volta a exigir visto de turistas dos EUA, Canadá e Austrália

Medida acaba com vassalagem diplomática de Bolsonaro, que liberou a entrada dos turistas dos três países preparando campanha para indicar Eduardo Bolsonaro para embaixador nos EUA. A partir da próxima quarta-feira, dia 10 de janeiro, o Brasil passará a exigir novamente visto de turistas provenientes dos EUA, Canadá e Austrália para a entrada no país. O prazo foi estipulado pelo governo Lula em 1º de outubro, mas adiado para passar a valer apenas em 2024 e, dessa forma, não prejudicar turistas já programados para viajarem ao Brasil. De acordo com comunicado do Ministério do Turismo, a medida leva em consideração a data de chegada ao solo brasileiro. Dessa forma, os turistas desses três países que chegarem ao Brasil até 9 de janeiro estão dispensados da obrigatoriedade de apresentar o visto A medida coloca fim à vassalagem diplomática adotada por Jair Bolsonaro (PL) principalmente em relação aos EUA. Em 18 de março de 2019, Bolsonaro baixou o decreto liberando a entrada dos turistas dos três países no Brasil sem a necessidade de visto. A medida foi duramente criticada por não seguir o preceito básico da reciprocidade diplomática – quando dois ou mais países adotam a mesma medida em relação ao outro. Bolsonaro assinou o decreto dois dias após Eduardo Bolsonaro (PL-SP) atacar imigrantes brasileiros que chegaram de forma ilegal aos EUA durante palestra em Washington. Então presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo era sondado pelo pai para assumir o posto de embaixador brasileiro nos EUA sem nunca ter exercido uma função diplomática. Na palestra, o filho de Jair Bolsonaro disse que os EUA não deveriam isentar cidadãos brasileiros de visto para entrar no país, mesmo com o decreto do pai já no forno. “Quantos americanos vão vir morar ilegalmente no Brasil, aproveitar essa brecha para entrar aqui como turista e passar a viver ilegalmente? Agora vamos fazer a pergunta contrária: se os EUA permitirem que o brasileiro entre lá sem visto, quantos brasileiros vão para os Estados Unidos se passando por turistas e vão passar a viver ilegalmente aqui? (…) Um brasileiro ilegalmente fora do país é problema do Brasil, isso é vergonha nossa, para a gente”, disparou à época Eduaro Bolsonaro, que teve a aventura de se tornar embaixador nos EUA frustrada por pressão do próprio Itamaraty.

Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) em Londres foi gravada secretamente enquanto tentava realizar um exorcismo em um adolescente de 16 anos, visando expulsar supostos espíritos malignos. Um pastor da igreja evangélica foi observado proferindo o que pareciam ser as chamadas “orações fortes” na tentativa de libertar o jovem de uma influência demoníaca. O programa BBC Panorama também divulgou o testemunho de um ex-membro gay, que afirmou ter recebido “orações fortes” aos 13 anos na tentativa de modificar sua orientação sexual. A IURD afirma que menores de 18 anos não devem participar de cerimônias de “orações fortes” e que não pratica terapia de conversão. A investigação do veículo britânico revelou que a igreja sugere a suas congregações que pode resolver problemas de saúde mental por meio da expulsão de espíritos malignos. O líder da Universal no Reino Unido classifica a epilepsia como um “problema espiritual”. A igreja possui filiais em todo o mundo, incluindo 35 no Reino Unido, onde está registrada como uma entidade sem fins lucrativos. A igreja, de origem brasileira, alega ter mais de 10.000 membros em todo o país, identificando-se como uma igreja cristã pentecostal. A prática de “orações fortes” para expulsar espíritos malignos não é única dela, sendo comum em algumas tradições cristãs, muitas vezes chamadas de libertação ou exorcismo. No entanto, na organização de Edir Macedo não utiliza o termo “exorcismo”. Após uma investigação anterior relacionada ao assassinato de Victoria Climbie em 2000, a instituição introduziu uma política de salvaguarda, comprometendo-se a não realizar “orações fortes” em menores de 18 anos, nem na presença deles. O BBC Panorama, por meio de filmagens secretas, documentou um culto de jovens em Brixton, no sul de Londres, onde um pastor foi filmado realizando “orações fortes” em um jovem de 16 anos. A igreja respondeu à acusação afirmando que as “orações fortes” são conduzidas em serviços específicos de libertação e que menores de 19 anos não são permitidos nessas cerimônias. A igreja negou veementemente violar sua política de salvaguarda. Ex-membros entrevistados pela BBC compartilharam experiências perturbadoras, alegando terem sido submetidos a “orações fortes” contra a política de salvaguarda da Universal. Alguns relataram dificuldades ao tentar deixar a igreja, citando ameaças e pressões emocionais. A dona da Record negou a prática de terapias de conversão e afirmou que “orações fortes” não são realizadas com base em questões de sexualidade ou identidade de gênero, acolhendo pessoas de todas as orientações sexuais. Em um culto gravado secretamente, seu líder no Reino Unido, Bispo James Marques, associou problemas de saúde mental a espíritos malignos, chamando a depressão de um “problema espiritual”. A igreja enfatizou que “orações fortes” não substituem ajuda médica e que as alegações de intimidação não têm fundamento. Contudo, vários ex-membros afirmaram que não retornariam à igreja.

Em decisão histórica, Vaticano autoriza padres a abençoar casais do mesmo sexo

Igreja Católica diz que autorização ‘não muda doutrina sobre casamento’, e padres podem se negar a fazer rito. Decisão visa a “acolher a todos”. Em uma decisão histórica, o Vaticano aprovou que padres católicos possam administrar bênçãos a casais do mesmo sexo. O documento, aprovado pelo Papa Francisco nesta segunda-feira (18), estabelece que tais bênçãos não podem fazer parte de rituais regulares da Igreja, nem serem concedidas em contextos relacionados a uniões civis ou casamentos. O texto, originado do escritório doutrinário do Vaticano, enfatiza que essas bênçãos não legitimam situações irregulares, mas representam um sinal de que Deus acolhe a todos. O Papa Francisco, conhecido por suas posições mais progressistas, respaldou a possibilidade de bênçãos para casais em situações consideradas irregulares e para casais do mesmo sexo. Contudo, o documento destaca que essas bênçãos não devem ser concedidas simultaneamente a cerimônias de união civil, evitando qualquer confusão com o sacramento do casamento. Os padres têm a autonomia de decidir caso a caso, sendo orientados a não impedir a proximidade da Igreja às pessoas em busca de ajuda divina através de uma simples bênção. A base para essa decisão foi uma carta enviada por Francisco a dois cardeais conservadores, publicada em outubro. Na ocasião, o Papa sugeriu que bênçãos a casais do mesmo sexo poderiam ser oferecidas em algumas circunstâncias específicas, desde que não fossem confundidas com rituais de casamento. O novo documento reitera a visão de que o casamento é um sacramento vitalício entre um homem e uma mulher, enfatizando que as bênçãos não devem ocorrer simultaneamente a uniões civis ou assemelhar-se a casamentos. No entanto, destaca que os pedidos de bênçãos não devem ser negados, oferecendo uma definição extensa do termo “bênção” nas Escrituras. O Vaticano continua a considerar a união entre casais do mesmo sexo como “irregular”, mantendo sua doutrina. A decisão, no entanto, é vista como um sinal de abertura e acolhimento, contrariando a posição anterior da Congregação para a Doutrina da Fé do Vaticano, que, em 2021, afirmou que a Igreja não poderia abençoar tais uniões, argumentando que “Deus não pode abençoar o pecado”. O Papa Francisco tem sido uma voz mais inclusiva dentro da Igreja, criticando leis que criminalizam a homossexualidade e defendendo a aceitação de pessoas LGBTQ na comunidade católica. A decisão, embora represente um avanço, também é observada com cautela por grupos de homossexuais católicos, que há anos cobram mais mudanças dentro da instituição. O debate sobre as posições da Igreja Católica em relação à diversidade sexual continua a ecoar, mesmo diante dessas alterações significativas.

Rússia e China deixam dólar de lado em negociações

Dados mostram que uso do rublo e do yuan nas negociações já chegou a 95%; em 10 meses, 68% do comércio russo usou duas moedas Do Brasil de Fato Desdolarização: 95% do comércio entre China e Rússia já não passa pela moeda estadunidense Por Mauro Ramos Em recente visita à China, o primeiro vice-primeiro-ministro russo, Andrei Belousov, afirmou que esse ano o uso do rublo russo e do yuan chinês no comércio entre os dois países já atingiu 95%. Ao mesmo tempo, de janeiro a outubro, 68% de todo o comércio russo foi feito nas moedas dos dois países, segundo o ministro russo do Desenvolvimento Econômico, Maksim Reshetnikov. O yuan vem sendo utilizado pela Rússia nas transações comerciais também com a Mongólia, Filipinas, Malásia, Emirados Árabes Unidos, Tailândia, Japão, Tajiquistão e Singapura. O debate sobre a necessidade de desdolarização das economias do Sul Global não é recente, mas 2023 entrará para a história como o ano em que esse processo se acelerou. Histórico das sanções A Rússia já soma mais de 17 mil sanções desde o início da chamada Operação Militar Especial na região leste da Ucrânia em fevereiro de 2022, segundo informações divulgadas recentemente pelo ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov. O mapa do Norte Global é praticamente o dos países que têm sancionado a Rússia: Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, União Europeia (e os candidatos para entrar no bloco), Suíça, Coreia do Sul, Austrália e Japão, e algumas exceções como Cingapura. As sanções atingiram níveis históricos nessa nova leva. Segundo o próprio presidente dos EUA Joe Biden, elas foram projetadas para ter impacto de longo prazo na Rússia e que “superam tudo o que já fizemos”. A primeira leva de sanções foi imposta em 2014, a partir da crise na Ucrânia que levou a um golpe de Estado contra o presidente Viktor Yanukovych, e que contou com o envolvimento dos Estados Unidos. As medidas contra a Rússia começaram a ser implementadas quando o país decidiu se reunificar com a Crimeia, cujos habitantes se negaram a reconhecer o novo governo resultante do golpe. “De 2014 a 2022, a Rússia prosseguiu simultaneamente a desdolarização e a euroização. Durante este período, a União Europeia se tornou o principal parceiro comercial da Rússia, levando a uma mudança na principal moeda de transação do dólar americano para o euro”, explica Xu Poling, o diretor do Departamento de Economia Russa da Academia Chinesa de Ciências Sociais. Com a União Europeia intensificando as sanções em 2022, proibindo qualquer transação com o Banco Central russo, assim como a venda, fornecimento, transferência e exportação de notas denominadas em euros para a Rússia, mais da metade das reservas russas foram capturadas, o que equivale a cerca de 300 bilhões de dólares. O Ocidente inclusive começou a discutir abertamente o roubo definitivo desse montante. Em seu relatório de 2022, o Banco Central da Rússia afirmou que “após a promulgação das sanções por Estados hostis, as suas moedas tornaram-se ‘tóxicas’ para os agentes económicos russos”. “Um aumento nos acordos com países amigos nas moedas nacionais tornou-se crítico para garantir e desenvolver o comércio exterior”, concluiu o informe da instituição. Segundo Xu Poling, de 2022 até agora o comércio entre Rússia e Europa teve uma queda de 70% e da Rússia com a Ásia um aumento de 70%. As importações da Ásia, especialmente da China continental e de Hong Kong, constituem agora 40% do total das importações russas. Aproximadamente 60% do fundo soberano da Rússia está em ativos em RMB, e 40% das suas reservas cambiais também são ativos em RMB. A participação da Rússia nas importações da União Europeia, até setembro deste ano, caiu para 2%, segundo o Eurostat, o serviço de estatística do bloco. Em fevereiro de 2022, a cifra era quase cinco vezes maior, 9,5%. efeito bumerangue das sanções “A primeira vez que ouvi um debate sério sobre desdolarização, sobre a necessidade de colocá-la em um nível muito alto de importância geopolítica foi em 2014. Alguns altos funcionários na China descreveram a desdolarização como uma das lições geopolíticas mais importantes, principalmente por conta do Irã”, conta Zhang Xin, vice-diretor do Centro de Estudos da Rússia da Universidade Normal do Leste da China (UNLC), Após as sanções à Rússia, continua Xin, muitos países em desenvolvimento ficaram preocupados com que os seus próprios ativos e sua estabilidade financeira começassem a ficar sujeitos a esta utilização excessiva do dólar como arma financeira geopolítica. No final do ano passado, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), sob a liderança da Arábia Saudita, decidiu realizar o maior corte na oferta desde 2020, em cerca de 2 milhões de barris. O governo Biden ameaçou a Arábia Saudita pela decisão, afirmando que haveria “consequências” para o país. A Índia usou rúpias, pela primeira vez na história, para comprar um milhão de barris de petróleo dos Emirados Árabes Unidos, em agosto deste ano. Tanto sauditas como emiradenses passarão a fazer parte do BRICS+ em janeiro de 2024. Em novembro, a Comissão Europeia apresentou o décimo segundo pacote de sanções contra a Rússia e espera que seus países membros o aprovem em meados de dezembro. A agência russa Ria Novosti, com base em dados do Eurostat, mostrou recentemente que desde fevereiro de 2022 até setembro deste ano, a União Europeia passou a pagar, em média, o dobro do que pagava antes pelo gás natural liquefeito dos EUA. Segundo o cálculo, o bloco teria pago mais de 52 bilhões de euros a mais pelo combustível, em comparação com o preço que os EUA cobravam em 2021. Recorde comercial China-Rússia em 2023 O comércio entre Rússia e China acaba de bater o recorde de mais de 200 bilhões de dólares, antecipando uma meta que havia sido estipulada para ser atingida em 2024. A cifra de janeiro a novembro foi superior ao equivalente a 218 bilhões de dólares, o que representa um aumento de 26,7% em comparação com o mesmo período de 2022. O resultado anual ainda deve superar o objetivo de US$ 220 bi previsto pela

Irfaan Ali e Nicolás Maduro – Presidentes da Guiana e Venezuela prometem diálogo

Encontro entre Irfaan Ali e Nicolás Maduro sobre a contenda por Essequibo aconteceu em São Vicente e Granadinas com delegação brasileira como observadora O conflito gerado pela manifestação da Venezuela em incorporar o território de Essequibo, pertencente à Guiana, teve um avanço pelo diálogo nesta quinta-feira (14). Após um referendo e insinuações de que poderia ocupar o local, que faz fronteira com o Norte do Brasil, o presidente venezuelano Nicolás Maduro e o presidente da Guiana, Irfaan Ali, se encontraram em São Vicente e Granadinas para debater a situação. A reunião simboliza um avanço na tentativa de conter os ânimos sobre a disputa. O encontro foi encerrado com um aperto de mão entre os dois líderes. Segundo Ali, em palavras para a imprensa, a área de 160 mil quilômetros reivindicada por Caracas é soberana de seus país, que tem o direito de explorá-la como bem entender. A indicação é feita pois Maduro tem interesse de criar o estado venezuelano da “Guiana Essequiba” com vias de explorar o petróleo da região, principalmente o encontrado no mar territorial. Images from the ongoing CARICOM/CELAC/Brazil-brokered meeting in St Vincent and the Grenadines. pic.twitter.com/MVb3qsR90G — President Dr Irfaan Ali (@presidentaligy) December 14, 2023 Por parte da Venezuela o entendimento foi que a posição segue inalterada, ainda que em publicação nas redes sociais do governo tenha se falado na continuidade do diálogo “a fim de resolver a controvérsia”. #LaFoto ???? | Estrechón de manos sella disposición de Venezuela y Guyana para continuar con el diálogo, en función de dirimir la controversia en relación al territorio Esequibo. pic.twitter.com/zIuAj3rKBG — Prensa Presidencial (@PresidencialVen) December 14, 2023 Nesta quinta pela manhã, Maduro compartilhou em suas redes pessoais uma edição de um semanário digital, chamado Cuatro F, em que é destacado o mapa da Venezuela com o território de Essequibo incorporado. A publicação tem texto que cita o encontro com Irfaan Ali como grande conquista, ainda que contenha críticas à ExxonMobil que explora o petróleo na Guiana. As matérias acusam a empresa dos Estados Unidos de adotar um modelo sem responsabilidade ambiental. No mesmo documento, Maduro relata que conversou com o presidente Lula, que o chamou para escutar o que tinha a dizer. Neste trecho, o venezuelano diz que foi uma conversa amistosa e que Lula é um líder respeitoso, de uma potência mundial, que é o Brasil. Dessa conversa, o brasileiro se comprometeu em manter diálogo direto para resolver a questão, que Maduro disse buscar uma resolução por vias diplomáticas e pacíficas. Encontro Os dois presidentes foram instados a se encontrar por meio da Celac (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos Caribe), Caricom (Comunidade do Caribe) e pela diplomacia brasileira. O assessor especial da presidência, o diplomata Celso Amorim, acompanhou o encontro. A posição do Brasil tem sido pela defesa do diálogo e contrária a ações que agravem o conflito. Declaração Ainda na noite de quinta, às 22h30 do horário de Brasília, o presidente Nicolás Maduro publicou em seu perfil pessoal uma declaração conjunta aprovada pelos presentes. Em um dos pontos da declaração é dito que Guiana e Venezuela acordaram em não se ameaçar e não utilizar a força em nenhuma circunstância.

Eleição elege Donald Tusk e encerra 8 anos de extrema-direita na Polônia

Tusk volta ao poder disposto buscando uma reaproximação com a União Europeia, após longo período de confronto entre Varsóvia e Bruxelas A Polônia encerrou nesta quarta (13) oito anos do governo ultranacionalista e de extrema-direita do partido Lei e Justiça (PiS). O parlamento elegeu Donald Tusk, ex-primeiro ministro do país de 2007 a 2014 e ex-presidente do Conselho Europeu, de 2014 a 2019. Em um discurso no Parlamento, Tusk prometeu, nesta terça (13), garantir bilhões de euros para a Polônia que foram congelados pela UE devido a preocupações com o estado de direito. Durante os oito anos de governo PiS, a Polônia enquadrou a Justiça ao implantar um programa de reformas batizadas de “Lei da Focinheira”, que abria a possibilidade de demitir juízes que questionarem a reforma ou outros atos do partido do governo anterior. A lei também aumenta o controle do governo sobre a escolha do próximo presidente da Suprema Corte da Polônia. “A fidelidade às disposições da constituição será a marca registrada do nosso governo”, disse Tusk, acrescentando que acredita que o desejo dos eleitores de ver o estado de direito restabelecido estava por trás do comparecimento recorde às eleições de 15 de outubro. O PiS ficou em primeiro lugar nas eleições, mas não tinha a maioria necessária para formar um governo, abrindo caminho para Tusk formar um governo que obteve a aprovação do Parlamento na terça. Agora, Tusk terá duas semanas para fazer um discurso de abertura no parlamento, que então considerará a aprovação de um voto de confiança ou não nele. Se Tusk também receber um voto de censura, o presidente polaco terá o direito de escolher ele próprio um novo candidato a primeiro-ministro. Tusk prometeu harmonizar as relações com Bruxelas, desbloqueando bilhões de euros em fundos destinados à Polônia, retidos devido a preocupações com o Estado de direito. Nas eleições parlamentares realizadas em outubro, o partido PiS, que até recentemente governava a Polônia, conquistou 194 assentos no Sejm, de 460 membros, e reivindicou a vitória. Os partidos da oposição, por outro lado, conquistaram mais de 50% dos assentos combinados e fizeram um acordo de coligação, selecionando Tusk como seu candidato. Apenas metade dos polacos acredita que um governo liderado por Donald Tusk poderia sobreviver a todo o mandato de quatro anos, revelou no último dia 16 um levantamento realizado pelo centro de investigação UCE da Polônia.

Redução de sanções dos EUA à Venezuela abre caminho para acordos

Brasil e Colômbia já sinalizaram com a possibilidade de negócios. Nesta quinta, Maduro pediu a Biden a suspensão definitiva das sanções Novas possibilidades podem se abrir nas relações comerciais com a Venezuela, após os Estados Unidos reduzirem suas sanções ao petróleo, gás e ouro do país. Brasil e Colômbia, por exemplo, já demonstraram ter interesse em acordos com o vizinho. No caso do Brasil, recentemente o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates fez uma sinalização neste sentido. À Agência EPBR, Prates declarou que esse novo cenário o inspira a pensar “seriamente em considerar investimentos na Venezuela”. E completou: “não tem nada a ver com questões ideológicas ou políticas que possam haver entre os países, entre os dirigentes etc. A Venezuela é a maior reserva de petróleo do mundo. Maior que a da Arábia Saudita. Às vezes as pessoas ou não sabem ou até esquecem disso. E eles estão muito necessitados de investimentos lá.” Prates disse, ainda, que apesar da flexibilização do bloqueio ter duração de seis meses podendo ser renovado “é um processo muito importante e eu posso assegurar que o Brasil, com o papel de liderança do presidente Lula na América Latina, será um protagonista nas discussões”. No final de outubro, o governo dos EUA anunciou a suspensão temporária das sanções ao petróleo, gás e ouro venezuelanos. E, nesta quinta-feira (30), o presidente Nicolás Maduro pediu a Joe Biden que as sanções sejam permanentemente suspensas. O presidente venezuelano também defendeu “uma nova era de relações respeitosas e colaborativas do mais alto nível” entre as duas nações. Em outubro — quando estava sendo costurado o acordo sobre as eleições na Venezuela, que levaram à suspensão das restrições pelos EUA — os presidentes Lula e Maduro conversaram, entre outras coisas, sobre a possibilidade de acelerar a negociação de um Acordo de Cooperação e Facilitação de Investimentos entre os países. Segundo o governo brasileiro, isso representaria “uma alternativa inovadora aos tradicionais acordos bilaterais de investimentos”. Outro país que recentemente demonstrou interesse em acordos no setor energético e de gás com a Venezuela foi a Colômbia. Há poucos dias, os presidentes Gustavo Petro e Maduro se reuniram para tratar do assunto, que envolve a Empresa Colombiana de Petróleo (Ecopetrol) e a Petróleos de Venezuela S.A (PDVSA). “Construiremos projetos de energia limpas, que podem ser abundantes no norte da Colômbia, para transmitir energia elétrica ao Ocidente da Venezuela e traremos da Venezuela energias que ainda subsistem, para tentar suprir os déficits que existem na Colômbia”, disse Pedro após o encontro. “É muito provável que a Ecopetrol se torne sócia da PDVSA na exploração de campos de gás na Venezuela e de campos de petróleo. Assim vamos assegurar, em ambas vias, energia elétrica à Venezuela e matérias-primas fósseis à Colômbia”, completou. Com agências

RETROCESSO – Extrema direita também vence eleição na Holanda

Três dias após a vitória de Javier Milei na Argentina, a extrema direita obteve sucesso também na Holanda. O Partido pela Liberdade (PVV, na sigla em holandês), foi o mais votado nas eleições legislativas nacionais e deverá conquistar 37 assentos na Casa, o que significa mais que o dobro da presença atual e lhe dará ampla vantagem em relação à aliança de esquerda e ao bloco de centro-direita, que devem ter 25 e 24 assentos, respectivamente. Via Brasil de Fato O resultado abalou a política local e pode provocar reflexos em toda a Europa, que aguarda a formação do novo governo para medir os impactos da votação além das fronteiras holandesas, e na vida dos migrantes. Após 25 anos de atuação no Parlamento, a extrema direita ganha agora o direito de governar o país. “O PVV não pode mais ser ignorado”, disse o líder do partido, Geert Wilders, após a votação. “Nós governaremos”. Mas para fazê-lo, ele precisa negociar com outros partidos a formação de uma coligação que tenha maioria parlamentar, ou seja, 76 de 150 assentos. Líderes dos três principais partidos declararam que não formariam parte de uma coalizão com o PVV. Apenas o Novo Contrato Social, legenda que deve obter 20 assentos, sinalizou estar “disponível”, mas seu líder, Pieter Omtzigt, antecipou que a negociação “não será fácil”. O PVV, conhecido por posições anti-Islã e anti-União Europeia, fez campanha utilizando a bandeira anti-imigração. “Os holandeses esperam recuperar seu país e garantir que o tsunami de solicitantes de asilo e imigração se reduza”, afirmou Wilders, que critica o que chama de “invasão islâmica” no Ocidente. O líder já propôs a detenção e deportação de imigrantes ilegais e a devolução de solicitantes de asilo oriundos da Síria, além da censura ao Alcorão e de cobrar impostos sobre os véus que mulheres muçulmanas usam para cobrir a cabeça. Teve desentendimentos com a Justiça, que o considerou culpado de insultar marroquinos, aos quais chamou de “escória”, e recebeu ameaças de morte, pelas quais vive sob proteção policial desde 2004. Mas durante a campanha, tentou suavizar sua imagem para cativar parcela maior do eleitorado e declarou que seria um primeiro-ministro “para todos”. O atual premiê, no poder há 13 anos, é o conservador Mark Rutte, do Partido Popular pela Liberdade e Democracia (VVD), um historiador e professor que, em julho último, anunciou que não tentaria a reeleição e deixaria a política assim que o próximo governo tomasse posse, numa reviravolta política impensável até então. Considerado líder confiável dentro da União Europeia, Rutte ajudou a construir um lugar de destaque para a Holanda no bloco, ao promover uma agenda econômica baseada no livre comércio e em regras comuns. Mas não conseguiu apresentar uma política migratória que pacificasse o país, o que provocou o colapso de seu gabinete. No fragmentado cenário político holandês, a formação do novo governo poderá levar meses. Para a formação do último governo, foram necessários nove meses. Assim, migração e outras questões importantes, como metas climáticas e agricultura, deverão ficar em compasso de espera até 2024. “Nexit” O Partido pela Liberdade segue uma linha de política externa de “Holanda em primeiro lugar” e não gosta da integração europeia. “A Holanda será mais dura e mais conservadora na Europa, inclusive em matéria de orçamentos e migração”, disse Simon Otjes, professor assistente de política holandesa na Universidade de Leiden, em entrevista ao The New York Times. No programa do partido, figura um referendo sobre o “Nexit”, a saída da Holanda (Netherlands, em inglês) da União Europeia, na linha do Brexit, que foi aprovando em plebiscito pela população britânica. A vitória de Wilders ocorre na esteira de avanços de partidos de extrema direita em outros países do norte europeu, como Suécia, onde o governo depende dos votos parlamentares de um partido com raízes neonazistas, e a Finlândia. Pouco depois do resultado da boca de urna ser anunciado na Holanda, o primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán comemorou os “ventos de mudança” na Holanda. A Holanda é, por enquanto, um dos principais contestadores das ideias ultranacionalistas e xenófobas de Orbán — que no ano passado, num discurso, afirmou: “[Nós húngaros] estamos dispostos a nos misturar, mas não queremos nos tornar pessoas mestiças”.